sexta-feira, 9 de novembro de 2012

AINDA SOBRE A ELEGÂNCIA - Algumas considerações sobre o mau humor -


Vamos falar sobre a elegância. Essa característica tão fugidia, e cada vez mais difícil nos relacionamentos humanos, mostra-se inesgotável à medida que percebemos o quanto fazem falta pequenos gestos que podem,fazer a diferença, no nosso dia e no dia do outro.

Vamos nos aprofundar em uma das características que podem destruir de vez nossa tentativa de nos tornarmos pessoas elegantes: o mau humor.

A eterna Cora Coralina disse certa vez: “... a sabedoria se aprende é com a vida e com os humildes”. Essa frase me trouxe uma inquietação... Pessoas sábias podem ser mal humoradas? Acho difícil.

A arrogância combina melhor com o mau humor.

Pessoas mal humoradas são credoras da vida e das outras pessoas, acham que alguém sempre lhe deve alguma coisa: explicações, obediência, cortesia, amizade. Ninguém fica de mau humor se pensar que os outros não lhe devem nada. Se não lhe devem, não têm que lhe suportar.

Assim sendo, licenciosamente afirmo: o bom humor se aprende com os humildes.

São comuns as queixas de pessoas pouco, relativamente ou muito insuportáveis. Conviver com uma pessoa mal-humorada é difícil e desagradável.

A psiquiatria prevê diversos transtornos do humor e o quadro mais relacionado ao Mau Humor é, a Distimia. Trata-se de um estado depressivo crônico, que se manifesta através do mau humor, chatice, birra, implicância, desânimo, irritabilidade, entre outros inconvenientes e deselegantes sintomas.

Sem a menor pretensão de aprofundar nas questões orgânicas do mau humor, poderia dizer que o problema mais decisivo é a possibilidade do “mau humorado” ter ou não uma crítica sobre sua situação existencial de mau-humorado, ou seja, saber se essa condição agrada ou não à pessoa que nela está.

Há quem lamente pelo seu estado de ânimo e quem levanta a bandeira do mau humor dizendo-se no direito de apresentar sua chatice crônica, buscando justificar no cotidiano e nas circunstâncias as causas para seu azedume. Essas justificativas vão desde uma simples dor de dentes até um pneu furado, colocando a responsabilidade de sua tristeza no ambiente à sua volta.

Pessoas assim se sentem no direito de serem desagradáveis com seus amigos, familiares, colegas de trabalho e com todos aqueles que encontram pela frente. Vangloriam-se em dizer que precisam ser respeitadas em sua disposição e são incapazes de suportar tudo aquilo que consideram como infração às suas próprias vontades, por isso são inflexíveis.

Mas vamos falar do que interessa: um mal humorado nunca é elegante. Aliás, o mau humor é a deselegância instituída. Pessoas que se acham no direito de serem cínicas, intratáveis ou mal educadas, alegando “não estarem em um bom dia” são extremamente deselegantes.

Na Grécia antiga, o filósofo Theofrasto descreve uma tipologia de 29 "caracteres" comuns às pessoas mal humoradas que incluía arrogância, distraibilidade, mudanças repentinas de humor, indiferença, grosseria e teimosia, entre outras. Em sua descrição caracterizava essas pessoas como desagradavelmente diferentes das demais. Por desagradavelmente diferente, entenda-se: deselegante.

Pessoas que estão sempre de mau humor são incapazes de apreciar o que as outras pessoas fazem. São pessoas que acreditam que críticas azedas e maldosas podem ajudar os outros a melhorarem. São pessoas que, mesmo quando chegam levemente perto do bom humor, este se parece mais ironia e sarcasmo do que o verdadeiro e sábio estado de ânimo denominado “Bom humor”.

Por ser tão mais comum do que, claro, gostaríamos, o mau humor é objeto de estudo e pesquisa, e há sim, quem dele sofra e sofra com ele. Estudiosos descrevem os mal humorados como "aristocratas do sofrer", pelo fato de alguns se apresentarem de modo arrogante.

A deselegância se instala exatamente aí, pois, o sintoma mais marcante do mau humor é, sem dúvida, a pouca tolerância com o ambiente; seja com as pessoas, com os acontecimentos, com os objetos, com o clima, com a política, com a sociedade, com a economia, com o trânsito, com as filas, enfim, com o mundo. É como se estivéssemos falando de uma pessoa alérgica a tudo, só que, ao invés de reagir às coisas do ambiente com crises alérgicas, reagiria aos acontecimentos com mau humor.

E sabemos o quanto a intolerância é deselegante. Pessoas intolerantes são naturalmente aborrecidas, e qualquer evento que não as satisfaça plenamente terá um efeito avassalador sobre seu estado de humor. Como a vida em sociedade e em família implica em reciprocidade de comportamentos, não demora muito para que as outras pessoas, reagindo à chatice e à deselegância do mal humorado, adotem comportamentos preventivos e evitativos, agravando ainda mais a vida de relação dos mal humorados. Pessoas com as quais ao se conversar ou tratar temos que saber antes como está o seu humor, são pessoas fadadas ao fracasso no relacionamento interpessoal e, portanto distantes do sucesso que tanto almejam.
 
Aristóteles disse: “Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da maneira certa, não é fácil.” Assim como achar que estamos sempre certos, é fácil, mas olhar além do nosso umbigo, incluir em nossos julgamentos a dimensão do outro e tentar conviver com elegância, não é nada fácil. Mas insisto, sempre vale tentar.


Fonte: http://www.vivaitabira.com.br

Considerações finais deste humilde articulista: A cultura da deselegância, predominante no momento atual, tem nos tornado pobres de espírito.

Vejam um fato, muito estimulado por programas, auto-intitulados, de humor que aconteceu meses atrás:
 

 

   

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