terça-feira, 6 de janeiro de 2015

A conquista do mundo das ilusões (Maya) pela meditação, na visão do grande yogue Swami Sivananda

Onde está a ilusão? Consigo ver? Como ela chega até mim? Ou sou eu que crio? O que faço com ela? Perguntas respondidas diversas vezes nos mais de 200 livros escritos pelo célebre yogue indiano Sri Swami Sivananda (1887-1953), como no trecho abaixo, com respostas sobre como podemos finalmente nos libertar das ilusões e do sofrimento (através da meditação). Não é uma explicação detalhada ou extensa, mas cada frase tem grande concentração de definições e direção, como por exemplo “são as ações da mente que são verdadeiramente denominadas Karmas“. Assim, há outras frases que precisam de reflexão, e idealmente a leitura da obra completa, embora seja difícil reproduzir textos e livros inteiros de alguns autores aqui – para quem quiser, o texto completo que traz os trechos abaixo está  em (“Mind, Its Misteries and Control“, The Divine Life Society Publication, 1998), em inglês.
Apenas um cuidado especial neste trecho com a expressão “a destruição da mente“, pois alguém pode acabar tomando isso por alguma destruição física, um auto-flagelo ou algo assim (já aconteceu isso num post que usava uma expressão muito parecida). A destruição da mente nesse trecho segue o sentido de uma expressão mais à frente neste mesmo texto: “o destronamento da mente“. É praticamente o mesmo sentido do Bhavagad Gita, quando a mente senta para o controle da charrete ser feito pela consciência. Se houver qualquer dúvida, a coisa certa a se fazer é ler o livro completo.
Os trechos abaixo fazem parte dos capítulos “A Indispensabilidade da Meditação para a Percepção Real de Deus” (Indispensability Of Meditation For God-Realisation), “Condições para a Percepção Real de Si Mesmo” (Conditions for Self-Realization) e “Como Destruir a Inveja” (How To Destroy Jealousy), do compêndio “O Que é Meditação” (What is Meditation), não disponível em português (a tradução abaixo foi feita por este que escreve).

“Todas as coisas visíveis são Maya. Maya desaparece através da sabedoria (Jnana), ou da meditação no Espírito (Atma). Deveríamos trabalhar para nos livrarmos de Maya. Maya nos atinge através da mente. A destruição da mente significa a aniquilação de Maya. A meditação profunda e repetida é a única maneira de conquistar Maya. O Senhor Buda, o Raja Bhartrihari, Dattatreya  e o Akhow de Gujarat – todos conquistaram Maya e a mente somente pela meditação profunda. Entre no silêncio. Medite. Medite. Solidão e intensa meditação são dois requisitos importantes para a auto-realização.

(…) São as ações da mente que são verdadeiramente denominadas Karmas. Assim que a pernambulação e distração da mente se vai, você terá uma boa meditação. A verdadeira liberação resultado no desentronamento da mente. Aqueles que libertaram a si mesmos das flutuações de suas mentes ganham a posse do Nishtha supremo (meditação). A mente deveria ser limpa de todas as suas impurezas, então ela se torna muito calma e todas as ilusões que aparecem nos nascimentos e mortes são destruídas.

(…) Se você colocar um grande espelho em frente a um cachorro e colocar um pedaço de pão na frente, o cachorro começará a latir ao olhar seu reflexo no espelho. Ele imagina tolamente que há um outro cachorro. Da mesma forma, o homem vê apenas seu próprio reflexo, através da mente-espelho, em todas as pessoas, mas imagina tolamente, como o cachorro, que são todos diferentes dele e luta contra o ódio e a inveja”.

~ Swami Sivananda, em “What Is Meditation?”

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