quinta-feira, 30 de março de 2023

Posições da mão que curam - por Eu Sem Fronteiras

mudra on blue | liz west | Flickr 

Todos somos uma pequena porção do Universo. Isso quer dizer que estamos em constantes trocas energéticas com os outros e com o Todo. Mas também significa que, assim como o Universo é, para nós, o macrocosmo, nós também somos um grande universo para tudo que está contido em nosso interior (nossas células, por exemplo).

Esse é um conceito presente em práticas orientais como o Yoga e o budismo, que afirmam que o que existe no micro também existe no macro. O que leva à ideia de que o fluxo de energia ocorre de forma harmoniosa tanto de fora para dentro como de dentro para fora.

É desse equilíbrio que resulta a plena saúde. E para permitir que nós – o microcosmo – nos harmonizemos com o Universo, que é o todo, o macrocosmo, existem várias técnicas, muitas delas realizadas durante diversas práticas e terapias orientais. Uma dessas técnicas são os mudras. Se você nunca ouviu falar deles, acompanhe o artigo, que traz todos os detalhes sobre esses gestos que são verdadeiros tesouros para a nossa energia vital.

O que são os mudras?

A Yoga, prática meditativa física e mental de origem no Oriente, e a Ayurveda, ciência média tradicional da Índia, propõem que as mãos podem ser moldadas em certas posições, os Mudras, os quais são capazes de criar canais de interação entre corpo, mente e universo, e gerar a cura do ser.

As duas correntes orientais estudam o corpo humano através dos 5 elementos da Terra: a água, o fogo, a terra, o ar e o espaço. Eles seriam manifestados de diferentes maneiras em nosso corpo, e a consciência e manejo das funções fisiológicas, de acordo com o Universo e seus componentes, podem gerar efeitos práticos no homem, como a cura de doenças.

Assim como a Yoga, a prática dos Mudras leva um certo período de aprendizado e evolui ao longo do tempo. Quando o praticante vai descobrindo o funcionamento das partes de seu corpo e o benefício possível por esse exercício, passa a ter saúde mais plena e controlada.

Como funcionam os mudras?

Quando se trata do posicionamento das mãos, são considerados alguns pontos de divisão dos elementos principais pelos dedos. O dedo indicador representa o ar, o dedo médio o espaço, o anular representa a terra, o mínimo a água e o polegar o fogo.

As posições podem ser executadas durante a prática de Yoga e meditação ou simplesmente no dia a dia, a fim de beneficiar as funções biológicas do corpo humano. Confira as principais posições e seus efeitos:

Linga Mudra

Conhecido como o “Mudra do Calor”, esta posição é feita com os dedos entrelaçados e o polegar da mão esquerda estendido. O polegar direito irá envolver o esquerdo, que aponta para cima, fazendo com que ele toque o dedo indicador direito.

Este Mudra fornece calor ao corpo, sendo benéfico em situações de resfriado e congestão. Fortalece os pulmões e equilibra as funções fisiológicas, principalmente por meio da melhora respiratória.

Prithvi Mudra

Com o nome de “Mudra da Terra”, esta posição dá força ao corpo e à mente, promove limpeza espiritual e também física, visível na melhora da pele e outras funções do corpo.

Para fazer esse Mudra, o dedo anelar deve tocar o polegar com a ponta e os outros dedos ficam para fora, em linha reta.

Gyan Mudra

Este Mudra é o “Mudra do Conhecimento”. O dedo indicador encosta na extremidade do polegar e os outros dedos ficam eretos.

O Mudra do Conhecimento traz melhoras na memória, auxilia na prática da meditação, no humor e promove calma e consciência. Em sentido mais biológico, atua nas glândulas endócrinas e pituitária.

Surya Mudra

O “Mudra do Sol” estimula a tireoide, auxiliando no bom funcionamento do metabolismo, controle de peso e apetite. Ajuda também no estresse e ansiedade, assim como no sistema digestivo.

Para fazer o Surya Mudra, você precisa posicionar o anelar sob o polegar e manter os outros dedos alinhados.

Varuna Mudra

Também chamado de “Mudra da Água”, esta posição consiste no dedo mindinho tocando o polegar e os outros dedos eretos.

O Mudra da água é responsável pela filtração do corpo, melhorando problemas como a retenção de líquidos. Pode ajudar em problemas intestinais, como a prisão de ventre e cólicas menstruais, assim como auxilia para um ciclo mais regulado na mulher. O Varana Mudra contribui também para o controle emocional e psicológico nas pessoas.

Apana Vayu Mudra

Este Mudra atua no coração, protegendo-o e fortalecendo-o. Além disso, pode agir na redução de azia, problemas gastrointestinais e gases.

Para praticar este Mudra, deve-se fazer com que o dedo indicador se dobre até alcançar o polegar, sendo que a curva dos dedos anelar e médio também tocam a ponta do polegar.

Prana Mudra

Com o dedo anelar e o mindinho dobrados, eles devem chegar até o polegar. O dedo indicador e também o dedo médio ficam eretos em direção ao teto.

Esta posição das mãos fortalece o corpo e mente, por isso é conhecido como “Mudra da Vida”. Tem o poder de motivar e proteger o espírito, auxiliar na execução de atividades e ajudar nas decisões difíceis. Atua também na disposição do corpo, melhora da visão e respiração.

Vayu Mudra

O Mudra do Ar é feito quando o polegar fica sob o dedo indicador e os outros dedos ficam retos.

Este Mudra acalma estresses e ansiedades, também ajuda na tomada de decisões e deixa-nos mais pacientes e calmos.

Apana Mudra

Este posicionamento contribui diretamente no sistema digestivo. Controla o sistema excretor, desintoxica e ajuda no funcionamento regular do intestino. Pode ser um grande auxiliar em casos de intestino preso e também hemorroidas.
Para realizar este Mudra, posicione o dedo médio e o anelar sob o polegar. O dedo mindinho e o indicador apontam para cima.

