quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Cidadão-Cidadã - Jorge Mautner





Assim como é natural o vôo da borboleta
Assim como falta uma mão no maneta
Assim como não acho nada de anormal
No fato de você ser trocaletra
Acho que se deve ser diferente
E não como toda a gente
Mas igualmente ser gente
Como toda essa gente
Deste país continente, e de todo o planeta
Assim como é lindo o pirata apesar de ser perneta
Com uma mão segurando a mão do grumete
E com a outra a luneta
Dizendo é natural que os anjos do juízo final toquem trombeta
E vieram pelos espaços os anjos do senhor
E desceram como pára-quedas azuis e transparentes
No meio do campo de batalha
Que era televisionado vinte e cinco horas
Por dia, via satélite, a cores
E no meio dos horrores
Tocaram suas trombetas
E derrubaram a muralha de Jericó
Quem, quem, quem a não ser o som
Poderia derrubar a muralha dos ódios
Dos preconceitos, das intolerâncias
Das tiranias, das ditaduras
Dos totalitarismos, das patrulhas ideológicas
E do nazismo universal?
Acho que todo cidadão
Ou cidadã
Deve ter possibilidades de felicidades
Do tamanho de um super Maracanã
E deve e pode ser azul, negro ou cinza
Sorridente ou ranzinza
Verde, amarelo e da cor vermelha
Deve-se somente ser e não temer viver
Com o que der e vier na nossa telha
Vivamos em paz
Porque tanto faz
Gostar de coelho
Ou de coelha...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

População vive mais, porém mais doente

Estudo faz panorama de doenças e mortes em todo o mundo

 

O mundo tem conseguido evitar mortes prematuras, mas as pessoas têm vivido mais e mais doentes, segundo o Estudo sobre a Carga Global das Doenças (GBD, na sigla em inglês) 2010, um projeto colaborativo liderado pelo Instituto de Métrica e Avaliação da Saúde (IHME, na sigla em inglês), da Universidade de Washington, nos EUA.
Os resultados serão anunciados nesta sexta-feira (14) pela Sociedade Real de Londres e também aparecerão neste sábado (15) na revista científica "The Lancet", que pela primeira vez em sua história vai dedicar uma edição inteira a uma única pesquisa. Ao todo, são sete artigos científicos e comentários sobre os maiores desafios mundiais na área da saúde.
Segundo o levantamento, o mundo tem passado por grandes mudanças desde a década de 1990, quando foi feita a primeira edição do GBD. De lá para cá, a população global tem envelhecido mais, a incidência de doenças infecciosas e desnutrição infantil tem caído, e – com exceção da África Subsaariana –, as pessoas estão mais propensas a ter uma vida adulta pouco saudável, por causa do sedentarismo e da má alimentação.
Obesidade (Foto: Kirsty Wigglesworth/AP)Epidemia de obesidade no mundo já ultrapassou os casos de desnutrição
Essa "carga de saúde" definida pelo GBD está mais ligada ao que nos faz mal, e não ao que está nos matando. O maior contribuinte para isso costumava ser a mortalidade precoce – que atingiu mais de 10 milhões de crianças menores de 5 anos –, mas agora a realidade é outra, com mais doenças crônicas (como asma, pressão alta, infarto, derrame, obesidade, diabetes, fumo, alcoolismo e câncer), lesões nos músculos e ossos (como osteoporose) que causam invalidez e mortes, e problemas mentais. E esse número cresce à medida que as pessoas vivem mais.
O estudo aponta ainda que, enquanto os países têm feito um ótimo trabalho para combater doenças fatais, principalmente as infectocontagiosas (como a Aids), a população mundial está vivendo com mais problemas de saúde que causam dor, prejudicam a mobilidade e capacidades como a visão, a audição e o funcionamento cerebral.
De acordo com o diretor do IHME, Christopher Murray, pouquíssimos indivíduos estão vivendo em perfeitas condições de saúde e, com a idade, a maioria acumula doenças.
"Deveríamos recalibrar o que a vida será para nós quando tivermos 70 ou 80 anos. Isso também tem profundas implicações para os sistemas de saúde, visto que eles definem prioridades", disse.
Paciente com AVC aguarda atendimento em estacionamento do Hospital Dório Silva no ES (Foto: Reprodução/TV Gazeta)Infarto e AVC foram as principais causas
de mortes globais em 40 anos
Mais de 300 instituições envolvidas
 
