sábado, 15 de setembro de 2018

Gayatri Mantra


De maneira geral, o Gayatri Mantra é cantado ou pensado da seguinte  maneira:

OM
BHUR BHUVAH SVAH -  "bur" "buvá" "isvárra"
TAT SAVITUR VARENYAM – “TAT“ “SAVITUR“ “VARENYAM“
BHARGO DEVASYA DHEEMAH - "BHARGO" "devássia" "dimarri"
DHIYO YO NAHA PRACHODAYAT - "diio" "YO" "narrá" "prachodaiáte" 

Vamos a uma tradução aproximada:
OM: de forma simplista podemos dizer que ele é o som primordial, a fonte de toda a criação. Um dos outros nomes pelo qual é conhecido é PRANAVA ou "substrato da vida, princípio vital".
O OM é a base de onde toda a criação tem existência. Ele é o substrato de todo o Conhecimento, é o "pano de fundo" onde o potencial criativo se manifesta. Não podemos aprofundar o assunto aqui, mas o OM é produto da Shakti, ou Poder Criativo da Consciência [Brahman].
Somente a explicação desse mantra daria um livro, mas para o nosso estudo a definição acima basta.
BHUR BHUVAH SVAH: são 3 das 7 Vyahritis (lit. "palavras, dizeres") percebidas pelo sábio Vishwamitra. Representam 3 dos 7 planos de manifestação da Consciência.
As vyahritis mais o OM são usadas como uma introdução ao mantra.
BHUR é tradicionalmente associada ao plano físico. Esotericamente é a "espiritosfera" (neologia usada para descrever a amplitude da "atmosfera espiritual" pertinente ao planeta, corpo celeste ou parte/ambiente sideral) do planeta Terra.
BHUVAH é lit. "atmosfera". Esotericamente é a espiritosfera imediatamente superior à nossa. Segundo a tradição seria o espaço entre o Sol e a Terra e entre a Terra e os outros planetas. Para o pensamento hindu, todos os planetas são habitados e ao mesmo tempo são consciências distintas, sendo Júpiter o mais avançado (espiritualmente) de todos (em nosso sistema solar). Lê-se "buvarrá". Em alguns casos, onde o `h' final não é pronunciado, é "buvá".
SVAH: é o Paraíso, o plano mais alto em nosso sistema. Esotericamente é associado ao Sol, que segundo os sábios é o "limite da onisciência" (Ishwara) de nosso sistema. É ele o portador de todos os referenciais de conhecimento que possuímos. Para um aprofundamento recomendo ler com atenção o Yoga Sutras de Patanjali. Infelizmente não poderemos aprofundar esse tema aqui, pois ele é extenso e tem correlação com a manifestação consciencial desde Brahman até o mundo físico.Lê-se "suvarrá". Em alguns casos pode ser lido como "isvárra".
As vyahrits são interpretadas de várias maneiras, dependendo do ponto de vista filosófico.
Elas também podem ser interpretadas da seguinte maneira:
Bhur: Rig Veda
Bhuva: Sama Veda
Svah: Yajur Veda
Ou ainda como sendo relacionados aos cinco pranas que fluem no corpo humano:
Bhur: Prana (região peitoral)
Bhuva: Apana (região sacra)
Svah: Vyana (permeando o corpo todo)
Essa abordagem é bem fundamentada nas disciplinas Tântricas do Hatha-Yoga e do Kriya Yoga.
É outra abordagem que requer uma explicação mais detalhada, mas infelizmente não é possível nesse momento, visto que todo o conhecimento de bioenergia fundamentada no Kundalini Yoga, Laya Yoga, enfim, no Tantra teria que ser explicado.
As outras 4 Vyahrits são: Mahaha, Janah, Tapah, Satyam.
TAT: Lit. Aquele, aquela (aqui refere-se à Savitri). Lê-se "Tat" (com t mudo).
SAVITUR: De Savitri, o esplendor do Sol, o brilho solar, os raios solares, a força solar. Em muitos casos Savitri é associado ao deus do Sol (Surya). Ela seria a shakti (poder) de Surya.
De forma esotérica representa o Criador, Sustentador, o todo  penetrante.
VARENYAM: Desejável, excelente, o melhor entre.
BHARGO: efulgência, esplendor, luminosidade (que destrói os pecados), brilho, glória.
DEVASYA: Divino, relativo à divindade. Lê-se "devássia".
DHEEMAH: Meditar sobre; relativo à meditação. Lê-se "dimarri".
DHIYO: pensamentos elevados ou nobres, intuição profunda, iluminar (revelar a Realidade Última). Lê-se com o i duplo, "diio".
YO: o que, o qual.
NAH: nosso, de nós, unir, junto, nó. Lê-se "narrá", com o "á" curto, como em água.
PRACHODAYAT: de prach (pedir, demandar) + codate[chodayate] (animar, inspirar, colocar em movimento), portanto a tradução seria algo como possa inspirar, possa animar. Lê-se "prachodaiáte" .
Uma tradução aproximada do mantra seria "Eu Saúdo aquele Ser, possuidor da efulgência divina e que é a causa e sustentação de todos os planos da existência.Que minha mente esteja sempre fixa e absorvida Nele e que Ele possa iluminar, purificar e inspirar meu intelecto."

O Mantra está todo relacionado ao aspecto iluminador e todo abrangente de Brahman. Em verdade, o mantra nos mostra a natureza essencial de toda a existência.
Gayatri é uma das formas da Shakti de Brahma, de Vishnu e Shiva.Ela representa a base, o substrato de toda a existência. Ela é a "expansão" do OM ou a energia que o movimenta.
Num estudo mais aprofundado o mantra se revela como sendo a representação do Sol Espiritual ou a Luz da Consciência.Sem essa Luz, o próprio Brahma (criador na trindade hindu) perderia seu sentido de ser. Sem essa Luz não haveria o que ser sustentado ou preservado.
Ela seria a ponte ou a ligação inquebrantável de Brahman com tudo. Seria a Presença invisível e subjacente a tudo.
O Mantra foi ensinado ao avatar Rama por Vishwamitra durante a batalha contra o demônio Ravana, onde todas as possibilidades de vitória de Rama diminuíram consideravelmente. Com o uso do mantra Rama teve o controle de todas as armas divinas e assim conseguiu derrotar o demônio.
Assim, o mantra tem sua aplicação no sentido de manifestação, de realizar o potencial de "vir a ser".É energia pura.
Segundo os Vedas, "O Gayatri protege quem o recita". Ele deve ser cantado todos os dias, de preferência de Manhã, de Tarde e de Noite.
Ele pode ser dividido em três partes para maior entendimento. A primeira parte é de louvor, a segunda de meditação e a terceira de prece. Primeiro saudamos a Realidade Suprema, depois fixamos a mente e coração Nela e por último apelamos para a purificação e iluminação.

O mantra é também atribuído às deusas Gayatri, Savitri e Saraswati, onde Saraswati representa a perfeita expressão, a harmonia e unidade;
Gayatri governa os sentidos e Savitri governa as energias vitais.
Muita Paz e Muita Luz a todos,
Enki.(Luiz Fernando Mingrone)

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