Shunya Mudra

No “Mudra do Vazio”, o polegar toca o dedo médio e pressiona-o para baixo. Os outros dedos apontam para cima. Este Mudra auxilia no desempenho físico, diminuindo a fadiga. Auxilia na concentração, entendimento e também autoconfiança. Além disso, pode ser eficaz contra as dores de ouvido.

Mudras e os chakras

Estando os mudras ligados às energias que circulam por nosso corpo, e sendo seu maior objetivo unir as energias cósmica, espiritual e atômica, sua relação com os chakras — que são os centros energéticos que regem certos órgãos nossos — é bem evidente e benéfica ao nosso organismo.

Sendo assim, os mudras são instrumentos essenciais para energizar e equilibrar os chakras. Isso nos permite liberar poderes ilimitados e atrair aquilo que desejamos. Há um mudra específico para cada chakra:

Chakra básico

Toque o polegar com o dedo indicador. Foque o chakra básico, que se situa na base da coluna vertebral, no períneo. O mantra é LAM (pronúncia longa: “laaaaam”).

Chakra sacral

Com as mãos repousadas sobre o colo e as palmas voltadas para cima, uma sobre a outra (de preferência, a esquerda por baixo), encoste as pontas dos dois polegares. Concentre-se no chakra, que se situa na altura do sacro, e recite o mantra VAM (longamente: “vaaaaam”).

Chakra do plexo solar

Posicione as mãos entre o coração e o estômago. Una as pontas dos dedos, colocando um polegar sobre o outro. Mantra: RAM (pronúncia longa: “raaaaam”).

Chakra cardíaco

Encoste o polegar no indicador. Faça isso com as duas mãos, sendo que a direita deve estar encostada no peito, e a esquerda deve estar repousada sobre o joelho esquerdo. O mantra é YAM (som longo: “yaaaaam”).

Chakra laríngeo

Posicione as mãos na altura do estômago, entrelace os dedos (menos os polegares, que devem estar se tocando. O mantra é HAM (recite longamente: “haaaaam”).

Chakra frontal

Coloque as mãos na frente do peito, estique os dedos médios – que devem se tocar no alto – e flexione os outros dedos. O mantra é OM (longo: “oooooom”).

Chakra coronário

Una as mãos na altura do estômago e entrelace os dedos, exceto os mindinhos, que devem estar para cima, tocando-se no alto. O mantra é AUM (pronuncie-o longo: “aaaaauum”).

Mudras e a respiração

Além de atuarem no sistema respiratório, facilitando a utilização completa dos pulmões, os mudras também podem ser potencializados por meio da respiração (não só atuando sobre ela, como também a usando como um meio de equilibrar as energias e aperfeiçoar seus efeitos).

Na prática do Yoga, por exemplo, os mudras são muito usados em conjunto com uma técnica de respiração chamada pranayama (“prana” = “energia vita”, “sopro de vida”; “yama” = “caminho”), que consiste em exercícios de manipulação da respiração.

Existem vários tipos de pranayamas, e os benefícios, aliados aos mudras, são inúmeros: redução do estresse, melhora na digestão, na pele e no sistema linfático, purificação dos tecidos, limpeza dos pulmões, redução da depressão e da ansiedade, entre outros.

Como você pôde perceber, as suas mãos são o caminho para a sua cura. Cada mudra realizado tem o poder de trazer equilíbrio para o seu corpo, alinhamento e harmonização dos chakras e, por consequência, mais saúde global – tanto física, como espiritual e mental –, para que você tenha uma vida mais plena e prazerosa. Cuidar de si depende apenas de você!

Como utilizar as mudras no dia a dia

Ao compreender o que são as mudras e como elas podem ser benéficas para o seu corpo, é compreensível que você queira praticá-las com frequência. Mas será que você pode fazer isso sem uma preparação? Informe-se de forma aprofundada sobre o assunto!

Em primeiro lugar, para que as mudras realmente façam efeito você deve praticá-las de duas a três vezes por dia, por cerca de 15 minutos. Então se você quer estimular mudanças em uma parte específica do seu corpo, basta identificar a mudra associada a ela e realizá-la com a frequência indicada.

No entanto você não pode simplesmente reproduzir as mudras e esperar que elas funcionem. Na verdade, é preciso que você encare esse processo como uma meditação. Isso significa que, ao realizá-las, você deve esvaziar a sua mente para dedicar uma atenção completa à postura das suas mãos.

Além disso, é importante que você tenha bastante consciência corporal e mental ao incorporar as mudras à sua rotina. Para desenvolver essa habilidade, você vai precisar de tempo e de bastante concentração. Então evite realizar essa prática em ambientes barulhentos ou com muitas distrações.

Nesse sentido, a maneira ideal de utilizar as mudras no dia a dia é identificar aquela que se aplica melhor ao seu objetivo, manter-se fiel à frequência com a qual ela deve ser realizada e praticar em um local tranquilo, limpo e no qual você sinta bastante conforto. Dessa forma, você sentirá mudanças muito positivas no seu bem-estar! A seguir, confira as principais mudras que você pode incorporar ao seu cotidiano:

  1. Vayu Mudra: controlando pensamentos e a atividade mental, essa postura é recomendada para tratar doenças reumáticas e as relacionadas ao sistema nervoso.
  2. Surya Mudra: dor de cabeça, ansiedade, depressão e cansaço podem ser aliviados com essa mudra, que libera muita energia no corpo.
  3. Prana Mudra: para absorver os nutrientes do seu corpo e ativar o cérebro, tal postura será de grande ajuda, também fortalecendo o sistema imunológico.
  4. Guiana Mudra: ideal para combater a ansiedade, essa mudra consegue controlar os seus pensamentos e os seus sentimentos, agindo especificamente no sistema emocional.
  5. Yoni Mudra: favorece a conexão com a sua essência, porque concentra a sua atenção no seu interior, como se os outros órgãos do seu corpo ficassem adormecidos por um período.