O atual GBD começou a ser feito em 2007 e contou com a colaboração de 302 instituições em 50 países – sendo 26 de baixa e média rendas. Entre as entidades participantes, estão a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Faculdade de Saúde Pública da Universidade Harvard, a Faculdade de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins, o Imperial College de Londres, a Universidade de Tóquio e a Universidade de Queensland, na Austrália.
O projeto foi inicialmente financiado pelo Banco Mundial e, depois, pela Fundação Bill & Melinda Gates. Ao todo, 486 pesquisadores participaram desse trabalho científico para quantificar os níveis e as tendências de problemas de saúde no mundo.
Os autores usaram registros, pesquisas, censos e análises de ensaios clínicos disponíveis. Com isso, conseguiram mapear a atual situação em cada local, desde os casos de Aids até de deficiência nutricional de substâncias como zinco. Novas ferramentas de avaliação foram desenvolvidas para preencher as lacunas de informações nos países em que elas eram escassas. Os métodos foram testados usando estimativas de lugares onde há dados mais facilmente disponíveis, como EUA e Japão. As estatísticas sobre doenças do coração se mostraram mais abundantes que as de coqueluche, por exemplo.
O GBD conseguiu, então, produzir 650 milhões de estimativas sobre desafios de saúde grandes e pequenos.
"Além de o GBD oferecer descobertas epidemiológicas significativas, que vão moldar os debates políticos em todo o mundo, ele delineia as lacunas sobre o conhecimento existente sobre doenças e traça novas maneiras de melhorar a coleta e a análise de dados de saúde pública", disse Paul Farmer, presidente do Departamento de Medicina Global e Medicina Social da Faculdade de Medicina de Harvard.
Acidentes e carreta quebrada na  via travam trânsito em Salvador (Foto: Imagem/ TV Bahia)Acidentes de trânsito e lesões na coluna lombar são os problemas que mais incapacitaram adultos de 15 a 49 anos em todo o mundo entre 1990 e 2010, segundo o levantamento GBD
Mortes entre adultos e crianças
O estudo também destaca que, apesar de importantes avanços como a queda na mortalidade infantil, doenças como diarreia causada por rotavírus e sarampo são responsáveis pela morte de mais de 1 milhão de crianças com menos de 5 anos por ano no mundo, apesar de existirem vacinas eficazes contra os dois problemas.
Além disso, o que mais chamou a atenção dos especialistas é que o número de mortes entre adultos de 15 a 49 anos cresceu 44% no período de 1970 a 2010. O resultado é, em parte, pelo aumento da violência e pela elevação contínua dos casos de HIV, que mata mais de 1,5 milhão de pessoas por ano em todo o mundo.
Os riscos associados à dieta e ao sedentarismo, como excesso de peso e altas taxas de açúcar no sangue, são responsáveis por 10% da carga de doenças globais e só tendem a aumentar.
Segundo os cientistas, grande parte da carga na saúde é causada por um grupo relativamente pequeno de doenças. Os pesquisadores examinaram mais de 300 enfermidades, lesões e fatores de risco, e descobriram que apenas 50 causas diferentes eram responsáveis por 78% da carga global de doenças – 18 delas respondiam por mais da metade do total.
As doenças isquêmicas do coração, como o infarto, e o acidente vascular cerebral (AVC) foram as duas maiores causas de mortes no mundo entre 1990 e 2010. Problemas como diabetes, câncer de pulmão e doença pulmonar obstrutiva crônica também subiram, enquanto casos de diarreia, tuberculose e infecções respiratórias nas vias aéreas inferiores (traqueia, brônquios e bronquíolos) caíram.
Entre as doenças que provocam mortes prematuras e incapacidade, houve outra mudança: a encefalopatia neonatal – doença cerebral fatal em recém-nascidos – e a desnutrição infantil deixaram de estar entre as dez principais causas de óbitos entre 1990 e 2010, e foram substituídos por lesões decorrentes de acidentes de trânsito e dor na coluna lombar.
África doenças negligenciadas (Foto: Juan Carlos Tomas/MSF)Pacientes são atendidos no Sudão, onde muitas doenças são endêmicas .
Diferenças continentais
O GBD 2010 observou que a lacuna na área da saúde entre a África Subsaariana e o resto do mundo está aumentando. Na porção austral da África, ainda há mais incidência de doenças infecciosas, infantis e mortes maternas, que chegam a 70% da carga das doenças. No Sul da Ásia e na Oceania, esse peso é de 30% e nas demais regiões do planeta, menos de 20%.
Além disso, a idade média de morte subiu mais de 25 anos na América Latina, na Ásia e no Norte da África em 40 anos, e na África Subsaariana cresceu menos de 10. E doenças que têm sido tradicionalmente considerada "ocidentais", também têm se elevado entre os africanos, como dores, ansiedade, depressão e outros distúrbios mentais.
Os pesquisadores esperam agora que os governos atentem para esses resultados e deem mais atenção para problemas negligenciados, como foram os casos de malária anunciados pelo GBD de 1990. Segundo os coordenadores, a ferramenta deve servir para líderes e ministros da Saúde se preparar para os desafios, sem deixar que o impacto sobre as economias mundiais afete os investimentos.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

