domingo, 22 de julho de 2018

Como suas emoções afetam sua saúde

Há uma onda crescente de evidências de que as doenças no corpo são emoções presas que estão nos afetando de maneiras reais e físicas. Ao liberar emoções negativas suprimidas, reprimidas e presas, podemos curar nossos corpos e nossas mentes. Neste artigo, vamos ver como as emoções afetam seu corpo. Veja como suas emoções afetam sua saúde
Você pode, é claro, sentir emoções em seu corpo como mudanças fisiológicas. Por exemplo, quando você fica envergonhado, seu rosto fica vermelho e você se sente quente com a onda de sangue em seu rosto. Desta forma, você sabe como algumas emoções podem ser sentidas fisicamente no corpo. Da mesma forma, o medo pode fazer com que você sinta o aperto no estômago e a tensão muscular.
Há um componente mental em como processamos emoções, em como interpretamos o evento. Por exemplo, se o seu carro quebra no seu caminho para o trabalho, você pode sentir frustração por isso ou pode sentir que recebeu uma mensagem que você precisa desacelerar esta manhã e cuidar de seus bens valiosos. Decidir como se sentir em relação a uma emoção fisiológica em seu corpo é o componente mental da conexão mente-corpo que determina como as emoções afetam seu corpo.
COMO AS EMOÇÕES NEGATIVAS AFETAM SUA SAÚDE
Dr. Mercola diz: “A definição clássica de estresse é” qualquer ameaça real ou imaginária, e a resposta do seu corpo a ela. A resposta natural do estresse do seu corpo pode ter um impacto significativo na sua função imunológica, química do cérebro, níveis de açúcar no sangue, equilíbrio hormonal e muito mais.
Um estudo da Universidade de Michigan analisou se podemos ou não cultivar emoções positivas para afetar nosso corpo e otimizar a saúde. Eles descobriram que “emoções negativas (por exemplo, medo, raiva e tristeza) limitam o repertório de pensamentos do indivíduo em ações específicas que servem à função ancestral de promover a sobrevivência.” Em outras palavras, nossa reação de luta ou fuga entra em ação quando temos uma emoção negativa e nos sentimos agressivos ou como se precisássemos nos esconder dos sentimentos.
Pesquisadores do Departamento de Psicologia da Universidade Carnegie Mellon, em Pittsburgh, Pensilvânia, dizem que “fatores psicológicos podem influenciar a imunidade e a doença mediada pelo sistema imunológico”. Além disso, o estudo encontrou evidências substanciais de que fatores como estresse, afeto negativo [emoções], depressão clínica, apoio social e repressão / negação podem influenciar indicadores celulares e humorais [do líquido linfático] do estado imunológico e da função.
As emoções negativas têm um grande impacto no sistema imunológico do corpo. “Pelo menos no caso das doenças infecciosas menos graves (resfriados, gripe, herpes), há evidências consistentes e convincentes de ligações entre estresse e afeto negativo [emoções] e início e progressão da doença”. Em outras palavras, se você está de mau humor, sentindo-se triste, irritado ou estressado, é mais provável que você fique doente até com algo parecido com a gripe.
COMO AS EMOÇÕES POSITIVAS AFETAM SUA SAÚDE
Quando você sente alegria, felicidade, excitação, esperança, apreciação, respeito ou amor, seu corpo responde liberando endorfinas e oxitocina, muitas vezes chamada de “hormônio do aconchego”. Nós nos sentimos bem quando temos essas emoções e queremos ainda mais das emoções boas e positivas, como um desejo de drogas.
Ao contrário das emoções negativas que podem ficar presas no corpo, as emoções positivas ajudam a eliminar o efeito das emoções negativas no corpo. As emoções positivas não ficam presas em nossos corpos, mas acredita-se que elas desencadeiam mudanças celulares que melhoram o funcionamento normal do corpo.
Os cientistas da Universidade de Michigan dizem que emoções positivas (por exemplo, alegria, interesse e contentamento) ampliam o repertório de pensamento-ação momentâneo de um indivíduo, que por sua vez pode construir recursos pessoais duradouros, recursos que também serviram à função ancestral de promover a sobrevivência.
Uma implicação do modelo de ampliação e construção é que as emoções positivas têm um efeito negativo nas emoções negativas. Ao ampliar o repertório de ação-pensamento momentâneo, as emoções positivas afrouxam o domínio que as emoções negativas ganham na mente e no corpo de um indivíduo ao desfazer a preparação psicológica e fisiológica estreita para uma ação específica. De fato, estudos empíricos demonstraram que o contentamento e a recuperação da velocidade da alegria decorrem das conseqüências cardiovasculares das emoções negativas.
COMO VOCÊ PODE USAR ESSAS INFORMAÇÕES PARA AFETAR SUA SAÚDE DE MANEIRAS POSITIVAS
Aprenda a identificar emoções negativas em seu corpo. Praticar a autoconsciência e o domínio é a chave. Quando você percebe que se sente frustrado, por exemplo, onde percebe as mudanças em seu corpo? Depois que você sentir essas mudanças de estresse em seus músculos e órgãos internos, poderá identificar melhor a emoção e lidar com o processamento interno da emoção e com a relaxação dos músculos para mudar a maneira como se sente.
Mude seu processamento da emoção , reformulando o pensamento de “Isso é frustrante” para “Este é apenas um pequeno contratempo”. Tudo ficará bem.’ Em seguida, trabalhe relaxando os músculos de seus ombros e parte superior das costas levantando e soltando os ombros. Muitos de nós carregamos tensão aqui, então os ombros são um bom lugar para começar quando você está reaprendendo como as emoções afetam seu corpo.
Original em https://www.pensarcontemporaneo.com/como-suas-emocoes-afetam-sua-saude/

segunda-feira, 9 de julho de 2018

Sem educação, os homens ‘vão matar-se uns aos outros’, diz neurocientista António Damásio

