terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Tempestades, Enchentes, Secas e Tempestades de Novo - nossa triste rotina!



Nem mesmo todo o desenvolvimento moderno evita que as cidades sofram com os impactos dos desastres naturais, em especial, os causados pelos eventos extremos do clima.

Esses eventos estão se tornando comuns e o tema “Mudanças Climáticas” começa a ser inserido no cotidiano da população e na agenda dos formuladores de políticas públicas. Atualmente, à atenção dos especialistas está centrada em minimizar os impactos causados pelos eventos extremos, em especial nos centros urbanos.

Há poucas semanas o tufão Haiyan devastou as Filipinas, deixando milhares de mortos e alguns milhões de desabrigados. Até o momento, muitas localidades estão sob regime de corte marcial, para se evitar os saques e roubos.

O relatório apresentado pela Internal Displacement Monitoring Centre – IDMC (Centro de Monitoramento de Deslocamentos Internos), entidade vinculada ao Conselho de Refugiados da Noruega, informa que durante o ano de 2012, aproximadamente 32,4 milhões de pessoas, em todo o mundo, foram forçadas a deixar suas casas e cidades devido aos desastres naturais como enchentes, ondas de calor, nevascas, tempestades e terremotos (98% relacionados ao clima).

O Brasil deve ter contribuído, significativamente, para que se chegasse a este número de refugiados do clima. Afinal, ano após ano, crescem os casos de secas, enchentes, deslizamentos de morros e encostas, em todos os Estados da Federação.

Quando voltamos nossos olhos para o Espírito Santo, percebemos que nossa realidade pouco difere da brasileira. Para exemplificar, lembramo-nos das enchentes e deslizamentos que ocorreram em Vitória e Vila Velha, neste ano de 2013. Ainda, em maio, um vendaval lembrou as tempestades de areia que acontecem nos desertos.

E agora, nós capixabas estamos vivendo a maior provação dos últimos tempos – enchentes, deslizamentos, rompimentos de barragens, cidades sitiadas, pessoas mortas e milhares de desabrigados.


A boa vontade e a garra do povo capixaba estão a prova. Em poucos dias toneladas de doações de mantimentos, roupas e colchões foram entregues na Praça do Papa, em Vitória, para serem entregues aos desabrigados.


Centenas de bombeiros, de profissionais da Defesa Civil e até o exercito estão espalhados por todo o Estado, para minimizar o sofrimento das vítimas. Este é só o início do monumental esforço de reconstrução de nosso Espírito Santo.


Este 2014 começa com muita luta e agora, mais do que nunca, os dizeres de nossa bandeira será o nosso norte maior:

Trabalhar e Confia – entremeado com um tanto de orações por nossos amigos e conterrâneos.

Walter Batista Júnior
Eng. Agrônomo

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

A meditação do amor altruísta .


Matthieu Ricard
Para cultivar o amor altruísta, primeiro devemos nos tornar plenamente conscientes do nosso próprio desejo de nos livrarmos do sofrimento e de experimentarmos bem-estar. Este passo é especialmente importante para aqueles que têm uma imagem negativa de si mesmos ou para aqueles que sofreram tanto que sentem que a felicidade não foi feita para eles. Devemos gerar assim uma atitude acolhedora, tolerante e benevolente com relação a nós mesmos e nos dispor a conseguir o que é verdadeiramente bom para nós mesmos.


Uma vez que tenhamos reconhecido essa aspiração, temos de reconhecer também que ela é compartilhada por todos os seres. Devemos reconhecer nossa humanidade comum e tomar consciência de nossa interdependência.

Vamos primeiro focar a nossa meditação em um ente querido.
É mais fácil começar a treinar o amor altruísta pensando em alguém que seja muito querido para nós. Podemos imaginar uma criança vindo em nossa direção, sorrindo, plena de inocência. Em seguida, deixe fluir em direção a ela o amor, carinho e afeto incondicionais, desejando-lhe todo o bem que possa existir: “que você possa estar em segurança, ser saudável e prosperar na vida.” Vamos nutrir este amor e deixá-lo preencher nossa paisagem mental.
 