EFT



O Termo EFT significa Técnica de Libertação Emocional ou como é mais conhecido em Inglês Emotional Freedom Tecniquies, que também pode ser chamado de acupuntura emocional.
A técnica se baseia no fato de que as emoções negativas estão ligadas a bloqueios nos canais energéticos, por tanto, se tal bloqueio for sanado o sentimento negativo desaparece. Para isso emprega-se o desbloqueio de tais canais energéticos, enquanto o indivíduo de concentra em um determinado problema a ser curado. Tais canais fluem através de pontos específicos que são os mesmos utilizados na acupuntura só que neste caso não é necessário o uso de agulhas.
São necessárias apenas leves batidinhas nos locais específicos utilizando as pontas dos dedos em cima de cada ponto específico enquanto se repete diversas vezes o problema emocional do qual pretende se livrar. Para isso se utiliza das chamadas frases lembrete. Segundo o Site "Liberdade Emocional EFT" Tais frases são descritas como "frases que trazem a tona os sentimentos negativos que precisam ser trabalhados, e indicam ao sistema energético o que está sendo tratado".
Este não é um caminho complicado e exigente, na verdade sua grande força está na grande simplicidade com que é feita e nos resultados imediatos e duradouros que provoca. A eficácia se deve ao fato de ao invés de suprimir as emoções negativas elas são trazidas a tona em sua intensidade, assim se torna fácil eliminá-los através dos desbloqueio de canais deixando que a emoções fluam e escoem até que não estejam mais presente. 

A Grande questão desta técnica é a eliminação rápida de questões emocionais. Situações problema que se arrastam por anos, muitas vezes advém de uma única questão emocional, questão essa que quando eliminada faz com que o problema vá deixando de existir. Exatamente por isso que antes da aplicação da técnica é necessário que se descubra a fonte de tais emoções. Dai a necessidade de um terapeuta, pois muitas vezes a motivação emocional é algo que está intrínseco no indivíduo impossibilitando-o de reconhecer tais emoções.
O EFT é capaz de curar quase qualquer tipo de emoção como:
Raiva
Mágoa
Tristeza
Claustrofobia
Medo de Altura
De multidões
Medo de Falar em Público
Medo de Dirigir
Medo de Animais e insetos
Memórias Traumáticas
Ansiedade
Compulsão Alimentar
Vícios
Roer Unhas
Depressão
Síndrome do Pânico
Stress
Insônia
Dores como:
Dores Crônicas ou não
Enxaqueca
Dores de cabeça "normais"
Dor na coluna
Dores nas juntas
Dores nos tendões
Cólicas menstruais
Dores devidas a traumas físicos
Problemas Físicos Como:
Pressão Alta
Diabetes
Asma
Artrite
Alergias de Todos os Tipos

