quinta-feira, 23 de maio de 2013

Breve apresentação do budismo – Meditando a vida

Lama Padma Samten - Meditando a vida - Blog Sobre Budismo
Este texto foi extraído do livro, “Meditando a vida”, escrito por Lama Padma Samten, páginas 25-27.

O BUDA DA COMPAIXÃO é algumas vezes apresentado com mil braços. Esses braços representam suas qualidades ilimitadas para socorrer os seres. Sua motivação de trazer benefícios é tamanha que ele desenvolveu a capacidades de utilizar os múltiplos aspectos da experiência convencional limitada como portas para a experiência final do reconhecimento da natureza ilimitada.

Segundo a cosmologia budista, estamos vivendo uma era afortunada, na qual mil Budas surgirão em sequência. Em contraste aos tempos afortunados, há longas eras de escuridão, nas quais nenhum ser consegue ultrapassar a névoa da ilusão e do sofrimento.
Dentro de nossa era afortunada, estamos vivendo os tempos do Buda Sakiamuni. Esses tempos estão caracterizados pelo fato de que os ensinamentos de como ultrapassar o véu de ilusão que se apresenta diante de nossos olhos estão presentes e preservados desde o período histórico da manifestação do Buda na Índia.

Numa era anterior à nossa, havia um praticante chamado Sumeda. Certa vez, correu a notícia de que o Buda daquela época, chamado Dipancara, em breve passaria pela aldeia de Sumeda. Todos se colocaram em atividade para arrumar as estradas e embelezar os locais por onde o Buda passaria. Mas não houve tempo. Enquanto eles trabalhavam, o Buda chegou a pé, com sua comitiva. Sumeda percebeu que o Buda teria que cruzar um trecho enlameado da estrada e colocou seu manto sobre a lama.

Ao passar diante de Sumeda, o Buda parou e olhou para ele. Nesse momento, Sumeda percebeu a bondade e a capacidade ilimitada de produzir benefícios aos seres que Dipancara emanava. Silenciosamente, Sumeda fez para si mesmo o voto de praticar incessantemente a bondade, de modo a manifestar as qualidades do Buda no futuro. Dipancara, percebendo o voto de Sumeda, reconheceu-o como bodisatva e disse que, numa vida futura, ele atingiria a condição de Buda com o nome de Sakiamuni.

Sumeda manifestou-se vida após vida como um bodisatva, praticando compaixão, bondade, generosidade e humildade. Muitas vezes ofereceu sua vida e seu corpo para benefício e alimento de outros seres. Na última vida como bodisatva, manifestou-se no mundo dos deuses da felicidade. Com sua visão abrangente, esses deuses perceberam o sofrimento dos seres humanos, presos à impermanência, insatisfatoriedade, doença, decrepitude e morte. Então cantaram ao bodisatva, pedindo-lhe que fosse ao mundo dos humanos para socorrê-los em suas aflições.

O bodisatva concordou e disse que completaria a profecia de Dipancara, tornando-se o Buda Sakiamuni. Nessa ocasião, voltou-se para o bodisatva Maitrea e disse-lhe que, quando os ensinamentos que ele desse no reino humano desaparecessem, seria a vez de Maitrea manifestar-se como Buda. A seguir, o bodisatva desceu do céu dos deuses mundanos por uma escada luminosa, acompanhado de uma comitiva.

Nesse momento, no reino dos Sakias, na Índia, a rainha Maya teve um sonho, no qual um elefante branco penetrava em seu ventre pelo lado direito. Ela acordou o marido, o rei Sudodana, e disse-lhe: “Estou grávida”. O príncipe Sidarta nasceu apresentando sinais extraordinários. Viveu nos palácios reais em grande felicidade, até o momento em que, defrontando-se com as evidências de doença, decrepitude e morte, o voto feito perante Dipancara amadureceu, produzindo no príncipe o impulso de se dedicar à vida espiritual. 

Assim, foi viver na floresta.