Estenda a sua meditação
Em seguida, estenda esse amor benevolente para além de seus entes queridos, para pessoas que ainda não conhece. Elas também desejam ser felizes, mesmo que, como nós, elas frequentemente se confundam sobre as maneiras de escapar do sofrimento. Finalmente, estenda sua benevolência àqueles que cometeram injustiças e  àqueles que prejudicaram outros. Isso não significa que nós queremos que eles obtenham sucesso em seus esforços maldosos. Pelo contrário, desejamos profundamente que o ódio, a crueldade, a ganância ou a indiferença que habita sua mente possam diminuir. Olhe para eles como um médico que trata alguém com uma grave doença mental.

Finalmente, envolva todos os seres sencientes, humanos e animais, nesse amor sem limites.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Os combustíveis fósseis e as energias alternativas

O que são combustíveis fósseis: 
Os combustíveis fósseis são compostos por hidrocarbonetos e são  usados por exemplo como combustível.
 
São alguns exemplos de combustíveis fósseis o carvão, o petróleo e  o gás natural. Do petróleo, obtêm-se gasolina, gasóleo e outros combustíveis, mas também matéria – prima para plásticos, fibras sintéticos, alcatrão e borrachas sintéticas. Por ser um produto com tantas aplicações é um desperdiço queima-lo.   
A origem dos combustíveis fósseis mais aceitável afirma que os combustíveis fósseis foram produzidos através da fossilização de animais e plantas.
 
Quais os problemas que estão associados à utilização exaustiva dos combustíveis fósseis: 

Um grande problema associado aos combustíveis fósseis é o facto de serem finitos, o que faz com que a dependência energética destes combustíveis seja um problema. 
Por outro lado, o consumo excessivo destes combustíveis pode ser prejudicial para o planeta. A combustão de combustíveis fósseis produz dióxido de carbono que é um gás de efeito de estufa.  
A queima exaustiva de combustíveis fósseis aumenta o efeito de estufa. O efeito de estufa é um mecanismo natural do planeta Terra que impede o planeta de ter uma grande amplitude térmica diurna.   
Para diminuir o efeito estufa e a utilização de combustíveis fósseis já desenvolveram-se as energias renováveis.
 
Quais as fontes das energias renováveis existentes:
 
As energias renováveis são formas de energia que se regeneram de uma forma cíclica numa escala de tempo reduzida. Estas fontes de energia podem derivar directamente do sol (solar térmico, solar fotovoltaico e solar passivo), indirectamente do sol (eólica, hídrica e energia da biomassa), ou de outros mecanismos naturais (geotérmica e energia das ondas e marés).  
A fonte da  energia solar é o sol, esta energia é extremamente importante para a vida humana e vegetal e também para a matéria – prima. Pode ser utilizada para transformação directa em electricidade através das células fotovoltaicas. 
Uma forma indirecta de aproveitar a energia solar é a Figura 2: Painéis fotovolvaicos utilização de painéis solares. Estes painéis, que se observamos telhados de alguns edifícios, têm como finalidade aquecer a água. 
A energia solar é cada vez mais usada no mercado, por ser uma energia limpa, segura e silenciosa. A principal desvantagem desta energia é necessitar de sistemas caros e ser dependente das condições meteorológicas (por exemplo não funcionam com nuvens e de noite).  
A energia Eólica tem como fonte a força dos ventos. É uma energia limpa e renovável, não produz poluição no ar e na água e os parques eólicos são relativamente baratos. A energia Eólica tem como desvantagens necessitar de vento constante e relativamente intenso, produzir poluição sonora e alterar a paisagem.  
A energia  Hídrica, é uma energia produzida pelas forças da água dos rios e é responsável por 40% de energia produzida em Portugal. Esta fonte de energia é uma das fontes de energia mais limpas, é abundante,  relativamente económica e cria áreas de lazer, para pescas e desportos náuticos.
 