E todos os males físicos advindos de problemas emocionais. O que na visão da acupuntura são praticamente todos o que significa que de acordo com a doença se identifica o problema emocional e o trata eliminando assim a doença que a emoções provoca.

Fonte:marlucereiki.blogspot.com.br

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Carl Rogers, um psicólogo a serviço do estudante

Para o fundador da terapia não-diretiva, a tarefa do professor é liberar o caminho para que o estudante aprenda o que quiser



Carl Rogers. Foto: reprodução / arquivo pessoal
Carl Rogers

As idéias do norte-americano Carl Rogers (1902-1987) para a educação são uma extensão da teoria que desenvolveu como psicólogo. Nos dois campos sua contribuição foi muito original, opondo-se às concepções e práticas dominantes nos consultórios e nas escolas. A terapia rogeriana se define como não-diretiva e centrada no cliente (palavra que Rogers preferia a paciente), porque cabe a ele a responsabilidade pela condução e pelo sucesso do tratamento. Para Rogers, o terapeuta apenas facilita o processo. Em seu ideal de ensino, o papel do professor se assemelha ao do terapeuta e o do aluno ao do cliente. Isso quer dizer que a tarefa do professor é facilitar o aprendizado, que o aluno conduz a seu modo.


A teoria rogeriana - que tem como característica um extenso repertório de expressões próprias - surgiu como uma terceira via entre os dois campos predominantes da psicologia em meados do século 20. De um lado havia a psicanálise, criada por Sigmund Freud (1856-1939), com sua prática balizada pela ortodoxia, e, de outro, o behaviorismo, que na época tinha B. F. Skinner (1904-1990) como expoente e se caracteriza pela submissão à biologia. A corrente de Rogers ficou conhecida como humanista, porque, em acentuado contraste com a teoria freudiana, ela se baseia numa visão otimista do homem. 


Para Rogers, a sanidade mental e o desenvolvimento pleno das potencialidades pessoais são tendências naturais da evolução humana. Removidos eventuais obstáculos nesse processo, as pessoas retomam a progressão construtiva. "Ele chamou a atenção para a formação da pessoa, a importância de viver em busca de uma harmonia consigo mesma e com o entorno social", diz Ana Gracinda Queluz, pró-reitora adjunta de pesquisa e pós-graduação da Universidade Cidade de São Paulo. 


Rogers sustentava que o organismo humano - assim como todos os outros, incluindo o das plantas - possui uma tendência à atualização, que tem como fim a autonomia. Na teoria rogeriana, essa é a única força motriz dos seres vivos. No caso particular dos seres humanos, segundo Rogers, o processo constante de atualização gerou a sociedade e a cultura, que se tornam forças independentes dos indivíduos e podem trabalhar contra o desenvolvimento de suas potencialidades.

O saudável é natural

Uma crença básica de Rogers é que o organismo humano sabe o que é melhor para ele e para isso conta com sentidos aprimorados ao longo da evolução da espécie. Tato, olfato e paladar reconhecem como prazeroso (sabor e cheiro agradáveis, por exemplo) o que é saudável. Igualmente, nossos instintos estão prontos a valorizar a "consideração positiva", conceito rogeriano que engloba atitudes como cuidado, carinho, atenção etc. 