Após um período de vida ascética, Sidarta libertou-se completamente de todos os padrões automáticos que produzem as experiências convencionais de realidade, extinguindo o sofrimento e atingindo a onisciência – a condição de todos os Budas do passado e do futuro. Enquanto meditava sob a figueira sagrada, desafiando Mara, o senhor da ilusão, Sidarta enfrentou e superou muitos desafios. No último encontro com Mara, este disse a Sidarta que a condição de liberdade que havia atingido só ele poderia conquistar, que ele guardasse aquele conhecimento para si, pois ninguém mais o entenderia. Compreendendo que todos os seres têm a natureza ilimitada, Sidarta colocou-se de pé para levar sua experiência de liberação a todos os seres. Tornou-se então Gautama (o Abençoado), o Buda Sakiamuni (o sábio silencioso da família dos Sakias).

A partir dali, o Buda Sakiamuni dedicou-se a socorrer os seres incessantemente. Até o fim da vida, aos oitenta anos, proferiu oitenta e quatro mil ensinamentos. Ao longo dos vinte e cinco séculos que nos separam daquela época, a transmissão de sua experiência foi preservada, praticada e ensinada de forma ininterrupta, geração após geração. Adaptando-se às diferentes mentalidades dos seres, os ensinamentos do Buda foram apresentados de forma variada.

Fonte: http://sobrebudismo.com.br/breve-apresentacao-do-budismo-meditando-a-vida/?fb_source=pubv1

sexta-feira, 17 de maio de 2013

Buda é feito de elementos não-Buda - Thich Nhat Hanh


Foto: Buda é feito de elementos não-Buda

"Consequentemente, na vacuidade não há nem forma, nem sentimentos, nem percepções, nem formações mentais, nem consciência; nem olho, ou ouvido, ou nariz, ou língua, ou corpo,  ou mente; nem forma, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, nem objeto da mente; nem âmbitos de elementos (dos olhos até a consciência mental), nem originações interdependentes e nem a extinção delas (da ignorância até a velhice e morte); nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem extinção do sofrimento, nem caminho, nem compreensão, nem realização." 

Esta frase começa com a confirmação de que os cinco skandhas são todos vazios.  Não podem existir por si mesmos. Cada um tem de interser com todos os outros skandhas. 

A próxima parte da frase é uma enumeração dos dezoito âmbitos de elementos (dhatus).  Primeiro temos os seis órgãos dos sentidos: olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente. Então há seis objetos dos sentidos: forma, som, cheiro, sabor, tato, e objetos mentais. A forma é o objeto dos olhos, o som é o objeto dos ouvidos, e assim sucessivamente. Finalmente, o contato entre estes primeiros doze promove o surgimento das "seis consciências": visão, audição, e até a última consciência mental. Assim, com os olhos como primeiro âmbito dos elementos e a consciência mental como décimo oitavo, esta parte do sutra está dizendo que nenhum destes âmbitos pode existir por si mesmo, porque cada um pode apenas interser com todos os outros âmbitos. 

A parte seguinte fala dos doze elos da originação interdependente (pratitya samutpada), que iniciam pela ignorância e terminam com a velhice e morte. O significado no sutra é que nenhum destes doze elos pode existir. Cada um pode se fiar apenas na existência dos outros para poder existir. Consequentemente, todos eles são vazios, e devido a isto é que eles podem realmente existir. O mesmo princípio é aplicável às Quatro Nobres Verdades: nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem caminho (para a extinção do sofrimento). O último item da lista é nem compreensão, nem realização. Compreensão (prajna) é a essência de um Buda: "Nem compreensão" significa que a compreensão não tem uma existência separada. A compreensão é feita de elementos não-compreensão,  assim como o Buda é feito de elementos não-Buda. 

Eu quero contar a vocês uma história sobre Buda e Mara* (*Mara: demônio, a ilusão). Um dia o Buda estava em sua caverna e Ananda,  que era assistente do Buda, estava de pé do lado de fora guardando a entrada.  De repente,  Ananda viu Mara aproximando-se. Ele ficou surpreso. Ele não queria aquilo e desejou que Mara sumisse. Porém, Mara seguiu direto para Ananda e pediu-lhe que anunciasse sua visita ao Buda. 