No entanto, a principal desvantagem da energia hídrica é causar grandes problemas ambientais, quando estão a ser construídas as barragens. Estes problemas são devidos ao alagamento de grandes áreas, causando a morte de plantas e animais.  
A  Geotérmica  tem como fonte a energia encontrada no centro da terra e pode ser observada nas erupções vulcânicas, nos “geysers” e nas fontes termais de água doce. Esta é uma energia pouco utilizada para gerar electricidade, pois existem muitas dificuldades na sua implantação, o seu rendimento é baixo e os custos de implementação e manutenção são elevados   
Conclusão:
 
Os combustíveis fósseis devem ser substituídos por outras fontes de energia porque:
 
São poluentes (a sua queima produz dióxido de carbono, que é um gás de efeito estufa);
 
São uma fonte de energia finita a curto prazo (estima –se que acabem as reservas dentro de 30 a 50 anos) 
Todas as fontes de energia têm vantagens e desvantagens. A melhor politica é utilizar não apenas os combustíveis fósseis mas também outras fontes de energias renováveis.
 
Bibliografia:
Maciel, Noémia;  Eu e o planeta azul;  Porto Editora;   pág 246-248
http://www.abcdaenergia.com/enervivas/cap05.htm~
http://www.naturlink.pt/canais/Artigo.asp?iArtigo=2092&iLingua=1
Trabalho realizado pelos alunos do 8º A da Escola Secundária Infante D. Henrique:
Ana Filipa Raimundo    Nº2
Ana Sofia Ferreira           Nº8

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Eco-Consciência

Caminhamos para um desastre psicológico, social e ecológico. Dominados pela tecnologia e o consumismo, vamos perdendo o verdadeiro significado da vida, que é a paz e a felicidade. O amor é a nossa única salvação. Nossa própria sociedade não se importa o suficiente com o que é verdadeiramente bom para a humanidade. Os resíduos tóxicos na terra e no ar são o subproduto do mesmo gênio que concebeu a tecnologia - que chamamos de progresso. A exploração desenfreada da natureza nos desconecta de nossas necessidades básicas ar – água – alimentação – prazer de viver. 

Confundimos felicidade com sucesso. Buscamos oportunidades de riquezas, e escondemos a depressão, a falta de um sentido para a vida e a infelicidade. Reconectando-nos com o Sagrado, aprendemos a apreciar o mistério e a beleza das coisas simples, que passam desapercebidas. Precisamos aprender a sentir a religação entre todas as coisas vivas e as que já passaram sobre a Terra, assim, compreenderemos que todas as histórias fazem parte da nossa história. Tudo está conectado. 

Uma das grandes contradições de todo o desenvolvimento é a de que milhares de seres humanos morrem de fome. De outro lado , o que se gasta para alimentar o gado, daria para alimentar toda a população com fome em nosso planeta. Não precisaríamos destruir florestas para transformá-las em pastos, preservando mais o nosso meio-ambiente. 

Para se produzir 450 grs. de carne de vaca, são necessários 3Kg de sementes. Estes, por sua vez requerem 3.000 litros de água. No mundo inteiro é cada vez maior a quantidade de água usada em porcos e galinhas, em vez de serem empregadas na irrigação das plantações destinadas ao consumo direto. Uma grande solução para um planeta com fome, seria transformar os pastos em campos de agricultura. 

Cada dia que passa, de cem a duzentas espécies de plantas ou animais somem para sempre da superfície da Terra. Populações inteiras de plantas são derrubadas e com ela uma vasta cadeia alimentar. Os chamados “defensivos agrícolas”, na verdade, os agrotóxicos, ou venenos, contaminam águas, peixes , animais e pessoas. Atualmente, alguns estabelecimentos com maior consciência já começam oferecer produtos orgânicos aos seus clientes. Vive-se uma grande polêmica internacional sobre o uso de produtos transgênicos na agricultura, desconhecemos os reais impactos na saúde e no meio-ambiente, é preciso maiores informações sobre o assunto. O ar que respiramos tem sido comprometido pelo desflorestamento, que tem tido uma progressão assustadora, isso associado a intensificação do uso de automóveis, e outros poluidores, tem aumentado a taxa de gás carbônico no planeta. 

Apenas 3% da água do planeta é doce, apesar disso tem sido contaminada por dejetos industriais, urbanos, agrotóxicos, sem contar o desperdício. Temos também tendo uma perda acelerada de solo fértil, devido a urbanização, estradas, erosões, queimadas, uso de agrotóxicos e manejos agrícolas inadequados e despejo de dejetos e resíduos de toda a espécie. Estima-se uma redução acima de 30% na vida dos oceanos, os minerais e combustíveis fósseis estão sendo dilapidados. Ainda é um tema a poluição radioativa, a contaminação radioativa do ambiente em volta das usinas e minas de extração de urânio. Todos os anos o lixo aumenta e é cada vez mais diversificado. Uma grande parte do lixo é simplesmente desagradável à vista, e outra parte pode ser tóxica. E os detritos tóxicos são venenosos. 