Até aqui, tudo bem - as pessoas sabem o que é bom para elas e podem encontrar aquilo de que necessitam na natureza e na família. O problema, segundo Rogers, é que a sociedade e a cultura desenvolvem mecanismos que contrariam essas relações potencialmente harmoniosas. Entre os mais nocivos está a "valorização condicional", o hábito que a família, a escola e outras instituições sociais têm de apenas atender às necessidades do indivíduo se ele se provar merecedor. Decorrem disso a "consideração positiva condicional" - cujo exemplo típico é o carinho dos pais dado como recompensa por bom comportamento - e a "autoconsideração positiva condicional" - originada pela tendência que as pessoas têm a absorver os valores culturais e utilizá-los como parâmetro para a valorização de si mesmas. 


Funcionalidade plena

Do conflito entre o indivíduo ("sou") e o que se exige dele ("devo ser") nasce o que Rogers chama de incongruência, que gera sofrimento. Esse é o processo que, para ele, define neurose. Ao se ver pressionada a corresponder às expectativas sociais, a pessoa se vê numa situação de ameaça, o que a leva a desenvolver defesas psicológicas. 


Diante disso, o objetivo do terapeuta e do professor é permitir que seus clientes e alunos se tornem pessoas "plenamente funcionais", ou seja, saudáveis. As principais marcas desse estado de funcionalidade são a abertura a novas experiências, capacidade de viver o aqui e o agora, confiança nos próprios desejos e intuições, liberdade e responsabilidade de agir e disponibilidade para criar. 


Já que se tornar uma pessoa saudável é, basicamente, uma questão de ouvir a si mesma e satisfazer os próprios desejos (ou interesses), as melhores qualidades de um terapeuta ou de um professor são saber facilitar esses processos e interferir o menos possível. É esse o significado do termo "não-diretivo", a marca registrada do rogerianismo. Para que o terapeuta ou o professor seja capaz de exercer tal papel, três qualidades são requeridas: congruência - ser autêntico com o cliente/aluno; empatia - compreender seus sentimentos; e respeito - "consideração positiva incondicional", no jargão rogeriano. "O difícil na teoria rogeriana é mudar a postura diante do outro e não se surpreender com o que é humano", diz Ana Gracinda. Em grande parte, para Rogers, a chave do ensino produtivo é uma questão de ética.

O mais importante é a relação aluno-professor

No campo da educação, Carl Rogers pouco se preocupou em definir práticas. Chegou a afirmar que "os resultados do ensino ou não têm importância ou são perniciosos". Acreditava ser impossível comunicar diretamente a outra pessoa o conhecimento que realmente importa e que ele definiu como "a verdade que foi captada e assimilada pela experiência pessoal". Além disso, Rogers estava convencido de que as pessoas só aprendem aquilo de que necessitam ou o que querem aprender. Sua atenção recaiu sobre a relação aluno-professor, que deve ser impregnada de confiança e destituída de noções de hierarquia. Instituições como avaliação, recompensa e punição estão completamente excluídas, exceto na forma de auto-avaliação. Embora anticonvencional, a pedagogia rogeriana não significa abandonar os alunos a si mesmos, mas dar apoio para que caminhem sozinhos.

Biografia

Carl Ransom Rogers nasceu em Oak Park, perto de Chicago, em 1902. Teve uma infância isolada e uma educação fortemente marcada pela religião. Tornou-se pastor e encaminhou os estudos para a teologia, quando começou a se interessar por psicologia. Na nova carreira, o primeiro foco de trabalho foram crianças submetidas a abusos e maus-tratos. Por essa época começou, por observação, a desenvolver suas teorias sobre personalidade e prática terapêutica. Aos 40 anos publicou o primeiro livro. Seguiram-se mais de 100 publicações destinadas a divulgar suas idéias, que ganharam seguidores em todo o mundo. Rogers quis provocar uma ruptura na psicologia, dando a condução do tratamento ao cliente, e não temeu acusar de autoritários a maioria dos métodos hegemônicos na área. O pilar da terapia rogeriana são os "grupos de encontro", em que vários clientes interagem. Rogers foi um dos primeiros a gravar e filmar as sessões de terapia. Morreu de um ataque cardíaco em 1987, em San Diego, Califórnia.