Ananda disse: "Por que você veio aqui? Você não se lembra que nos velhos tempos você foi derrotado pelo Budas sob a árvore Bodi? Você não tem vergonha de vir aqui? Vá embora! O Buda não o receberá. Você é mau. Você é inimigo dele." Quando Mara ouviu isto, começou a rir muito. "Você disse que seu mestre falou que tinha inimigos?" Aquilo deixou Ananda muito embaraçado. Ele sabia que o seu mestre nunca falara em ter inimigos. Assim, Ananda foi derrotado e teve de entrar para anunciar a visita de Mara, esperando que o Buda pudesse dizer: "Vá e diga a ele que não estou aqui. Diga que estou numa reunião". 

Contudo, Buda ficou muito animado quando ouviu que Mara, um tão velho amigo, tinha vindo visitá-lo. "É isto verdade? Ele está mesmo aqui?" disse o Buda, e saiu pessoalmente para cumprimentar Mara. Ananda ficou muito perturbado. O Buda foi direto até Mara, fez-lhe uma reverência e pegou suas mãos da forma mais calorosa. O Buda disse: "Olá! Como está você? Como tem passado? Está tudo bem com você? 

Mara não disse coisa alguma. Então, o Buda trouxe-o para o interior da caverna, preparou-lhe um lugar para sentar e disse a Ananda para ir fazer um chá de ervas para ambos. "Eu posso preparar chá para o meu mestre cem vezes por dia, mas preparar chá para Mara não é nada agradável", pensou Ananda consigo. Mas, desde que era este o pedido do seu mestre,  como poderia recusar-se? Então, Ananda foi preparar um pouco de chá de ervas para o Buda e seu assim chamado hóspede, porém, enquanto fazia isto, ele tentou escutar a conversa deles. 

O Buda repetiu muito calorosamente "Como você tem passado? Como vão indo as coisas para você?" E Mara disse: "As coisas não vão nada bem. Eu estou cansado de ser um Mara. Eu quero ser outra coisa." 

Ananda ficou muito assustado. Mara prosseguiu: "Você sabe, ser um Mara não é uma coisa muito fácil. Se você fala, você tem de falar enigmaticamente. Se você faz qualquer coisa, você tem de ser ardiloso e parecer perverso. Eu estou muito cansado de tudo isso. Mas o que eu não consigo suportar são os meus discípulos. Agora eles estão falando sobre justiça social, paz, igualdade, liberação, não-dualidade,  não violência e tudo mais. Já estou cheio disto! Eu acho que seria melhor se eu mandasse todos para você. Eu quero ser outra coisa." 

Ananda começou a tremer porque ficou com medo que seu mestre decidisse trocar de papéis. Mara se tornaria o Buda e o Buda se transformaria em Mara. Isto o deixou muito triste. 

O Buda escutou atentamente e se encheu de compaixão. Finalmente, ele disse suavemente: "Você acha que é divertido ser um Buda? Você não imagina o que meus discípulos tem feito a mim!  Eles põem palavras em minha boca que eu jamais pronunciei. Eles constroem templos por demais vistosos e colocam estátuas minhas em altares para atrair bananas, laranjas e arroz doce, para se fartarem apenas a si mesmos. Eles me empacotam e fazem do meu ensinamento um item de comércio. Mara, se você soubesse o que realmente é ser um Buda, eu estou certo de que você não gostaria de ser um." E, depois disso, o Buda recitou um longo verso sintetizando a conversação. 

Excerto de "O Coração da Compreensão, Comentários ao Sutra do Coração - Prajnaparamita Sutra",  Thick Nhat Hanh."Consequentemente, na vacuidade não há nem forma, nem sentimentos, nem percepções, nem formações mentais, nem consciência; nem olho, ou ouvido, ou nariz, ou língua, ou corpo, ou mente; nem forma, nem som, nem cheiro, nem sabor, nem tato, nem objeto da mente; nem âmbitos de elementos (dos olhos até a consciência mental), nem originações interdependentes e nem a extinção delas (da ignorância até a velhice e morte); nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem extinção do sofrimento, nem caminho, nem compreensão, nem realização."

Esta frase começa com a confirmação de que os cinco skandhas são todos vazios. Não podem existir por si mesmos. Cada um tem de interser com todos os outros skandhas.