A partir de cada informação que apresentamos, é possível compreender que as mudras são posturas de mãos realizadas na prática de Yoga. Com elas, é possível concentrar as energias do corpo em algum órgão específico, para equilibrá-lo. Assim, qualquer pessoa que treine esses gestos será capaz de sentir mudanças positivas na própria saúde. Experimente incorporar as mudras na sua rotina para renovar sua conexão com você mesmo(a)!

 Fonte: https://www.eusemfronteiras.com.br/posicoes-da-mao-que-curam/

segunda-feira, 5 de setembro de 2022

Ser livre – Descubra o que a filosofia chinesa, grega e alemã tem a contribuir nessa busca!


Nesse texto você acompanhará uma reflexão sobre o que é ser livre e quais são os obstáculos que nos impendem de exercer nossa vontade. Entenda como certos vícios nos impedem de agir como queremos e como podemos transformá-los em virtudes!
O que é liberdade?



Liberdade é algo almejado pela grande maioria das pessoas. É muito difícil ver alguém defender que é melhor a servidão ou a submissão. Mas é possível notar que, em geral, temos uma ideia confusa do que é liberdade. Queremos nossa liberdade de forma irrestrita, porém sabemos que isso nunca pode acontecer na vida em sociedade.

Inicialmente ser livre deveria ser algo simples. Tudo que seria preciso é a ausência de obstáculos entre nós e o que desejamos. Porém, esse conceito não é compatível com a realidade, pois sempre existirão obstáculos, sendo eles as determinações naturais ou sociais. A verdadeira liberdade só pode ser alcançada quando aprendemos a lidar com essas limitações e agir independente delas.

Os desafios de ser livre

O fato é que a maiorias de nós são “escravos”. Não no sentido de termos um senhor que nos obriga a executar tarefas desagradáveis. Mas no sentido de que não agimos de forma tão livre quanto gostaríamos. Muitas pessoas vivem a vida inteira sem conseguir as coisas que elas querem possuir e sem se tornar as pessoas que elas querem ser.

Aristóteles (384-322 a.C.), filósofo da Grécia antiga, formulou ideias sobre a liberdade e as dificuldades de exercê-la. Ele aponta quais são os tipos de desafios que impedem que ajamos livremente. Aristóteles chama de vícios as paixões, nossas emoções mais profundas, e nossos impulsos naturais.

Esses vícios causariam prejuízos a nós, já que preocupados em sanar vontades arbitrárias das nossas paixões e da sociedade não poderíamos agir de acordo com a razão. Isso nos afastaria da boa vida e da felicidade.

Vícios Naturais

O ser humano é um animal. Mesmo que tenhamos uma grande capacidade racional, não passamos de um bicho engenhoso. Temos vários impulsos animalescos que nos mantêm vivos. Comer e beber são exemplos desses impulsos de sobrevivência .

Quando temos fome estamos sob um comando natural que só acabará ao ser saciado. Se estivermos famintos o bastante comeremos qualquer coisa. Por exemplo, quando temos pouco ferro no sangue podemos ter o impulso de comer terra ou tijolos. Isso se chama geofagia. Isso ocorre porque nosso corpo está gerando impulsos quase que irresistíveis. Nestes casos ele manda em nós.

Em geral isso não é um problema. Pelo contrário, isso nos ajuda a sobreviver. Mas, muitas vezes, o corpo toma o controle da nossa vida de forma sutil. A vontade de comer pode fazer uma pessoa comer indiscriminadamente, tornando-a obesa, hipertensa ou até mesmo provocando diabetes. Isso ocorre, pois, muitas vezes, nos tornamos escravos das necessidades do corpo. Comer é preciso, mas com moderação. E esse controle tem que vir da nossa razão, e não de um impulso natural.

Vícios Sociais

Além de ser um animal, o ser humano tem uma vida social. Isso quer dizer que as nossas relações com a cultura e com as pessoas tem um peso enorme nas nossas ações. Através do contato com a cultura podemos agir melhor com os outros utilizando a etiqueta.

Nossa forma de se vestir, as palavras que usamos e até mesmo que informações compartilhamos são ditadas pela relação com o outro. Ninguém se veste em casa como se vestiria para ir a um grande evento ou divide as mesmas informações com um conhecido e com um estranho.

A sociedade tem regras que tornam a vida mais fácil e pacífica, mas a pressão por ser socialmente aceito pode nos aprisionar se não estivermos conscientes dessas forças que nos influenciam. É muito comum ver pessoas prejudicando sua saúde em prol de um ideal de beleza, por exemplo. Muitas vezes essa pressão social é a causa de problemas de saúde como a anorexia e bulimia.

É comum que maus hábitos da sociedade nos afetem. Hoje em dia não há uma cultura da prevenção de doenças, mas sim uma cultura de remediação. Isso significa que as pessoas em geral não cuidam da sua saúde a não ser que elas estejam doentes. Isso faz que muitas pessoas se alimentem mal até que se descubram enfermas.

Como ser livre

Para não sermos escravos de nossos corpos e nem das imposições sociais é necessário construir uma noção de autonomia. Analisando a etimologia dessa palavra, Kant (1724-1804), explica que autonomia é criar suas próprias leis: auto = próprio; nomos = leis.
Assim, ser autônomo nesse caso é usar a nossa razão para definir o fim de nossas ações.

Nesse sentido, a liberdade só pode ser alcançada quando fazemos as coisas por elas mesmas. Assim chegamos a outro conceito, a heteronomia: hetero = outro; nomos = leis.

Seria algo como seguir as leis dos outros. Não podemos agir só porque nosso corpo temum determinado desejo ou porque a sociedade pede certas ações. Agir sem pensar é ser escravo sem saber.

