Vamos falar sobre a elegância. Essa característica tão fugidia, e cada
vez mais difícil nos relacionamentos humanos, mostra-se inesgotável à medida
que percebemos o quanto fazem falta pequenos gestos que podem,fazer a
diferença, no nosso dia e no dia do outro.
Vamos nos aprofundar em uma das características que podem destruir de
vez nossa tentativa de nos tornarmos pessoas elegantes: o mau humor.
A eterna Cora Coralina disse certa vez: “... a sabedoria se aprende é
com a vida e com os humildes”. Essa frase me trouxe uma inquietação... Pessoas
sábias podem ser mal humoradas? Acho difícil.
Pessoas mal humoradas são credoras da vida e das outras pessoas, acham
que alguém sempre lhe deve alguma coisa: explicações, obediência, cortesia,
amizade. Ninguém fica de mau humor se pensar que os outros não lhe devem nada.
Se não lhe devem, não têm que lhe suportar.
Assim sendo, licenciosamente afirmo: o bom humor se aprende com os humildes.
São comuns as queixas de pessoas pouco, relativamente ou muito insuportáveis.
Conviver com uma pessoa mal-humorada é difícil e desagradável.
A psiquiatria prevê diversos transtornos do humor e o quadro mais relacionado
ao Mau Humor é, a Distimia. Trata-se de um estado depressivo crônico, que se
manifesta através do mau humor, chatice, birra, implicância, desânimo,
irritabilidade, entre outros inconvenientes e deselegantes sintomas.
Sem a menor pretensão de aprofundar nas questões orgânicas do mau humor,
poderia dizer que o problema mais decisivo é a possibilidade do “mau humorado”
ter ou não uma crítica sobre sua situação existencial de mau-humorado, ou seja,
saber se essa condição agrada ou não à pessoa que nela está.
Há quem lamente pelo seu estado de ânimo e quem levanta a bandeira do
mau humor dizendo-se no direito de apresentar sua chatice crônica, buscando
justificar no cotidiano e nas circunstâncias as causas para seu azedume. Essas
justificativas vão desde uma simples dor de dentes até um pneu furado,
colocando a responsabilidade de sua tristeza no ambiente à sua volta.
Pessoas assim se sentem no direito de serem desagradáveis com seus amigos,
familiares, colegas de trabalho e com todos aqueles que encontram pela frente.
Vangloriam-se em dizer que precisam ser respeitadas em sua disposição e são
incapazes de suportar tudo aquilo que consideram como infração às suas próprias
vontades, por isso são inflexíveis.
Mas vamos falar do que interessa: um mal humorado nunca é elegante. Aliás,
o mau humor é a deselegância instituída. Pessoas que se acham no direito de
serem cínicas, intratáveis ou mal educadas, alegando “não estarem em um bom
dia” são extremamente deselegantes.
Na Grécia antiga, o filósofo Theofrasto descreve uma tipologia de 29 "caracteres"
comuns às pessoas mal humoradas que incluía arrogância, distraibilidade,
mudanças repentinas de humor, indiferença, grosseria e teimosia, entre outras.
Em sua descrição caracterizava essas pessoas como desagradavelmente diferentes
das demais. Por desagradavelmente diferente, entenda-se: deselegante.
Pessoas que estão sempre de mau humor são incapazes de apreciar o que as
outras pessoas fazem. São pessoas que acreditam que críticas azedas e maldosas
podem ajudar os outros a melhorarem. São pessoas que, mesmo quando chegam
levemente perto do bom humor, este se parece mais ironia e sarcasmo do que o
verdadeiro e sábio estado de ânimo denominado “Bom humor”.
Por ser tão mais comum do que, claro, gostaríamos, o mau humor é objeto
de estudo e pesquisa, e há sim, quem dele sofra e sofra com ele. Estudiosos
descrevem os mal humorados como "aristocratas do sofrer", pelo fato
de alguns se apresentarem de modo arrogante.
A deselegância se instala exatamente aí, pois, o sintoma mais marcante
do mau humor é, sem dúvida, a pouca tolerância com o ambiente; seja com as
pessoas, com os acontecimentos, com os objetos, com o clima, com a política,
com a sociedade, com a economia, com o trânsito, com as filas, enfim, com o
mundo. É como se estivéssemos falando de uma pessoa alérgica a tudo, só que, ao
invés de reagir às coisas do ambiente com crises alérgicas, reagiria aos
acontecimentos com mau humor.
E sabemos o quanto a intolerância é deselegante. Pessoas intolerantes
são naturalmente aborrecidas, e qualquer evento que não as satisfaça plenamente
terá um efeito avassalador sobre seu estado de humor. Como a vida em sociedade
e em família implica em reciprocidade de comportamentos, não demora muito para
que as outras pessoas, reagindo à chatice e à deselegância do mal humorado,
adotem comportamentos preventivos e evitativos, agravando ainda mais a vida de
relação dos mal humorados. Pessoas com as quais ao se conversar ou tratar temos
que saber antes como está o seu humor, são pessoas fadadas ao fracasso no
relacionamento interpessoal e, portanto distantes do sucesso que tanto almejam.
Aristóteles disse: “Qualquer um pode zangar-se, isso é fácil. Mas zangar-se
com a pessoa certa, na medida certa, na hora certa, pelo motivo certo e da
maneira certa, não é fácil.” Assim como achar que estamos sempre certos, é
fácil, mas olhar além do nosso umbigo, incluir em nossos julgamentos a dimensão
do outro e tentar conviver com elegância, não é nada fácil. Mas insisto, sempre
vale tentar.
Fonte: http://www.vivaitabira.com.br
Considerações
finais deste humilde articulista: A cultura da deselegância, predominante no
momento atual, tem nos tornado pobres de espírito.
Vejam
um fato, muito estimulado por programas, auto-intitulados, de humor que aconteceu meses
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