A indústria química aumentou a sua produção e os seus resíduos, pelo menos 15 vezes, desde 1945. A maior parte destes resíduos é despejada em aterros - buracos abertos no solo, onde os desperdícios vão sendo lançados em camadas, contaminando o solo e com o passar do tempo não sobrarão lugares para a agricultura, laser e etc. Hoje em dia os temas muito atuais são chuvas ácidas, buraco na camada de ozônio, lixo em excesso, efeito estufa, poluição e etc., tornam clara a crise que vivemos nos dias de hoje, levantando questões cruciais sobre o futuro da humanidade

ONDE IREMOS PARAR?

O QUE FAZER PARA REPARAR TAL SITUAÇÃO ?

Vão aqui algumas sugestões : "Torne-se consciente, não só com informações, mas com ações, hábitos e comportamentos ecologicamente corretos. Passe-os como valores para a sua família.
  • Ao votar em qualquer candidato, conheça suas intenções com relação ao meio ambiente. Torne-se um cidadão apto para decidir por aquele que atue na realidade socioambiental, de um modo comprometido com a vida e com o bem estar da sociedade.
  • Andar menos de automóvel. Use mais os meios de transporte coletivos. Ande mais, use bicicleta, fará bem para a sua saúde.
  • Plantar uma árvore, se puder também faça sua própria horta.
  • Reveja sua alimentação. Mais natural possível, de preferência vegetariana.
  • Dê preferência à produtos orgânicos, livre de agrotóxicos e trangênicos.
  • Reduzir a quantidade de lixo produzida. Reciclar materiais, usar menos embalagens de plástico.
  • Gastar menos energia . Evite acender luzes durante o dia, use as janelas para aproveitar a luz do dia. Evite usar o chuveiro na posição mais quente. Tome banhos rápidos. Evite deixar a porta da geladeira aberta por muito tempo. Cada vez que usar ferro elétrico, aproveite para passar a maior quantidade de roupa possível. Use a máquina de lavar na capacidade máxima de quilos de roupa.
  • Não desperdiçar recursos naturais usados na vida diária como água, alimentos, roupas.
  • Use produtos de limpeza e detergentes biodegradáveis e livres de fosfato.
  • Use produtos reciclados.
  • Não compre spray ou produtos que contenham CFC, que destrói a camada de ozônio.
  • Não compre mobília feita com madeira de florestas tropicais, para evitar a destruição das florestas.
  • Use tecidos de fibra natural.
  • Não compre produtos que liberem gases tóxicos como o formaldeído.
  • Instale lâmpadas de baixa voltagem.
  • Apague as lâmpadas e desligue aparelhos elétricos, quando deixar o ambiente.
  • Conserte todos os vazamentos de água.
  • Torne-se membro de uma organização ambiental
  • Apoie a conservação das florestas e as organizações que plantam árvores.
  • Participe de atividades e celebrações que aumentam a sua conexão com a Terra.
  • Combata o trafico de animais silvestres. Denuncie para o Ibama ( linha verde : ligação gratuita 0800-6180800

http://www.xamanismo.com.br

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Um outro Mundo é possível - A resposta do Consumo Responsável e do Comércio Justo



No contexto do movimento altermundialista (o termo teve origem no lema "Um outro mundo é possível"), dois conceitos ou duas propostas de ação surgem com grande força, reunindo inúmeros atares no mundo inteiro em torno daquilo que chamamos de consumo responsável e de comércio justo. Ambos os movimentos partem da noção de que, diante das conseqüências dos modelos dominantes de distribuição nos termos da exclusão social e da destruição ambiental, os: setores mais conscientes da sociedade civil devem buscar novas formas de produzir riqueza e de redistribuí-la de maneira justa, assegurando os direitos de acesso ao consumo para todos, a construção de uma cultura de paz e de relações mais democráticas, bem como a preservação do planeta. 
É nessa perspectiva que os movimentos de consumo responsável e do comércio justo, apesar de suas histórias e passes próprios, procuram construir juntos, no Brasil, na França e no mundo como um todo, caminhes convergentes na direção da justiça social e da sustentabilidade socioambiental. 