Escolhendo pela coisa em si

Imagine que você está escolhendo sua profissão. Você quer ser médico. Mas qual é a sua motivação? Se você for um médico porque sua família (e a sociedade como um todo) prestigia essa profissão você está sendo um escravo dos status social e das imposições dos outros. Agir pelas leis dos outros, é heteronomia.

Para ser um médico “livre” seria necessário que sua motivação fosse pela profissão em si. Ser médico significa cuidar da saúde das pessoas e zelar pelo bem estar delas. E isso não depende do status da profissão ou da remuneração. Isso é uma questão de dever, de ser autônomo. Um bom médico criou para ele uma lei que ele usará todos os seus conhecimentos para salvar vidas independentemente das circunstâncias.

Como transformar o vício em virtude

Ser uma pessoa livre, que age por sua própria lei baseada na razão, não é tarefa fácil. É preciso combater nossas inclinações naturais e pressões sociais. É preciso ter autoconhecimento e reflexão. Ser livre e autônomo é criar para si uma lei que deve ser seguida a risca, independente de fatores externos. Porém, isso só é possível com uma enorme força de vontade.

A arte marcial pode desenvolver nossa força vontade

Há diversas maneiras para treinar nossa força de vontade, o Kung Fu é uma delas. Nessa arte marcial chinesa treinamos nosso corpo para resistir às tentações corporais e mentais. Nas aulas temos que seguir os comandos do instrutor e, muitas vezes, queremos beber água ou sentar para descansar as pernas. Contudo não é sempre que o instrutor permitirá isso.

Nas primeiras graduações, o aluno acha que a sensação de sede e cansaço são impossíveis de resistir, como se fosse uma ordem absoluta do corpo. É normal sentir isso, pois, na maioria das vezes, estamos acostumados a seguir a vontade do seu próprio corpo. No entanto, com o tempo percebemos que se pode sentir sede e continuar treinando. Ele pode estar cansado e dar o seu máximo, na aula, no trabalho e nas suas relações de afeto.

Isso não acontece da noite para o dia, primeiro há um momento de heteronomia, onde o instrutor dá os comandos, mas com o tempo o aluno desenvolve a autonomia e o instrutor se torna um guia. Um aluno faixa preta treina com ou sem a presença do instrutor, pois ele já está em um estado de autonomia. Por isso é preciso treinar por um bom tempo para realmente se libertar de amarras que não foram impostas por nós mesmos.

A arte marcial pode desenvolver bons hábitos

De maneira similar o Kung Fu nos faz abandonar hábitos ruins para criar hábitos de excelência.

É comum se atrasar para compromissos, no entanto, em uma academia de Kung Fu isso é sempre motivo de advertência. Chegar com antecedência faz parte da vida marcial do aluno desde a faixa branca. Se ele não se tornar pontual ele sempre encontrará dificuldades na dinâmica de aula.

Esse cuidado com a pontualidade é só um exemplo das várias virtudes que um artista marcial deve cultivar. Especialmente nas artes chinesas devemos seguir esses preceitos éticos que são fundamentados na cultura e filosofia chinesa. No confucionismo, por exemplo, temos o espírito ritual, que diz respeito à reverencia que devemos ter nas nossas ações diárias.

Com hábitos condizentes com o dever e o compromisso a pessoa passa a ter um cuidado a mais com ela mesma. Ela passa a ter respeito com suas palavras, compromissos e desejos. Ela não deixará que qualquer flutuação emocional ou pressão social faça que ela desista de algo que ela quer. 

No final das contas, o Kung Fu é uma arte que nos ajuda a criar leis para nós mesmos que servirão de base para a realização de metas, objetivos e sonhos. Sem a autonomia é impossível ser livre. É só através de muito trabalho árduo, treino, paciência, perseverança e reflexão que conseguiremos destruir as amarras externas à nossa vontade.

terça-feira, 19 de julho de 2022

Medicina Tradicional Chinesa - Filosofia

Filosofia

os cinco elementosJuntamente com a teoria do Yin e Yang, a teoria dos 5 elementos é um dos dois pilares da Medicina Oriental.
Mais recente que a teoria do yin e yang, a teoria dos 5 elementos foi primeiramente documentada na China no Período dos Estados Guerreiros (221-476 a.C.) e coexistiu independentemente da teoria do Yin e Yang, mas foi durante a Dinastia Song (960-1279 d.C.) que começou a fusão entre os dois sistemas e que o sistema dos 5 elementos foi utilizado para diagnóstico e tratamento de doenças pela primeira vez.
A teoria dos 5 elementos é um sistema filosófico aplicável não só à medicina, mas a todas as outras coisas.
Tudo pode ser classificado de acordo com esta teoria. Os 5 elementos podem ser entendidos como fases ou movimentos das energias Yin e Yang. As imagens dos elementos Água, Madeira, Fogo, Terra, Metal representam as forças naturais que juntas formam um ciclo dinâmico.
Nota: O sistema dos 5 elementos teve períodos de alta e baixa popularidade através da história da Medicina Chinesa e da própria cultura daquele país. No Huang Ti Nei Ching, o Clássico de Medicina Interna do Imperador Amarelo, os 5 elementos eram um fator central.

OS 5 ELEMENTOS NO TAOÍSMO

os 5 elementos no taoísmo(Adaptado de Daniel Reed)
Os 5 elementos representam as atividades das forças Yin e Yang quando estão a alternar, manifestas nos ciclos de mudanças na natureza e que regulam a vida na terra.
Também chamados os 5 movimentos (Wu Yun), definem os vários estágios de transformação que acontecem nas mudanças de estações: crescimento e declínio; mudanças do clima; sons e sabores; emoções na Psicologia humana.
Cada energia está associada a um elemento cuja função parece-se com a função destas energias, daí terem o seu nome.
Os elementos simbolizam atividades de energia com as quais estão associados.
As manifestações da força Yin e Yang na terra, as 5 fases de energia representa vários estágios de vazio e cheio, pelas quais essas energias passam ao equilibrar um determinado sistema energético.

