Este texto foi extraído do livro, “Meditando a vida”, escrito por Lama Padma Samten, páginas 25-27.
O BUDA DA COMPAIXÃO é algumas vezes apresentado com mil braços. Esses
braços representam suas qualidades ilimitadas para socorrer os seres.
Sua motivação de trazer benefícios é tamanha que ele desenvolveu a
capacidades de utilizar os múltiplos aspectos da experiência
convencional limitada como portas para a experiência final do
reconhecimento da natureza ilimitada.
Segundo a cosmologia budista, estamos vivendo uma era afortunada, na
qual mil Budas surgirão em sequência. Em contraste aos tempos
afortunados, há longas eras de escuridão, nas quais nenhum ser consegue
ultrapassar a névoa da ilusão e do sofrimento.
Dentro de nossa era afortunada, estamos vivendo os tempos do Buda
Sakiamuni. Esses tempos estão caracterizados pelo fato de que os
ensinamentos de como ultrapassar o véu de ilusão que se apresenta diante
de nossos olhos estão presentes e preservados desde o período histórico
da manifestação do Buda na Índia.
Numa era anterior à nossa, havia um praticante chamado Sumeda. Certa
vez, correu a notícia de que o Buda daquela época, chamado Dipancara, em
breve passaria pela aldeia de Sumeda. Todos se colocaram em atividade
para arrumar as estradas e embelezar os locais por onde o Buda passaria.
Mas não houve tempo. Enquanto eles trabalhavam, o Buda chegou a pé, com
sua comitiva. Sumeda percebeu que o Buda teria que cruzar um trecho
enlameado da estrada e colocou seu manto sobre a lama.
Ao passar diante de Sumeda, o Buda parou e olhou para ele. Nesse
momento, Sumeda percebeu a bondade e a capacidade ilimitada de produzir
benefícios aos seres que Dipancara emanava. Silenciosamente, Sumeda fez
para si mesmo o voto de praticar incessantemente a bondade, de modo a
manifestar as qualidades do Buda no futuro. Dipancara, percebendo o voto
de Sumeda, reconheceu-o como bodisatva e disse que, numa vida futura, ele atingiria a condição de Buda com o nome de Sakiamuni.
Sumeda manifestou-se vida após vida como um bodisatva,
praticando compaixão, bondade, generosidade e humildade. Muitas vezes
ofereceu sua vida e seu corpo para benefício e alimento de outros seres.
Na última vida como bodisatva, manifestou-se no mundo dos
deuses da felicidade. Com sua visão abrangente, esses deuses perceberam o
sofrimento dos seres humanos, presos à impermanência,
insatisfatoriedade, doença, decrepitude e morte. Então cantaram ao bodisatva, pedindo-lhe que fosse ao mundo dos humanos para socorrê-los em suas aflições.
O bodisatva concordou e disse que completaria a profecia de Dipancara, tornando-se o Buda Sakiamuni. Nessa ocasião, voltou-se para o bodisatva
Maitrea e disse-lhe que, quando os ensinamentos que ele desse no reino
humano desaparecessem, seria a vez de Maitrea manifestar-se como Buda. A
seguir, o bodisatva desceu do céu dos deuses mundanos por uma escada luminosa, acompanhado de uma comitiva.
Nesse momento, no reino dos Sakias, na Índia, a rainha Maya teve um
sonho, no qual um elefante branco penetrava em seu ventre pelo lado
direito. Ela acordou o marido, o rei Sudodana, e disse-lhe: “Estou
grávida”. O príncipe Sidarta nasceu apresentando sinais extraordinários.
Viveu nos palácios reais em grande felicidade, até o momento em que,
defrontando-se com as evidências de doença, decrepitude e morte, o voto
feito perante Dipancara amadureceu, produzindo no príncipe o impulso de
se dedicar à vida espiritual.
Assim, foi viver na floresta.
Após um período de vida ascética, Sidarta libertou-se completamente
de todos os padrões automáticos que produzem as experiências
convencionais de realidade, extinguindo o sofrimento e atingindo a
onisciência – a condição de todos os Budas do passado e do futuro.
Enquanto meditava sob a figueira sagrada, desafiando Mara, o senhor da
ilusão, Sidarta enfrentou e superou muitos desafios. No último encontro
com Mara, este disse a Sidarta que a condição de liberdade que havia
atingido só ele poderia conquistar, que ele guardasse aquele
conhecimento para si, pois ninguém mais o entenderia. Compreendendo que
todos os seres têm a natureza ilimitada, Sidarta colocou-se de pé para
levar sua experiência de liberação a todos os seres. Tornou-se então
Gautama (o Abençoado), o Buda Sakiamuni (o sábio silencioso da família
dos Sakias).
A partir dali, o Buda Sakiamuni dedicou-se a socorrer os seres
incessantemente. Até o fim da vida, aos oitenta anos, proferiu oitenta e
quatro mil ensinamentos. Ao longo dos vinte e cinco séculos que nos
separam daquela época, a transmissão de sua experiência foi preservada,
praticada e ensinada de forma ininterrupta, geração após geração.
Adaptando-se às diferentes mentalidades dos seres, os ensinamentos do
Buda foram apresentados de forma variada.
Fonte: http://sobrebudismo.com.br/breve-apresentacao-do-budismo-meditando-a-vida/?fb_source=pubv1
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