O Consumo Responsável 


O que nós entendemos por consumo responsável?

Geralmente, antes de comprar um produto, os consumidores perguntam:

Quanto isso custa?

Qual é a marca?

Qual o tipo de material utilizado? 
Tais informações, normalmente, podem ser obtidas pela observação do produto ou pela consulta ao vendedor. Mas será que essas informações são suficientes para escolher um produto com responsabilidade? 


Outras questões poderiam ser propostas:

Quem participou do processo produtivo e em que condições?

Como foi utilizada a matéria-prima?

A fábrica preocupou-se em minimizar o impacto ambiental causado pelo seu processo produtivo? 
Na maioria dos casos, quando são levantadas, essas questões ficam sem resposta, porque os vendedores e mesmo o proprietário da loja não sabem nada a respeito. E não é a publicidade promovida pela marca ou pelo produto em questão que informará tais aspectos. 


A partir do momento em que surge o interesse em relação aos processos produtivos e comerciais, o consumidor- como elo final de toda a cadeia: produtiva - inicia um percurso à procura de informações, dados, opções, alternativas: E, finalmente, ele poderá constatar que muitas dessas questões têm respostas, o que precisamos é saber procurá-las, classificá-las e ponderá-las em nossas decisões de escolha. 


Eis o principio básico do conceito de Consumo Responsável definido pelo Instituto Kairós como: a capacidade de cada pessoa ou instituição, pública ou privada, escolher bens e serviços, de maneira ética, para melhorar a qualidade de vida de cada um, da sociedade e do ambiente. 

Assim, podemos considerar como consumidor responsável aquele indivíduo que inclui uma série de questionamentos em seus hábitos de consumo, ou seja, que enxerga a relação entre as suas escolhas diárias de consumo e as questões socioambientais presentes na sociedade atual. A partir dessa consciência, busca caminhos alternativos para atuar e apoiar relações produtivas e comerciais mais coerentes com aquilo que valoriza, como o respeito, o equilíbrio e a própria vida de todos nós e do planeta que nos abriga. 


Escolher produtos ou serviços de forma responsável a partir de critérios coerentes com a sustentabilidade socioambiental é, assim, uma forma de dizer ao mundo quais valores queremos perpetuar:

Um mundo de desigualdade ou de justiça social?

De poluição ambiental ou de sustentabilidade ambiental?

De acumulação de capital ou distribuição igualitário de renda? 


Eis a alma do Consumo Responsável:

Estimular a reflexão e a prática sobre o poder político existente em cada pequeno ato de escolha, em cada opção de consumo que fazemos, e, assim, estimular atitudes responsáveis, compro metidas com o mundo, com as pessoas e com a vida como um todo! 
Vale salientar que, por mais que essas idéias pareçam novas, ou que a proposta do consumo responsável pareça algo pouco experimentado, suas raízes históricas são profundas e residem em momentos distintos ao longo -da história da humanidade. A resistência pacífica, a não violência e o boicote, por exemplo, foram práticas utilizadas para combater as mais diversas situações de injustiça


Gandhi - enquanto líder político da Índia, na época colônia inglesa - libertou o seu país por meio de práticas não-violentas, como convidar a todos os indianos a consumirem apenas tecidos indianos, o que gelou sérios problemas econômicos à indústria têxtil inglesa (que, ate Um pouco mais adiante na história, o consumo responsável surgiu como proposta concreta dentro do movimento ambientalista, diante do cenário de degradação ambiental (comprovada por inúmeros estudos científicos) resultando da equação insustentável de utilização de recursos naturais e devolução de lixo e poluição ao planeta. 


O conceito de consumo sustentável culminou na Agenda 21 global, elaborada na Segunda Conferência Mundial de Meio Ambiente, a Eco 92. Daí em diante, o movimento de defesa dos direitos do consumidor passou a olhar a questão do consumo responsável como fundamental para a garantia de relações equilibradas entre a produção e o consumo, inserindo seus princípios no documento intitulado New-Guidelines for Consumers Protection, a partir da recomendação do Ecosoc - Conselho Econômico e Social da ONU através da Resolução 1997/53. 