“As cinco fases da energia ou os Elementos Madeira, Metal, Água, Terra e Fogo aparecem na sua natureza específica, durante as transformações da força Yang e da sua união com a força Yin. Estas fases de energia estão em constante mudança de atividade, nutrindo e controlando uma à outra para que haja uma constante nos movimentos de transformação do vazio para o cheio e do cheio para o vazio (…).”

OS 5 ELEMENTOS E AS ESTAÇÕES DO ANO

5 elementos e as estações do anoVamos analisar os ciclos das estações do ano que influenciam tudo sobre a terra.

Água - Inverno

A água é a fase de energia associada ao Inverno, quando prevalece a força Yin. O Inverno é o tempo do descanso, da quietude, quando a energia é poupada, recolhida, condensada, conservada e armazenada. A água é um elemento muito concentrado, um grande potencial.
No corpo humano, a água está associada aos fluidos essenciais, como as hormonais, o sistema linfático, a medula, as enzimas, todos com um grande potencial energético.
A sua cor é o preto ou o azul noite. A cor que contém todas as outras cores de forma concentrada.
Nota:
Na natureza, a água evapora com o excesso de calor; nos seres humanos a energia da água é libertada pelo excesso de stress e de emoções fortes. A forma de se conservar a energia da água é através da quietude e do repouso. Tem de se manter o “frio”.

Madeira – Primavera

A próxima fase do ciclo das estações do ano é a Primavera, surge o elemento madeira do potencial energético da água, assim como as plantas florescem na terra na Primavera. Este é o novo estágio Yang do ciclo das energias. A fase Madeira é expansiva, alegre e explosiva. É uma geração criadora de energia, despertando o desejo sexual de procriar. Está associado ao vigor à juventude, ao crescimento e ao desenvolvimento.
A energia da Madeira pede livre expressão e espaço para dar vazão à sua expansão. Se bloquearmos o seu desenvolvimento, criamos sentimentos de frustração, raiva, ciúme e estagnação.

Fogo – Verão

Assim como a Primavera se desenvolve naturalmente para o verão, também a energia expansiva e criativa da Madeira amadurece para a energia florescente do Yang velho, a energia do fogo. Esta é a fase mais cheia de energia de todo o ciclo, quando acontece a fase mais quente da energia Yang cheia. O fogo está associado ao coração, que é o local das emoções e o órgão que distribui o sangue e a sua energia pelo corpo. A sua cor é o vermelho, a cor do sangue e do calor. Esta energia está associada ao amor e à compaixão, à generosidade e à alegria, à abertura e à abundância. Se bloquearmos esta energia, o resultado é a hipertensão, os problemas de coração e as desordens nervosas.

Terra – Verão prolongado

No final do Verão chega o momento de interlúdio, de perfeito equilíbrio quando a energia do fogo diminui, transformando-se em energia da Terra, nem muito Yin nem muito Yang. Este momento é o clímax do ciclo. O humor das 5 fases está em harmonia neste momento, trazendo uma sensação de bem estar e plenitude. A sua cor é o amarelo, a cor do sol e da terra.Na anatomia humana está associada ao estômago, ao baço e pâncreas que estão situados no centro do corpo e alimentam todo o sistema do corpo.

Metal – Outono

Quando o Verão passa para o Outono, a energia da Terra transforma-se em Metal. Durante a fase Metal, a energia começa novamente a condensar-se, a contrair-se, volta-se para dentro para se acumular e armazenar. Nesta fase libertamos tudo o que está gasto como as folhas das árvores que caem para poupar a essência. Se nesta fase não houver bastante energia para contrair, não haverá força suficiente para passar o inverno e o próximo ciclo da madeira/primavera será fraco.
A cor da fase do metal é o branco, a cor da pureza e da essência.
Assim como o metal é a energia refinada extraída da terra e lapidada pelo fogo, o Outono é a estação onde devemos extrair aprendizagens das actividades do Verão.
A energia do metal controla o Pulmão, que extrai a energia essencial e expele as toxinas do sangue e do intestino grosso, que elimina a sujidade, enquanto retém e recicla a água do organismo. O Outono é a estação da Introspecção e da meditação, de reciclar sentimentos antigos, apegos externos e o excesso de emoções adquiridas durante o Verão. Se resistirmos a esta energia e ficarmos aprisionados no passado podemos criar estados de melancolia, de tristeza e depressão, que se manifestam com dores nas costas, dificuldades respiratórias, problemas de pele e diminuição da resistência.
ÁGUAMADEIRAFOGOTERRAMETAL
Yin velhoYang novoYang velhoNeutroYin novo
InvernoPrimaveraVerãoFinal VerãoOutono
Meia NoiteMadrugadaMeio diaTardeEntardecer
Recolha energiaGerar energiaDistribuir energiaEstabilizar energiaContrair energia

OS 5 ELEMENTOS E OS ÓRGÃOS

os 5 elementos e os orgãosFisiologicamente, a Teoria dos Cinco Elementos a unidade do relacionamento mútuo entre os órgãos Zang-fu e os tecidos corporais, bem como, entre o corpo humano e a natureza.
As actividades fisiológicas dos 5 órgãos zang podem ser classificadas de acordo com as diferentes características dos cinco elementos. Por exemplo, diz-se que o fígado preside sobre o fluxo vigoroso do Qi e também tem a função de assegurar a livre circulação do Qi..
Uma vez que estas características são semelhantes à propriedades da madeira, o fígado é caracterizado como madeira. O coração yang tem uma ação de aquecimento, logo pertence à categoria do fogo. O baço é a fonte de transformação das substâncias essenciais e está associado às características do elemento terra de crescimento e transformação. O pulmão tem propriedades de limpeza e está associado com o elemento metal. O rim tem a função de controlar o metabolismo da água e armazenamento de essência e está associado com as características do elemento água.
Acupuntura dos 5 elementos: Este ramo tende a focalizar o componente psico-emocional da saúde e faz tratamento unicamente com base na sua constituição, e utiliza somente acupuntura e moxa.
figado