O neurocientista António Damásio advertiu que é necessário “educar massivamente as pessoas para que aceitem os outros”, porque “se não houver educação massiva, os seres humanos vão matar-se uns aos outros”.
O neurocientista português falou no lançamento do seu novo livro A Estranha Ordem das Coisas, na Escola Secundária António Damásio, em Lisboa, onde ele defendeu perante um auditório cheio que é preciso educarmo-nos para contrariar os nossos instintos mais básicos, que nos impelem a pensar primeiro na nossa sobrevivência.
“O que eu quero é proteger-me a mim, aos meus e à minha família. E os outros que se tramem. […] É preciso suplantar uma biologia muito forte”, disse o neurocientista, associando este comportamento a situações como as que têm levado a um discurso anti-imigração e à ascensão de partidos neonazis de nacionalismo xenófobo, como os casos recentes da Alemanha e da Áustria. Para António Damásio, a forma de combater estes fenômenos “é educar maciçamente as pessoas para que aceitem os outros”.
Em ” A Estranha Ordem das Coisas”(editora: Temas e Debates), Damásio volta a falar da importância dos sentimentos, como a dor, o sofrimento ou o prazer antecipado.
“Este livro é uma continuação de O Erro de Descartes, 22 anos mais tarde. Em ‘O Erro de Descartes’ havia uma série de direções que apontavam para este novo livro, mas não tinha dados para o suportar”, explicou António Damásio, referindo-se ao famoso livro que, nos finais da década de 90, veio demonstrar como a ausência de emoções pode prejudicar a racionalidade.
O autor referiu que aquilo que fomos sentindo ao longo de séculos fez de nós o que somos hoje, ou seja, os sentimentos definiram a nossa cultura. António Damásio disse que o que distingue os seres humanos dos restantes animais é a cultura: “Depois da linguagem verbal, há qualquer coisa muito maior que é a grande epopeia cultural que estamos a construir há cem mil anos.”
O neurocientista acredita que o sentimento – que trata como “o elefante que está no meio da sala e de quem ninguém fala” – tem um papel único no aparecimento das culturas. “Os grande motivadores das culturas atuais foram as condições que levaram à dor e ao sofrimento, que levaram as pessoas a ter que fazer alguma coisa que cancelasse a dor e o sofrimento”, acrescentou António Damásio.
“Os sentimentos, aquilo que sentimos, são o resultado de ver uma pessoa que se ama, ou ouvir uma peça musical ou ter um magnífico repasto num restaurante. Todas essas coisas nos provocam emoções e sentimentos. Essa vida emocional e sentimental que temos como pano de fundo da nossa vida são as provocadoras da nossa cultura.”
No livro o autor desce ao nível da célula para explicar que até os microrganismos mais básicos se organizam para sobreviverem. Perante uma plateia com centenas de alunos, o investigador lembrou que as bactérias não têm sistema nervoso nem mente mas “sabem que uma outra bactéria é prima, irmã ou que não faz parte da família”.
Perante uma ameaça, como um antibiótico, “as bactérias têm de trabalhar solidariamente”, explicou, acrescentando que, se a maioria das bactérias trabalha em prol do mesmo fim, também há bactérias que não trabalham. “Quando as bactérias (trabalhadoras) se apercebem que há bactérias vira-casaca, viram-lhes as costas”, concluiu o neurocientista, sublinhando que estas reações são ao nível de algo que possui “uma só célula, não tem mente e não tem uma intenção”, ou seja, “nada disto tem a ver com consciência”.
E é perante esta evidência que o investigador conclui que “há uma coleção de comportamentos – de conflito ou de cooperação – que é a base fundamental e estrutural de vida”.
Durante o lançamento do livro, o investigador usou o exemplo da Catalunha para criticar quem defende que o problema é uma abordagem emocional e não racional: “O problema é ter mais emoções negativas do que positivas, não é ter emoções.”
“O centro do livro está nos afetos. A inteira realidade dos sentimentos e a ciência dos sentimentos e do que está por baixo dos sentimentos. O sentimento é a personagem central. É também central uma coisa que me preocupa muito, o presente estado da cultura humana. Que é terrível. Temos o sentimento de que não está apenas a desmoronar-se, como está a desmoronar-se outra vez e de que devemos perder as esperanças visto que da última vez que tivemos tragédias globais nada aprendemos. O mínimo que podemos concluir é que fomos demasiado complacentes, e acreditamos, especialmente depois da Segunda Guerra Mundial, que haveria um caminho certo, uma tendência para o desenvolvimento humano a par da prosperidade. Durante um tempo, acreditamos que assim era e havia sinais disso”
Fonte: https://www.revistaprosaversoearte.com/sem-educacao-os-homens-vao-matar-se-uns-aos-outros-diz-neurocientista-antonio-damasio/