Na seqüência, de forma inter-relacionada, assistiu-se a um estreitamento das relações entre o Consumo Responsável e os movimentos da Economia Solidária e do Comércio Justo, como proposta de fortalecimento mútuo pautada no princípio de que uma cadeia produtiva solidária só se concretiza `a partir da observância de critérios socioambientais em todos os seus elos: do produtor ao consumidor. 


Enfim, este é um movimento que veio tomando força e se consolidando como uma proposta concreta e diária de intervenção política frente ao desafio que temos como sujeitos e valores da história presente e futura. 


Hoje, neste encontro com a economia solidária e com o comércio justo, ele ganha ainda mais força, na medida que encontra possibilidades concretas de ser vivenciado e exercitado através de compras solidárias, como falaremos mais adiante. Eis um movimento que, apesar de recente, veio para ficar e crescer.


Fonte:http://www.xamanismo.com.br/Consciencia/SubConsciencia1207439600 

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Maximização versus otimização

Há uma ética subjacente à cultura produtivista e consumista, hoje vastamente em crise por causa da pegada ecológica do planeta Terra, cujos limites foram ultrapassados em 30%. 

Nunca mais vamos ter a abundância de bens e serviços como até há pouco tempo dispúnhamos. A Terra precisa de um ano e meio para repor o que lhe extraímos durante um ano. E não parece que a fúria consumista esteja diminuindo. Pelo contrário, o sistema vigente para salvar-se, incentiva mais e mais o consumo que, por sua vez, requer mais e mais produção que acaba estressando ainda mais todos os ecossistemas e o planeta como um todo.

A ética que preside a este modo de viver é a da maximização de tudo o que fazemos: maximizar a construção de fábricas, de estradas, de carros, de combustíveis, de computadores, de celulares; maximizar programas de entretenimento, novelas, cursos, reciclagens, produção intelectual e científica. 

A roda da produção não pode parar, caso contrário ocorre um colapso no consumo e nos empregos. No fundo, é sempre mais do mesmo e sem o sentido dos limites suportáveis pela natureza.

 
Imitando Nietzsche perguntamos:
Quanto de maximização aguenta o estômago físico e espiritual humano?

Chega-se a um ponto de saturação e o efeito direto é o vazio existencial. Descobre-se que a felicidade humana não está em maximizar, nem engordar a conta bancária, nem o número dos bens na cesta de produtos consumíveis. O fato é que o ser humano possui outras fomes: de comunicação, de solidariedade, de amor, de transcendência, entre outras. Estas, por sua natureza, são insaciáveis, pois podem crescer e se diversificar indefinidamente.

Nelas se esconde o segredo da felicidade.

Mas nas palavras do filósofo Ludwig Wittgenstein citando Santo Agostinho:
Tivemos que construir caminhos tormentosos pelos quais fomos obrigados a caminhar com multiplicadas canseiras e sofrimentos, impostos aos filhos e filhas de Adão e Eva para chegar a esta tão buscada felicidade.

Logicamente precisamos de certa quantidade de alimentos para sustentar a vida. Mas alimentos excessivos, maximizados, causam obesidade e doenças. Os países ricos maximizaram de tal maneira a oferta de meios de vida e a infra-estrutura meterial que dizimaram suas florestas (a Europa só possui 0,1% de suas florestas originais), destruíram ecossistemas e grande parte da biodiversidade, além de gestar perversas desigualdades entre ricos e pobres.

 
Devemos caminhar na direção de uma ética diferente, a da otimização.

Ela se funda numa concepção sistêmica da natureza e da vida. Todos os sistemas vivos procuram otimizar as relações que sustentam a vida. O sistema busca um equilíbrio dinâmico, aproveitando todos os ingredientes da natureza, sem produzir lixo, otimizando a qualidade e inserindo a todos. Na esfera humana, esta otimização pressupõe o sentido de auto-limitação e a busca da justa medida. A base material sóbria e decente possibilita o desenvolvimento de algo não material que são os bens do espírito, como a solidariedade para com os mais vulneráveis, a compaixão, o amor que desfaz os mecanismos de agressividade, supera os preconceitos e não permite que as diferenças sejam tratadas como desigualdades.