Teoria adequada a um tempo de contestação
Hippies norte-americanos dos anos 1960: contracultura adotou as idéias de Rogers. Foto: John Dominis/Getty Images
Hippies norte-americanos dos anos  1960: contracultura adotou as idéias  de Rogers.
Nascido no meio rural, Carl Rogers foi marcado por toda a vida pela idéia da natureza e pelo fenômeno do crescimento - o objetivo de sua terapia era crescimento pessoal e não uma idéia estática de maturidade emocional -, o que o levou a se aprofundar no estudo da obra do educador e filósofo norteamericano John Dewey (1859-1952). Como alguém cujo tempo de vida quase coincidiu com o século 20, Rogers teve a possibilidade de testemunhar o surgimento de várias correntes psicológicas e a disseminação da psicoterapia - um conhecimento indispensável para que, por oposição, ele criasse a sua própria corrente. O aspecto marcadamente antiautoritário e anticonvencional de seu pensamento o tornou muito atraente nos anos 1960, durante o auge da contracultura, representada em parte pelo movimento hippie. No Brasil, a influência de Rogers também se deu por essa época, em particular na formação de orientadores educacionais. "Os orientadores agiam em grande parte como mediadores de conflito e o conhecimento de Rogers permitia que eles pudessem exercer a função sem punições, mas também sem fechar os olhos para os problemas", diz a educadora Ana Gracinda Queluz.

Para pensar

Uma crítica que se costuma fazer à influência de Rogers na educação é que suas idéias incentivam uma liberdade sem limites, permitindo que os alunos façam o que querem, levando à indisciplina e ao individualismo. Outra objeção comum, desta vez no campo teórico, é que Rogers via os seres humanos com excessiva benevolência, sem levar em consideração possíveis impulsos inatos para a agressividade, a competição ou a autodestruição. Baseado em sua experiência em sala de aula, qual é sua opinião? É possível fundamentar a prática pedagógica na idéia de que todo aluno tem tendência natural ao aprendizado e a relações interpessoais construtivas?

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

AINDA SOBRE A ELEGÂNCIA - Algumas considerações sobre o mau humor -


Vamos falar sobre a elegância. Essa característica tão fugidia, e cada vez mais difícil nos relacionamentos humanos, mostra-se inesgotável à medida que percebemos o quanto fazem falta pequenos gestos que podem,fazer a diferença, no nosso dia e no dia do outro.

Vamos nos aprofundar em uma das características que podem destruir de vez nossa tentativa de nos tornarmos pessoas elegantes: o mau humor.

A eterna Cora Coralina disse certa vez: “... a sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”. Essa frase me trouxe uma inquietação... Pessoas sábias podem ser mal humoradas? Acho difícil.

A arrogância combina melhor com o mau humor.

Pessoas mal humoradas são credoras da vida e das outras pessoas, acham que alguém sempre lhe deve alguma coisa: explicações, obediência, cortesia, amizade. Ninguém fica de mau humor se pensar que os outros não lhe devem nada. Se não lhe devem, não têm que lhe suportar.

Assim sendo, licenciosamente afirmo: o bom humor se aprende com os humildes.

São comuns as queixas de pessoas pouco, relativamente ou muito insuportáveis. Conviver com uma pessoa mal-humorada é difícil e desagradável.

A psiquiatria prevê diversos transtornos do humor e o quadro mais relacionado ao Mau Humor é, a Distimia. Trata-se de um estado depressivo crônico, que se manifesta através do mau humor, chatice, birra, implicância, desânimo, irritabilidade, entre outros inconvenientes e deselegantes sintomas.

Sem a menor pretensão de aprofundar nas questões orgânicas do mau humor, poderia dizer que o problema mais decisivo é a possibilidade do “mau humorado” ter ou não uma crítica sobre sua situação existencial de mau-humorado, ou seja, saber se essa condição agrada ou não à pessoa que nela está.