A próxima parte da frase é uma enumeração dos dezoito âmbitos de elementos (dhatus). Primeiro temos os seis órgãos dos sentidos: olhos, ouvidos, nariz, língua, corpo e mente. Então há seis objetos dos sentidos: forma, som, cheiro, sabor, tato, e objetos mentais. A forma é o objeto dos olhos, o som é o objeto dos ouvidos, e assim sucessivamente. Finalmente, o contato entre estes primeiros doze promove o surgimento das "seis consciências": visão, audição, e até a última consciência mental. Assim, com os olhos como primeiro âmbito dos elementos e a consciência mental como décimo oitavo, esta parte do sutra está dizendo que nenhum destes âmbitos pode existir por si mesmo, porque cada um pode apenas interser com todos os outros âmbitos.

A parte seguinte fala dos doze elos da originação interdependente (pratitya samutpada), que iniciam pela ignorância e terminam com a velhice e morte. O significado no sutra é que nenhum destes doze elos pode existir. Cada um pode se fiar apenas na existência dos outros para poder existir. Consequentemente, todos eles são vazios, e devido a isto é que eles podem realmente existir. O mesmo princípio é aplicável às Quatro Nobres Verdades: nem sofrimento, nem origem do sofrimento, nem caminho (para a extinção do sofrimento). O último item da lista é nem compreensão, nem realização. Compreensão (prajna) é a essência de um Buda: "Nem compreensão" significa que a compreensão não tem uma existência separada. A compreensão é feita de elementos não-compreensão, assim como o Buda é feito de elementos não-Buda.

Eu quero contar a vocês uma história sobre Buda e Mara* (*Mara: demônio, a ilusão). Um dia o Buda estava em sua caverna e Ananda, que era assistente do Buda, estava de pé do lado de fora guardando a entrada. De repente, Ananda viu Mara aproximando-se. Ele ficou surpreso. Ele não queria aquilo e desejou que Mara sumisse. Porém, Mara seguiu direto para Ananda e pediu-lhe que anunciasse sua visita ao Buda.

Ananda disse: "Por que você veio aqui? Você não se lembra que nos velhos tempos você foi derrotado pelo Budas sob a árvore Bodi? Você não tem vergonha de vir aqui? Vá embora! O Buda não o receberá. Você é mau. Você é inimigo dele." Quando Mara ouviu isto, começou a rir muito. "Você disse que seu mestre falou que tinha inimigos?" Aquilo deixou Ananda muito embaraçado. Ele sabia que o seu mestre nunca falara em ter inimigos. Assim, Ananda foi derrotado e teve de entrar para anunciar a visita de Mara, esperando que o Buda pudesse dizer: "Vá e diga a ele que não estou aqui. Diga que estou numa reunião".

Contudo, Buda ficou muito animado quando ouviu que Mara, um tão velho amigo, tinha vindo visitá-lo. "É isto verdade? Ele está mesmo aqui?" disse o Buda, e saiu pessoalmente para cumprimentar Mara. Ananda ficou muito perturbado. O Buda foi direto até Mara, fez-lhe uma reverência e pegou suas mãos da forma mais calorosa. O Buda disse: "Olá! Como está você? Como tem passado? Está tudo bem com você?

Mara não disse coisa alguma. Então, o Buda trouxe-o para o interior da caverna, preparou-lhe um lugar para sentar e disse a Ananda para ir fazer um chá de ervas para ambos. "Eu posso preparar chá para o meu mestre cem vezes por dia, mas preparar chá para Mara não é nada agradável", pensou Ananda consigo. Mas, desde que era este o pedido do seu mestre, como poderia recusar-se? Então, Ananda foi preparar um pouco de chá de ervas para o Buda e seu assim chamado hóspede, porém, enquanto fazia isto, ele tentou escutar a conversa deles.

O Buda repetiu muito calorosamente "Como você tem passado? Como vão indo as coisas para você?" E Mara disse: "As coisas não vão nada bem. Eu estou cansado de ser um Mara. Eu quero ser outra coisa."