Talvez a crise atual do capital material, sempre limitado, nos enseje viver a partir do capital humano e espiritual, sempre ilimitado e aberto a novas expressões. Ele nos possibilita ter experiências espirituais de celebração do mistério da existência e de gratidão pelo nosso lugar no conjunto dos seres. Com isso maximizamos nossas potencialidades latentes, aquelas que guardam o segredo da plenitude, tão ansiada.

Leonardo Boff é autor de Tempo de Transcendência: o ser humano como projeto infinito, Vozes 2005.














quinta-feira, 14 de novembro de 2013

O país de Caça-Rato - Por Xico Sá

Amigo torcedor, amigo secador, no país de Caça-Rato, símbolo da sobrevivência e herói do time do Santa Cruz, tudo é diferente da fantasia e da modernidade que tentam nos vender a cada instante, a cada clique, a cada moda. No país de Caça-Rato, o menino Paulo Henrique, 9, nada de braçada no esgoto do canal do Arruda, como na foto de Diego Nigro (JC Imagem), que assombrou o mundo esta semana.

No país de Caça-Rato, alguns, como o próprio jogador, escapam graças ao futebol, ao funk, ao rap, ao pagode. Muitos outros ficam no caminho, caça-ratinhos fadados ao limbo dos refugos humanos ou às balas nada perdidas da polícia --quase sempre morte matada antes dos 30.

No país de Caça-Rato, vale o libelo da música de Chico Science, no rastro das imagens do médico e escritor Josué de Castro (1908-73): o homem-caranguejo saiu do mangue e virou gabiru.

No país de Caça-Rato, as vidas são desperdiçadas, velho Bauman, muito mais do que nos exemplos do teu livro sobre o tema. No país de Caça-Rato só há o barulho dos roedores em sinfonia (wagneriana) com a denúncia permanente das tripas.

Neste país, não se diz estou abaixo da linha da pobreza ou qualquer outra frieza estatística, neste país se diz simplesmente "tô no rato", o mesmo que estar lascado como um maxixe em cruz. O mesmo que estar na pele daquele roedor da fábula de Kafka, o bicho que vê o mundo cada vez mais estreito, sem saída à esquerda e muito menos à direita, restando apenas recorrer à orientação de um gato para não cair na ratoeira. O gato o orienta, civilizadamente, mas o abocanha na sequência.

No país de Caça-Rato, tudo é mesmo diferente. Estádio não é arena, não se sabe quem governa, e o Santa Cruz é muito mais que a seleção Brasileira. É a pátria dos pés-descalços, ouviram do canal do Arruda às margens fétidas e baldeadas.
O dialeto que se fala neste país não entra no Aurélio, mas sim no Liêdo, um sábio recifense, autor, entre outras joias, de "O Povo, o Sexo, a Miséria ou o Homem é Sacana".

A alta gastronomia no país de Caça-Rato tem o aruá, o sururu --já bem escasso e artigo de luxo--, o mingau de cachorro e o caroço de jaca assado na brasa. O rei do camarote neste país sem fronteiras é conhecido como cafuçu, o avesso do playboy, mas uma criatura que capricha no estilo dentro das suas posses. O jogador do Santa Cruz que dá nome a este país é o príncipe dos cafuçus. 

No reino de Caça-Rato, o menino que nada no esgoto no canal do Arruda é apenas uma foto que assombra a classe média. Não se fala outra coisa no país de Caça-Rato: que gente mais besta e limpinha, por que tanto barulho sobre uma cena tão repetida diariamente? O país de Caça-Rato sabe que daqui a pouco ninguém mais se lembra. O país de Caça-Rato funciona à prova de padrão Fifa.
@xicosa

Xico Sá Xico Sá, jornalista e escritor, com humor e prosa, faz a coluna para quem "torce". É autor de "Modos de Macho & Modinhas de Fêmea" e "Chabadabadá - Aventuras e Desventuras do Macho Perdido e da Fêmea que se Acha", entre outros livros. Na Folha, foi repórter especial. Na TV, participa dos programas "Cartão Verde" (Cultura) e "Saia Justa" (GNT). Mantém blog e escreve às sextas, a cada quatro semanas, na versão impressa de "Esporte"