Há quem lamente pelo seu estado de ânimo e quem levanta a bandeira do mau humor dizendo-se no direito de apresentar sua chatice crônica, buscando justificar no cotidiano e nas circunstâncias as causas para seu azedume. Essas justificativas vão desde uma simples dor de dentes até um pneu furado, colocando a responsabilidade de sua tristeza no ambiente à sua volta.

Pessoas assim se sentem no direito de serem desagradáveis com seus amigos, familiares, colegas de trabalho e com todos aqueles que encontram pela frente. Vangloriam-se em dizer que precisam ser respeitadas em sua disposição e são incapazes de suportar tudo aquilo que consideram como infração às suas próprias vontades, por isso são inflexíveis.

Mas vamos falar do que interessa: um mal humorado nunca é elegante. Aliás, o mau humor é a deselegância instituída. Pessoas que se acham no direito de serem cínicas, intratáveis ou mal educadas, alegando “não estarem em um bom dia” são extremamente deselegantes.

Na Grécia antiga, o filósofo Theofrasto descreve uma tipologia de 29 "caracteres" comuns às pessoas mal humoradas que incluía arrogância, distraibilidade, mudanças repentinas de humor, indiferença, grosseria e teimosia, entre outras. Em sua descrição caracterizava essas pessoas como desagradavelmente diferentes das demais. Por desagradavelmente diferente, entenda-se: deselegante.

Pessoas que estão sempre de mau humor são incapazes de apreciar o que as outras pessoas fazem. São pessoas que acreditam que críticas azedas e maldosas podem ajudar os outros a melhorarem. São pessoas que, mesmo quando chegam levemente perto do bom humor, este se parece mais ironia e sarcasmo do que o verdadeiro e sábio estado de ânimo denominado “Bom humor”.

Por ser tão mais comum do que, claro, gostaríamos, o mau humor é objeto de estudo e pesquisa, e há sim, quem dele sofra e sofra com ele. Estudiosos descrevem os mal humorados como "aristocratas do sofrer", pelo fato de alguns se apresentarem de modo arrogante.

A deselegância se instala exatamente aí, pois, o sintoma mais marcante do mau humor é, sem dúvida, a pouca tolerância com o ambiente; seja com as pessoas, com os acontecimentos, com os objetos, com o clima, com a política, com a sociedade, com a economia, com o trânsito, com as filas, enfim, com o mundo. É como se estivéssemos falando de uma pessoa alérgica a tudo, só que, ao invés de reagir às coisas do ambiente com crises alérgicas, reagiria aos acontecimentos com mau humor.

E sabemos o quanto a intolerância é deselegante. Pessoas intolerantes são naturalmente aborrecidas, e qualquer evento que não as satisfaça plenamente terá um efeito avassalador sobre seu estado de humor. Como a vida em sociedade e em família implica em reciprocidade de comportamentos, não demora muito para que as outras pessoas, reagindo à chatice e à deselegância do mal humorado, adotem comportamentos preventivos e evitativos, agravando ainda mais a vida de relação dos mal humorados. Pessoas com as quais ao se conversar ou tratar temos que saber antes como está o seu humor, são pessoas fadadas ao fracasso no relacionamento interpessoal e, portanto distantes do sucesso que tanto almejam.
 
Aristóteles disse: “Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa, não é fácil.” Assim como achar que estamos sempre certos, é fácil, mas olhar além do nosso umbigo, incluir em nossos julgamentos a dimensão do outro e tentar conviver com elegância, não é nada fácil. Mas insisto, sempre vale tentar.


Fonte: http://www.vivaitabira.com.br

Considerações finais deste humilde articulista: A cultura da deselegância, predominante no momento atual, tem nos tornado pobres de espírito.

Vejam um fato, muito estimulado por programas, auto-intitulados, de humor que aconteceu meses atrás: