A maioria das 9
bilhões de pessoas que habitarão o planeta em 2040 viverá com uma intensa
pressão sobre os recursos hídricos nas próximas duas gerações, pelos efeitos da
mudança do clima, poluição e uso excessivo. Este foi o alerta feito na
sexta-feira passada por 500 cientistas.
Os sistemas
hídricos da Terra chegariam em breve a um ponto que poderia “provocar uma
mudança irreversível com consequências catastróficas,” afirmaram eles, que
pedem aos governos políticas de conservação do recurso vital. Segundo os
especialistas, é um erro enxergar a água doce como um recurso incessantemente
renovável porque, em muitos casos, as pessoas estão bombeando-a do subsolo a
uma taxa que não permitirá sua restauração em muitas décadas.
A maioria da
população, cerca de 4.5 bilhões globalmente, vive no momento a 50 quilômetros de um
recurso hídrico “prejudicado”- que está secando, ou se encontra poluído. Se
esta tendência continuar, outros milhões verão a água escassear ou se tornar
tão suja que não possa apoiar a vida.
As ameaças são
inúmeras. A mudança do clima provavelmente causará um aumento na frequência e
severidade de enchentes, secas, ondas de calor e tempestades. Os dejetos de
fertilizantes agrícolas contendo nitrogênio já criaram mais de 200 “zonas
mortas” em mares e perto da foz de rios, onde peixes não conseguem mais
sobreviver. A tecnologia barata de bombear água do subsolo e de rios, e as
poucas restrições a seu uso, levaram a uma super-utilização de recursos
escassos pela irrigação ou a indústria, com grande parte dela desperdiçada por
más práticas. E uma população crescente aumentou a demanda além da capacidade
da oferta.
“Não há um cidadão
do mundo que possa ser complacente com isso,” disse Janos Bogardy, diretor do
Instituto de Ambiente e Segurança Humana da Universidade da ONU.
Falta de água potável mata uma criança a cada 15 segundos
Por Débora Spitzcovsky
A cada um minuto,
quatro crianças morrem no mundo por conta de doenças
relacionadas à falta de água potável e saneamento básico. O
dado, chocante, é da quarta edição do Relatório sobre Desenvolvimento
dos Recursos Hídricos (WWDR4), produzido a cada três anos por 28
organismos das Nações Unidas que formam a ONU-Água.
As crianças são as
maiores vítimas, mas o problema afeta pessoas de todas as idades. Por ano, 3,5
milhões de cidadãos morrem por conta do problema, que, segundo o documento,
poderia ser solucionado ou, ao menos, minimizado, se houvesse maior
atenção do governo à questão.
O relatório aponta
que quase 10% das doenças registradas ao redor do mundo poderiam ser evitadas,
se o poder público investisse mais em acesso à água e saneamento para a
população. Um dos exemplos mais expressivos é o das doenças diarreicas
– como cólera, shiguelose, amebíase e infecções por salmonela –, que
matam 1,5 milhão de pessoas, anualmente, mas poderiam ser praticamente
eliminadas, se houve maior esforço dos governos.
No Brasil, 88%
das mortes por diarreia são por falta de saneamento básico, de acordo
com estudo do Instituto Trata Brasil. Como no restante do
mundo, as crianças são as mais afetadas pelo problema: 53% das internações por
doenças diarreicas no Brasil são de menores de cinco anos que não têm acesso a saneamento
básico de qualidade.
O problema custa
R$ 140 milhões por ano ao Sistema Único de Saúde (SUS) do
país. Levantamento feito por especialistas da Fundação Nacional de
Saúde (Funasa) apontou que cada R$ 1 investido pelos governos
em saneamento básico economizaria R$ 4 em custos no sistema de saúde,
além, claro, de poupar muitas vidas.
Foto: UN
Photo/Eskinder Debebe
Fonte: http://planetasustentavel.abril.com.br/blog/planeta-agua/
E por aqui o povo lava as ruas em frente de casa com água tratada, sem jamais imaginar o que estão fazendo. Se tem poeira, eles molham para apagá-la; se tem lama, eles lavam para a rua ficar limpa. E eu já fui derrotada, não abro mais a boca, porque ninguém quer ouvir a verdade; é mais fácil morrer na ignorância...
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