segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ÁGUA – UM BEM METAINDIVIDUAL DE VALOR INIGUALÁVEL

Na hidrosfera 97,5% da água se encontra nos mares e oceanos, portanto, a porcentagem de água doce é de apenas 2,5%. Considerando a porção planetária de água doce, apenas 0,3% corresponde aos rios e lagos, já que a maior parte  está nas geleiras e nos reservatórios subterrâneos.
No Brasil o volume de água utilizada para produzir alimento, atender as indústrias e as necessidades domésticas equivale a cerca de 1,4 milhões de litros “per capita” ao ano e mais de 80% desse consumo anual é decorrente da atividade agropecuária.
 O crescimento da população brasileira nos próximos 40 anos é estimado em 30% e o desafio para o futuro será conseguir aumentar a produção de alimentos sem aumentar desmatamento e sem promover gastos adicionais de água para o setor agropecuário, até porque, o desmatamento pode acarretar destruição de berçários de água, que, por sua vez, sustentam hidricamente a própria atividade agropecuária.
Por ser um grande celeiro de grãos, o centro-oeste não pode mais expandir desordenadamente sua fronteira agropecuária, pois o pouco do Cerrado que se encontra preservado e íntegro é detentor das nascentes de água que são imprescindíveis à produção de alimentos em seu solo e para garantir o aumento do volume das águas de muitos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras. Caso as nascentes sejam preservadas juntamente com as matas de galerias, as condições para uma boa produtividade permanecerão. Caso contrário, perde-se a eco viabilidade, e com o tempo, a produtividade cairá inexoravelmente.
Estudos climatológicos atestam mudanças radicais no ciclo hidrológico planetário. Alguns rios – antes perenes – agora secam antes de atingir o mar. Desde 1985 o rio Amarelo, importante rio da civilização chinesa, está secando intermitentemente e o portentoso rio Nilo está minguando suas águas ao se aproximar do mar mediterrâneo.
Devido à progressiva degradação de biomas e ecossistemas, em decorrência de novas ocupações humanas desordenadas e sem planejamento, o conjunto de atividades antrópicas impacta sobre o meio ambiente alterando temperatura, comprometendo o abastecimento de águas subterrâneas no processo de percolação e alterando o ritmo evapotranspiração. Como consequência certas regiões passam a ter escassez de água, enquanto outras recebem carga excessiva.
Com a descoberta do maior aquífero do mundo – o “Alter do Chão”, inteiramente brasileiro e situado nos subterrâneos da Floresta Amazônica – o Brasil, que já era um  País  agraciado em água doce, passa a ser a nação com maior reserva  de água potável do planeta, dentro de um cenário mundial que, através do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU de 2014 ( IPCC ),prevê uma redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais da Terra.

Original em https://gaiaconsciente.wordpress.com/2014/04/18/agua-um-bem-metaindividual-de-valor-inigualavel/

Desenvolvimento Sustentável ou Exploração Irracional da Natureza? - Por MAURÍCIO TOVAR

Desde 2000, a análise conhecida como “Dia da Sobrecarga da Terra”, é calculada pela Global Foot Print Network. No primeiro ano que foi calculada, o dia primeiro de outubro foi a data da sobrecarga. Isso equivale a dizer que em 9 meses foram gastos  recursos naturais da Terra que deveriam sustentar a humanidade pelo periodo  de um ano. Daquele ano para cá a data vem retrocedendo, e nesse ano de 2014, no dia 19 de agosto, a pegada ecológica da humanidade já havia consumido os recursos naturais para os 12 meses do ano. Para que não houvesse débito ambiental, teríamos que ter um planeta e meio gerando os recursos naturais que estão sendo consumidos pela humanidade.


O atual modelo de civilização está em xeque, pois o débito ambiental crescente atesta que o caminho da sustentabilidade  é apenas uma falácia que virou modismo.  Mais de 80% da população humana está alocada em países que consomem mais recursos naturais do que seus ecossistemas podem ofertar.

Qualquer recurso financeiro, direta ou indiretamente, foi produzido de recursos naturais, portanto, se estes estão sob ameaça de um colapso ecológico, o setor econômico entra em crise.

Pegada Ecológica

Trata-se de uma metodologia que contabiliza a pressão que o consumismo das populações humanas exerce sobre os recursos naturais existentes no planeta. Ela possibilita a comparação de diferentes padrões de consumo para verificar se esses padrões estão dentro da capacidade ecológica da Terra. A unidade da pegada ecológica é o hectare Global (gHa). Um gHa significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produzidas em um ano.

Um outro conceito fundamental é o conceito de biocapacidade, que representa a capacidade de um ecossistema produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano.

Atualmente a média mundial da pegada ecológica é de 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para cada ser humano do planeta é de 1,8 hectareglobal.Como se vê, existe um déficit ecológico que corresponde a 0,9 gha/cap. O atual padrão de consumo da humanidade exige a oferta de recursos naturais de um planeta e meio, portanto, na atual conjuntura não existe Desenvolvimento Sustentável, o que existe deve ser chamado de  Exploração Irracional da Natureza.

Entre 1970 e o ano de 2000 houve uma gigante perda de biodiversidade na biosfera, cerca de 35%. Essa perda se compara com as cinco grandes extinções que ocorreram no passado remoto da Terra, entretanto, não causadas pelo ser humano.