quinta-feira, 5 de abril de 2012

2012 Tempo de Mudança

Não é segredo que o planeta está à beira do colapso. Em séculos de civilização, administramos os recursos naturais de forma insustentável - ou suicida, como coloca o documentário 2012 - Tempo de Mudança (2012: Time for Change, 2010). É partindo dessa premissa que o jornalista Daniel Pinchbeck tenta compreender a suposta importância da data 2012 e mostrar alternativas para amenizar o impacto de uma possível catástrofe.

Baseado no livro 2012: The Return of Quetzalcoatl, escrito por Pinchbeck, o filme fala do apocalipse profetizado pelos maias, mas sem cair no pessimismo, na eco-chatice e sem tentivas de assustar à la Roland Emmerich. Afinal, não é o medo do fim do mundo que vai gerar a mudança pedida no título.

Aos poucos, o documentário vai diagnosticando os problemas do planeta e chega a um dos principais impecilhos para a mudança: consciência individual. A fim de evitar uma catástrofe mundial, seria preciso que cada pessoa estivesse disposta a fazer grandes mudanças em seus hábitos diários e abrir mão de certos confortos, em nome de um bem maior. No entanto, não é (apenas) por meio de panfletarismo que o filme passa sua mensagem, mas apresentando soluções.

Nas conversas com cientistas e inventores, tomamos conhecimento de métodos que nem sabíamos existir, como o fungo micélio, capaz de recuperar em três meses um habitat contaminado por petróleo e substâncias químicas; a "eco-máquina" do inventor e biólogo John Todd, que purifica esgoto sem usar eletricidade ou qualquer produto industrializado, gerando água própria para banho pela combinação de 17 espécies de plantas. Aprendemos ainda que plantando hortas nos topos dos prédios, Nova York poderia produzir de forma autônoma 80% dos vegetais que consome e, quando somos apresentados ao sistema japonês de troca de serviços Fureai Kippu, percebemos que o dinheiro não é a única ferramenta econômica possível.

Como cinema, 2012 - Tempo de Mudança é fraco e o trabalho do brasileiro João Amorim como diretor foi dedicado a organizar as 500 horas de material. Misturando trechos de "filmagem de guerrilha", como as cenas no país africano Gabão, e entrevistas com especialistas e ativistas famosos como Sting, David Lynch, Ellen Page e Gilberto Gil, o filme serve mesmo para remediar com aprendizado o sentimento de impotência perante a situação mundial.

E, se mencanismos de poder e interesse fazem com que métodos alternativos não sejam colocados em prática pelos governos, inventores comprometidos com a mudança já burlam a etapa burocrática e disponibilizam suas criações no YouTube, para serem copiadas e implementadas. E viva la revolución da informação!

Com Sting, Gilberto Gil, David Lynch, Ellen Page, André Soares, Lucy Legan, Paul Stamets, Richard Register, Penny Livingston, Buckminster Fuller, Dennis Mckenna, Terence McKenna, Barbara Marx Hubbard, John Todd entre outros.

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