Ananda ficou muito assustado. Mara prosseguiu: "Você sabe, ser um Mara não é uma coisa muito fácil. Se você fala, você tem de falar enigmaticamente. Se você faz qualquer coisa, você tem de ser ardiloso e parecer perverso. Eu estou muito cansado de tudo isso. Mas o que eu não consigo suportar são os meus discípulos. Agora eles estão falando sobre justiça social, paz, igualdade, liberação, não-dualidade, não violência e tudo mais. Já estou cheio disto! Eu acho que seria melhor se eu mandasse todos para você. Eu quero ser outra coisa."

Ananda começou a tremer porque ficou com medo que seu mestre decidisse trocar de papéis. Mara se tornaria o Buda e o Buda se transformaria em Mara. Isto o deixou muito triste.

O Buda escutou atentamente e se encheu de compaixão. Finalmente, ele disse suavemente: "Você acha que é divertido ser um Buda? Você não imagina o que meus discípulos tem feito a mim! Eles põem palavras em minha boca que eu jamais pronunciei. Eles constroem templos por demais vistosos e colocam estátuas minhas em altares para atrair bananas, laranjas e arroz doce, para se fartarem apenas a si mesmos. Eles me empacotam e fazem do meu ensinamento um item de comércio. Mara, se você soubesse o que realmente é ser um Buda, eu estou certo de que você não gostaria de ser um." E, depois disso, o Buda recitou um longo verso sintetizando a conversação.

Excerto de "O Coração da Compreensão, Comentários ao Sutra do Coração - Prajnaparamita Sutra", Thick Nhat Hanh.

domingo, 12 de maio de 2013

“Atenção Plena” nas Escolas - Por Jeanne Pilli




Olhando com cuidado, quando se fala de “meditação para crianças”, quase sempre se trata de “atenção plena”, um termo que traduz de forma bem empobrecida a palavra em inglês “mindfulness”.

Atenção plena, segundo Jon Kabat Zinn, poderia ser definida da seguinte forma:

consciência que emerge por prestar atenção propositadamente, no momento presente, sem julgamentos, aos desdobramentos das experiências, momento a momento”!
Estas práticas buscam criar um espaço para que as reações impulsivas se tornem mais conscientes:

FiguraMindfulness
As crianças podem se beneficiar dessas práticas de diversas maneiras:
  • melhor foco e concentração
  • maior senso de calma
  • diminuição do estresse e ansiedade
  • mais controle sobre reações impulsivas
  • maior auto-consciência
  • mais habilidade em responder a emoções difíceis
  • maior empatia e compreensão com relação aos outros
  • desenvolvimento natural de habilidades para a resolução de conflitos

Mindfulschools

As crianças curtem muito esses espaços de tranquilidade quando eles são oferecidos.

Neste vídeo do programa “Mindful Schools“, o professor apresenta a prática do sino:

Observe que logo em seguida, o professor pergunta como as crianças se sentiram; e a garotinha disse que teve a sensação de “a mãe estar cozinhando” e se sentiu feliz. Me lembrou de uma vez em que estava aplicando uma técnica simples também de atenção à respiração a um grupo de crianças de 8 a 10 anos, e um garotinho disse:

“Ai que vontade de comer um pãozinho quentinho”, como que desejando aconchego. É indo ver como a criança entra facilmente em contato com as suas sensações.

Outra técnica apresentada nesse vídeo é de comer uvas passas com atenção plena. Claro que isso pode ser feito com qualquer alimento. E as crianças se divertem muito!

Experimente com biscoitos de texturas diferentes, sucos de frutas diferentes e convide as crianças para um lanchinho com atenção plena, bem devagar…

Neste outro vídeo da Fundação Inner Kids, podemos ver outras formas de praticar com as crianças, focando as sensações da respiração:

Poderíamos oferecer essas experiências às nossas crianças, não é mesmo? E a nós mesmos também! Antes até! Porque as crianças aprendem mesmo pelas costas.