FÍGADO – órgão Zang

É o centro do metabolismo. Coordena e determina o ritmo de atividade dos outros órgãos do organismo. É um órgão de eliminação de toxinas e resíduos a todos os níveis: físico, mental e psíquico. Pode acumular tensões provenientes de raiva e aborrecimentos. O meridiano comanda as múltiplas funções do fígado, especialmente as relacionadas com o metabolismo, sexualidade, a musculatura e a acuidade visual. Age sobre as dores no fígado e estômago. Atua nos problemas da parte inferior do corpo.
vesícula

VESÍCULA BILIAR – órgão Fu

Comanda a função biliar total: sistema excretor e secretor, intra- e extra-hepático; é um órgão de eliminação. É denominado o “meridiano dos hipocondríacos”. É indicado no tratamento de doenças psicossomáticas; age sobre a coragem e o espírito de determinação, sobre as dores nos olhos, dificuldades de audição, tonturas, depressão, enxaquecas. Pode acumular disfunções provenientes de muitas dúvidas.
coração

CORAÇÃO – órgão Zang

Faz circular os produtos do metabolismo. Representa o centro do amor e segurança. O meridiano comanda a função cardíaca. Atua sobre a temperatura corporal e numa parte do psiquismo: a coragem moral. Atua sobre a boca e garganta, dor ou frio no braço esquerdo.

CIRCULAÇÃO - SEXO

Representa uma função reguladora da sexualidade e das secreções sexuais internas e externas; atua sobre o coração, a circulação e os órgãos sexuais. Relaciona-se com a atividade parassimpática e com o transporte de hormônios, enzimas e produtos do metabolismo intermediário, através da circulação sanguínea. Atua sobre axilas inchadas, cãibras, peito inchado, sensação geral de melancolia.
intistino delgado

INTESTINO DELGADO – órgão Fu

Órgão de eliminação e transformação da energia dos alimentos. Representa a libertação dos desperdícios.
O meridiano atua sobre o intestino delgado e na sua função de absorção dos alimentos transformados no estômago. Atua na surdez, olhos amarelados, dor no cotovelo, na nuca e rosto inchado.

TRIPLO-AQUECEDOR

Representa uma função reguladora de equilíbrio térmico; é responsável pela produção de calor no animal resultante da transformação energética dos alimentos. Relaciona-se com: respiração; digestão: auxilia-a do Intestino Delgado; sistema genito-urinário (excreção de detritos).


baço - pâncreasBAÇO - PÂNCREAS – órgão Zang

Retém energia de reserva. É o órgão de resistência a mudanças. O meridiano atua sobre a função combinada dos órgãos: o baço regula o sangue e o pâncreas regula as reservas de glicogénio (depositado no fígado) através da secreção de insulina. Atua sobre o desenvolvimento mental, moral e intelectual; sobre o sistema genital e seu psiquismo. Atua nos enjoos, soluços, indigestão, diarreia, indisposição geral. Atua também nos problemas centrais do corpo.

estômagoESTÔMAGO– órgão Fu

Recebe alimentos e prepara-os para o metabolismo. É a relação administrativa de ideias e dos pensamentos.
O meridiano atua sobre o estômago e duodeno nas suas funções digestivas transformadoras dos alimentos; relaciona-se coma digestão física, mental e psíquica (a habilidade de digerir a vida).
Atua nas dores de cabeça, calafrios e flatulência. Atua também nos problemas da parte frontal do organismo.

pulmãoPULMÃO – órgão Zang

Recebe o oxigênio para o metabolismo; é um órgão de reserva de energia vital e da habilidade de aceitar a vida. O meridiano atua sobre os pulmões e as vias respiratórias na sua função de absorção e eliminação de substâncias gasosas; estimulado, age sobre todas as deficiências respiratórias.

INTESTINO GROSSO – órgão Fu

Expele o desnecessário para o metabolismo; órgão de eliminação que afeta toda a eliminação através do organismo (pele, muco, etc…). O meridiano atua sobre o intestino grosso e sobre as suas funções de absorção líquida e eliminação de resíduos pesados. Atua nos problemas da parte superior do corpo.

rinsRINS – órgão Zang

Órgão de energia de reserva, expelem os subprodutos do metabolismo. É o órgão do desapontamento, da tristeza e melancolia. O meridiano atua sobre os rins e as glândulas supra-renais, contribuindo para a purificação do sangue e para a regulação de todos os líquidos do corpo. Relaciona-se diretamente com a energia sexual e problemas genitais, apetite sexual, medo, insegurança, determinação.

BEXIGA – órgão Fu

Órgão de bexigaeliminação de toxinas líquidas e emoções negativas (Yin). Está relacionado com o medo extremo, negação da própria vida.O meridiano comanda toda a função de eliminação renal, e atua diretamente sobre o psiquismo. Ação sobre os olhos doloridos, hemorroidas, rupturas, dedos dos pés duros, dores de articulações e de cabeça.


MADEIRAFOGOTERRAMETALÁGUA
Órgãos ZangFígadoCoraçãoBaço /PâncreasPulmãoRins
Órgãos FuVesícula BiliarIntestino delgadoEstômagoIntestino grossoBexiga
Órgãos Guan (abre-se)OlhoLínguaBocaNarizOrelha
Tecidos (Alimenta)Músculos, tendõesPulsoCarne /músculosPele e pêlosOssos
EmoçõesRaivaAlegriaPensamentoTristezaMedo
Tipos de corpoAlto, ossos e articulações fortesMãos pequenas, rápidos e energéticosPernas fortes, calmo, generosoVoz forte, meticuloso, forte e selvagemDigestão forte, leal, adora movimento

PERSONALIDADE

Madeira

As pessoas madeira excedem ou têm problemas em planear, em tomar decisões e ações.O futuro e a sua capacidade de o ver, pode ser a sua força. Quando estão fora do equilíbrio podem adiar ou têm um sensação de não esperança.

