Não é segredo que o planeta está à beira do colapso. Em séculos de
civilização, administramos os recursos naturais de forma insustentável -
ou suicida, como coloca o documentário 2012 - Tempo de Mudança (2012:
Time for Change, 2010). É partindo dessa premissa que o jornalista
Daniel Pinchbeck tenta compreender a suposta importância da data 2012 e
mostrar alternativas para amenizar o impacto de uma possível catástrofe.
Baseado
no livro 2012: The Return of Quetzalcoatl, escrito por Pinchbeck, o
filme fala do apocalipse profetizado pelos maias, mas sem cair no
pessimismo, na eco-chatice e sem tentivas de assustar à la Roland
Emmerich. Afinal, não é o medo do fim do mundo que vai gerar a mudança
pedida no título.
Aos poucos, o documentário vai diagnosticando
os problemas do planeta e chega a um dos principais impecilhos para a
mudança: consciência individual. A fim de evitar uma catástrofe mundial,
seria preciso que cada pessoa estivesse disposta a fazer grandes
mudanças em seus hábitos diários e abrir mão de certos confortos, em
nome de um bem maior. No entanto, não é (apenas) por meio de
panfletarismo que o filme passa sua mensagem, mas apresentando soluções.
Nas
conversas com cientistas e inventores, tomamos conhecimento de métodos
que nem sabíamos existir, como o fungo micélio, capaz de recuperar em
três meses um habitat contaminado por petróleo e substâncias químicas; a
"eco-máquina" do inventor e biólogo John Todd, que purifica esgoto sem
usar eletricidade ou qualquer produto industrializado, gerando água
própria para banho pela combinação de 17 espécies de plantas. Aprendemos
ainda que plantando hortas nos topos dos prédios, Nova York poderia
produzir de forma autônoma 80% dos vegetais que consome e, quando somos
apresentados ao sistema japonês de troca de serviços Fureai Kippu,
percebemos que o dinheiro não é a única ferramenta econômica possível.
Como
cinema, 2012 - Tempo de Mudança é fraco e o trabalho do brasileiro João
Amorim como diretor foi dedicado a organizar as 500 horas de material.
Misturando trechos de "filmagem de guerrilha", como as cenas no país
africano Gabão, e entrevistas com especialistas e ativistas famosos como
Sting, David Lynch, Ellen Page e Gilberto Gil, o filme serve mesmo para
remediar com aprendizado o sentimento de impotência perante a situação
mundial.
E, se mencanismos de poder e interesse fazem com que
métodos alternativos não sejam colocados em prática pelos governos,
inventores comprometidos com a mudança já burlam a etapa burocrática e
disponibilizam suas criações no YouTube, para serem copiadas e
implementadas. E viva la revolución da informação!
Com Sting, Gilberto Gil, David Lynch, Ellen Page, André Soares, Lucy Legan, Paul Stamets, Richard Register, Penny Livingston, Buckminster Fuller, Dennis Mckenna, Terence McKenna, Barbara Marx Hubbard, John Todd entre outros.
Nenhum comentário:
Postar um comentário