Fonte: http://equilibrando.me/tag/atencao-plena/

segunda-feira, 6 de maio de 2013

Para que meditar - Por Jeanne Pili

Todos nós queremos encontrar felicidade. Queremos ter menos frustrações, insatisfações, problemas no coração e na mente. Todos nós queremos isso. Cada um de nós deseja paz, menos ansiedade, uma felicidade maior. Todos nós queremos isso.
De forma geral, muitos de nós, na maior parte do tempo, estamos sempre olhando para fora, pensando: “Alguém vai me fazer feliz”, “Algum trabalho vai me fazer feliz”, “Algum lugar vai me fazer feliz,” “Alguma posse vai me fazer feliz”. Mas na medida que crescemos e amadurecemos, vemos que nada daquilo é verdade. Ninguém lá fora pode nos fazer felizes de verdade. Nenhuma aquisição, nenhum emprego…

É óbvio. E quanto mais cuidadosamente nós olhamos, mais óbvio se torna. Se realmente queremos ser felizes, encontrar contentamento, liberação da ansiedade e assim por diante… realmente só há uma maneira. Você não tem que ser religioso, não tem que ser espiritual. Você tem que ser realista!


E isso é reconhecer que a única forma de você realmente encontrar satisfação, um maior sentido na vida, maior felicidade na vida, realização, é cultivando seu próprio coração e mente. Isso é apenas realista. Você não tem que acreditar em nada. É apenas bom senso.


Agora, nós podemos perguntar, antes de tudo: será que há maneiras com as quais estamos nos comportando (com nosso corpo, com nossa fala, mesmo com nossa mente) que estão prejudicando aos outros desnecessariamente?


Às vezes crianças tem que ser disciplinadas, talvez. Elas não gostam, mas estamos fazendo isso apenas pelo seu bem. Então, às vezes é assim. Mas, estamos nós prejudicando alguém, de alguma forma que não está sendo útil, mas apenas prejudicando?


Quando nós reconhecemos isso, vemos que causa dano para outras pessoas, mas também causa sofrimento a nós mesmos. Sempre. Então a primeira coisa é: realmente viver uma vida suave, sem causar danos. É o mais importante. Assim você não prejudica a si mesmo e não prejudica aos outros. 

Pelo menos isso!


E então se você quer realmente começar a cultivar as causas verdadeiras da felicidade, uma maior liberdade do sofrimento, da ansiedade, do medo, da aflição, então, é pra isso que serve a meditação.


Meditação, em sânscrito, é “bhavana”. E “bhavana” significa cultivar, como um agricultor cultiva o campo. Ele não sai, simplesmente, e pega alguma comida aqui e lá, mas ele realmente se dedica ao solo, ele o lavra, o fertiliza, irriga, planta a semente, ele cuida, tira as ervas daninhas e então faz a colheita.


Então, em vez de sair por aí tentando achar alguma felicidade externa, nós a cultivamos com nossos próprios corações e mentes. E meditação é uma forma de fazer isso. Há muitas maneiras para meditar. Para muitas pessoas que estão começando, um tipo de meditação chamado shamata é muito útil.


O essencial dela, antes de tudo, é aprender como relaxar, aprender como relaxar o corpo muito profundamente. Sem tensão, sem estresse, sem contração. Saber como relaxar a respiração, respirar sem esforço. E aprender como deixar a mente relaxada. Então, primeiro de tudo, aprender como relaxar.


E então, gradualmente, por meio da meditação, cultivar uma calma interna, uma serenidade interna, quietude interna, uma presença. De forma que não estamos sempre distraídos, inquietos, agitados, excitados, mas realmente temos alguma paz mental. Isso pode ser cultivado por meio da meditação. 

E então, gradualmente, com base em relaxamento e estabilidade, podemos desenvolver clareza e vivacidade.


Portanto, com essas três qualidades, através da meditação, da atenção plena sobre a respiração e outros métodos, nós podemos ter maior presença, maior paz mental. E também quando estamos nos relacionando com outras pessoas. Porque as nossas mentes, internamente, estão quietas. Então nós podemos realmente focar nos outros com muito mais proximidade. E não ficar sempre sendo pegos pelos nossos próprios pensamentos, esperanças, medos, mas realmente focar nas necessidades dos outros.


Dessa forma, naturalmente, quando começamos a expandir nossas mentes e corações para focar outras pessoas, outros seres sencientes, nós também encontramos felicidade, uma felicidade maior.


"Porque nossas mentes e corações se ampliam há maior paz e maior felicidade.”

Alan Wallace


Original e mais posts de Jeanne Pili em http://equilibrando.me/paraquemeditar/