Fogo

As pessoas fogo adoram sair e estar em relacionamento com todas as pessoas. Adoram rir e por vezes trazem uma tristeza ou falta de divertirem-se dentro delas.

Terra

As pessoas terra têm a habilidade de alimentar como uma mãe alimenta o filho. Por vezes, as pessoas terra podem ter uma sensação de vazio.

Metal

As pessoas metal procuram o que é puro e espiritual. Estabelecem os padrões mais altos para elas e para os outros. Por vezes têm a sensação do que poderia ter sido.

Água

As pessoas água são persistentes e determinantes e geralmente excedem em situações que os outros acham assustadoras.
MADEIRAFOGOTERRAMETALÁGUA
Estações anoPrimaveraVerãoFinal VerãoOutonoInverno
DireçõesLesteSulCentroOesteNorte
AmbienteVentoCalorúmidoSecoFrio
Estados de desenvolvimento (Mutações)NascimentoDesenvolvimento – crescimentoMutação – transformaçãoRecepçãoconservação
CoresAzulVermelhoAmareloBrancoPreto
SaboresÁcidoAmargoDocePicanteSalgado
SonsRirCantarChorarGemerGritar
OdoresRançosoQueimadoFlagrantePodrePútrido

CICLOS DOS 5 ELEMENTOS – RELAÇÕES E INTERACÇÕES

Dentro da teoria dos cinco elementos existem 4 relações ou vias principais, nas quais os 5 elementos interagem.

Ciclo SHENG ou de produção (ciclo mãe e filho)

ciclo dos elementos
Este ciclo descreve as vias nas quais cada elemento, servindo como mãe, promove o crescimento e desenvolvimento do seguinte filho elemento.Exemplos deste ciclo são a Madeira providência a força produtiva do Fogo, o Fogo providência a força produtiva da Terra, etc… Este relacionamento providência as bases para entender a teoria dos cinco elementos e, consequentemente, onde os desequilíbrios podem surgir dentro do ciclo.Se a Terra, por exemplo, está enfraquecida devido a uma dieta pobre e excesso de trabalho, vai observar-se que vai ser necessário mais alimento do Fogo, para alimentar a Terra. Adicionalmente, se a Terra está enfraquecida, o elemento Metal também pode ser afectado.
Nota: De uma perspectiva clínica observa-se pessoas a desenvolverem problemas digestivos devido á alimentação irregular, ao excesso de preocupação e excesso de trabalho, que conduzem à proliferação da umidade que depois afeta o elemento Metal. Neste caso pode observar-se uma combinação de um inchamento, gás e energia pobre com o desenvolvimento de sintomas Metal(pulmão), tais como sinusite ou asma.

ciclo keCiclo KE ou de dominação (avó –neto)

O ciclo de dominação providência um controlo e um sistema equilibrado entre todos os elementos. Neste ciclo a Terra, por exemplo, providência um controlo à Água e é controlada pela Madeira. Nota: Um exemplo deste relacionamento no organismo é o caso da ansiedade (fogo) que está relacionado com a Estagnação do LV Qi (Madeira) onde, com o tempo começasse a observar mais sinais relacionados com o rim (água), uma vez que o elemento água controla o Fogo superativo.
Nota: Um exemplo deste relacionamento no organismo é o caso da ansiedade (fogo) que está relacionado com a Estagnação do LV Qi (Madeira) onde, com o tempo começasse a observar mais sinais relacionados com o rim (água), uma vez que o elemento água controla o Fogo superativo.
Nota: As cinco fases da energia ou 5 elementos mantêm o equilíbrio interno e a harmonia entre as energias Yin e Yang, através de ciclos de equilíbrio e controlo, chamados ciclo produtivo e ciclo de denominação. Ambos os ciclos, que interagem e equilibram-se um ao outro, estão em constante atividade, mantendo o campo dinâmico destas forças polares, que é necessário para mover e transformar as energias.O ciclo produtivo cria energia e nutre a energia. Por outro lado, o ciclo de dominação cria uma relação de subjugar.
fogoO livro da Medicina Clássica descreve o ciclo de denominação da seguinte forma:
Madeira em contacto com o Metal é abatida;
Fogo em contacto com a água apaga-se;
Terra em contacto com a Madeira é penetrada;
Metal em contacto com o Fogo dissolve-se;
Água em contacto com a Terra pára o seu curso;
Assim que uma das fases de energia se excede tende a exercer um estímulo excessivo sobre o elemento seguinte do ciclo produtivo.
Neste exato momento, o elemento que controla esta energia excessiva entra em ação para restaurar o equilíbrio. O ciclo Produtivo e o de dominação mantêm uma constante relação de harmonia e equilíbrio entre as cinco fases da energia ou as cinco energias elementares.
Exemplo: Se o elemento Madeira gerar demasiada energia, fornecendo ao elemento Fogo muito combustível – o Metal entra em ação, cortando o fornecimento de madeira e assim, restabelece o equilíbrio.

ciclo chengCiclo CHENG ou de agressão

O ciclo de agressão é um desequilíbrio dentro do ciclo de denominação ou controlo, onde o elemento avó providência demasiado controlo sobre o neto e enfraquece o elemento. Na natureza observa-se que a Água apaga o Fogo, a Terra absorve a Água e por aí fora.

Nota: Um exemplo clínico deste tipo de relacionamento será o Fígado (Madeira) sobreatuar sobre o Baço (Terra). Neste caso vai obter-se um elemento Madeira super activo sobre controlando a Terra conduzindo a problemas no sistema digestivo.

ciclo wu

Ciclo WU ou de contradominação

O ciclo de contra dominação também é um desequilíbrio no ciclo de dominação, onde o neto insulta ou retorna a força controladora gerada pela avó. Usando exemplos da natureza, podemos observar o Fogo a queimar a Água e a Água a levar a Terra.


Nota: Clinicamente podemos observar isto nos casos onde as pessoas têm problemas fisiológicos de longa duração (Fogo) que eventualmente afeta os Rins (Água) como se observas no desenvolvimento de mais sinais de deficiência Yin (Água).

RELAÇÕES ENTRE OS ÓRGÃOS ZANG-FU

Apesar dos órgãos Zang-Fu terem funções fisiológicas diferentes, existe uma relação muito próxima entre eles na manutenção das funções normais do organismo. Um entendimento da teoria do relacionamento entre os órgãos Zang e Fu é o grande significado na diferenciação clínica dos síndromes e tratamentos. Interconectados pelo sistema dos Meridianos, os órgãos Zang e Fu têm uma ligação interna e externamente. Por exemplo, o meridiano Tayyin da mão entra na parte inferior do intestino grosso, e sobe através do diafragma para ligar-se ao pulmão. O meridiano Yangming da mão entra no pulmão e desce para se conectar com o intestino grosso. Desta maneira é mantida uma relação interna entre o pulmão e o intestino grosso.Daqui pode observar-se que as atividades funcionais e as relações internas externas dos órgãos Zang-Fu são baseadas no sistema dos meridianos.

Controlo recíproco da atividade dos 5 órgãos

O Qi do pulmão (Metal) purifica e desce, pode deter a subida excessiva do Yang do fígado; a ação reguladora do Fígado (Madeira) pode drenar a congestão da Terra, do Baço; o movimento de transporte e transformação do Baço (Terra) poderá deter o transbordamento da Água dos Rins; a modificação dos Rins (Água) poderá reter o excesso de calor do Fogo do Coração; o calor yang do Coração, poderá controlar um excesso de refrescamento do Metal do Pulmão. 

TEORIA DOS 5 ELEMENTOS E INFLUÊNCIAS PATOLÓGICAS NOS ÓRGÃOS ZANG-FU

órgaosA teoria dos 5 elementos não é apenas usada para correlacionar as funções dos órgãos Zang-Fu, mas também para demonstrar as suas influências patológicas mútuas. Contudo a aplicação da teoria dos cinco elementos na explicação da interação complicada entre os órgãos Zang pode ser sumariada nestas quatro relações:
  • Subjugação extrema;
  • Subjugação contraditória;
  • Doenças da mãe que afeta o filho;
  • Doenças de o filho afeta a mãe.

Exemplo: As doenças do fígado, podem afetar o baço porque a madeira sobre-subjuga a terra, enquanto que a doença do pode afetar o fígado, uma vez que a terra contradiz subjugando a madeira. As doenças do Fígado e Baço interagem umas com as outras. A doença do Fígado também pode afetar o coração, isto é uma doença “mãe a afetar o filho”. Se a doença do fígado é transmitida ao pulmão, isto é categorizado como a madeira contradiz subjugando o metal. Se é transmitido ao Rim, então é considerado uma doença “filho a afetar a mãe”.

USO DA TEORIA DOS 5 ELEMENTOS NO DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO

Alterações anormais nas funções internas dos órgãos e no relacionamento podem ser detectadas pelas aparências externas. De acordo com a teoria dos 5 elementos os 5 órgãos Zang têm uma certa ligação com as 5 cores, 5 tons, 5 sabores, bem como com as alterações de pulso. Logo, no diagnóstico clínico de uma doença, os dados recolhidos pelos 4 métodos de diagnóstico (inspeção, auscultação e olfato, anamnese e palpação) devem ser analisados de acordo com as propriedades e leis de alteração da produção mútua e subjugação, extrema subjugação, e subjugação contraditória da teoria dos 5 elementos. A ocorrência e desenvolvimento de uma doença está, por vezes, relacionada com a anomalia do relacionamento da produção mútua e subjugação.Logo, o tratamento clínico não se deve concentrar apenas no órgão Zang doente, mas também ter em consideração o reajustamento das relações entre os órgãos zang ou Fu particulares, de acordo com a teoria dos 5 elementos.
Exemplo: Um aspecto azulado com uma preferência para a comida com sabor amargo e um pulso de arame, sugere uma doença do fígado.Uma face rosada acompanhada com um sabor picante na boca e um pulso cheio de força, sugere doença do coração. Um paciente com um baço com qi insuficiente pode ter um aspecto azulado implicando a madeira (fígado) extrema subjugação da terra (baço).
As teorias do Yin-Yang e dos 5 elementos representam ao mundo uma metodologia utilizada pelos Chineses ancestrais para o seu entendimento e explicação da natureza. A aplicação destas duas teorias na Medicina Chinesa consiste na observação do fenómeno e leis da natureza e na aplicação das mesmas no estudo das atividades fisiológicas e alterações patológicas do organismo humano e relacionamentos. A teoria do Yin-Yang explica a dinâmica dos objetos físicos através de uma consideração de relações contraditórias, de dependência mútua, de aumento-consumo e de transformação. As atividades fisiológicas humanas normais são entendidas como o equilíbrio relativo e harmonização entre o yang e yin. Quando o yin e yang perdem o seu equilíbrio relativo e coordenação, as doenças aparecem. As teorias Yin-Yang e dos 5 elementos são usadas em conjunto como um guia para o diagnóstico clínico e tratamento.
Nota: Um praticante da teoria dos 5 elementos dá grande importância no verdadeiro conhecimento da pessoa, do seu ambiente, a sua história e a maneira de trabalhar dos 5 elementos na sua vida.
Trabalho desenvolvido pela aluna Ana Margarida Guilherme do Curso de MTC