Acontece com todo mundo. Quando estamos em um impasse, é quase automático pensar como o amigo, o parceiro ou o chefe agiriam em nosso lugar. Mas você também pode imaginar qual seria o comportamento de Buda. As soluções estão no livro “O Que Buda Faria? - 101 respostas para os dilemas cotidianos da vida”, da Editora Pensamento. Um compêndio de orientações embasadas em práticas, textos, rituais e mitos da religião budista. Acompanhe algumas dicas:
Buda estava em um barco durante uma tempestade, quando pronunciou as seguintes palavras: “Desperta! Em qualquer circunstância, a pessoa sábia mostra a determinação de dar o melhor de si”. As palavras foram ditas porque, apesar de a vida de todos estar em risco, a tripulação mantinha-se apática. A passividade em face do perigo é uma tendência natural porque não confiamos em nossa tripulação e perdemos a esperança. E isso é uma pena, pois pior do que fracassar é fracassar pela inércia. Buda nos encoraja a despertar para a realidade e a agir. Isso, por si só, já é sucesso.
Um crítico sincero é uma bênção na vida, pois nos mostra realmente quem somos. Nada melhor do que a crítica para revelar a infantilidade do eu defensivo. A mente infantil retrucará da pior maneira possível. E você verá as coisas que virão à tona. Buda nos desafia a não ser assim.
Algumas pessoas nunca amadurecem. É da natureza delas causar problemas. Saem por aí destruindo sem perceber o dano que causaram.O ensinamento de Buda é separar a censura imediata da raiva duradoura. Quando você está disciplinando um filho pequeno, deve fazê-lo o mais depressa possível. Poucas horas depois, ele esquece tudo, e você também deve esquecer. Seria justo bater em uma criança porque você está com raiva? É claro que não. Mas bater numa criança para castigar uma travessura antiga é pior ainda.
Na verdade, tentar mudar os outros é a desculpa para não mudar a nós mesmos. E é por isso que as limitações que mais nos irritam nos outros são justamente as que encontramos em nós. Mesmo quando temos de prestar atenção nas limitações alheias, aprendemos mais examinando a nós mesmos. Mudar não é apenas a melhor maneira de nos ajudarmos. É a melhor maneira de ajudar os outros.
O ensinamento budista defende que a hora é agora; agora é o que é. E que estamos sempre na hora certa quando vivemos o momento, sem pensar no passado ou futuro. Isso, além de não dar a sensação de que o tempo passa depressa demais, evita atrasos. Não espere o momento chegar. Ele não chega. Em vez disso, perceba sua própria presença neste momento, no agora. Quando você eliminar sua separação em relação ao tempo, começará a deixar de perder a hora.
Aqui Buda fala sobre a natureza fugaz de todas as coisas: amores, vida, inclusive a nossa. Como uma estrela cadente, que não se perpetua, ninguém deve esperar que o prazer de uma companhia dure para sempre. Quando sentimos falta de uma pessoa, estamos com saudades dos momentos que vivemos juntos – momentos que, por sua própria natureza, precisam passar. Só a passagem dos instantes vividos permite a chegada dos novos. Precisamos estar no presente para experimentá-los.
Em geral, damos liberdade para nossos filhos se comportarem mal por que os vemos como uma extensão de nós mesmos. E não queremos que eles se sintam mal. Por isso a indulgência. O problema é que também relevamos os limites. E esse é o grande erro por que temos de aprender a dizer não. Buda alerta-nos para que seja estimulado nos filhos a consciência de que a felicidade e a satisfação vêm de dentro, não de fora. Mostrar à criança que você segue os princípios que ensina pode ser o melhor exemplo.
Devemos preservar a atitude certa em nossa jornada, por mais cinzento e confuso que o mundo torne o trajeto. Nos momentos de engano, convém usar tanto o senso moral imediato quanto à inteligência racional e cautelosa, para manter o rumo certo. Não, é fácil. Mas Buda disse que nós somos capazes disso. Portanto, somos.
Bendita seja a competição. Segundo o budismo são os concorrentes que nos obrigam a reunir forças para superar metas. E até merecem nossa gratidão por isso. Pois eles nos testam e nos pressionam a expandir nossas fronteiras. Quando tiver de enfrentar inimigos, não esqueça que eles estão lhe oferecendo um presente que os entes queridos raramente oferecem. Lance mão das suas reservas e honre esse presente vencendo-os com elegância.
A vida é longa quando temos uma tarefa difícil a realizar. Nós adoramos simplesmente mergulhar de cabeça nas coisas e fazer tudo num momento de inspiração. Mas o mundo não é assim. Aliás, é preciso dosar as forças para a grande jornada. Se não temos condições de empunhar a tocha até o fim, é melhor passá-la adiante do que deixá-la extinguir em nossas mãos.
Em primeiro lugar, Buda deixa claro que não se conquistam essas coisas por meio da oração. Por mais tentador que seja orar para pedir. Ele insiste que o que conquistamos com esforço é o que satisfaz. A oração ajuda, mas percorrer o interminável caminho da prática é o único meio de receber uma recompensa valiosa. Às vezes, o próprio caminho já é a recompensa.
Na verdade, o que Buda alerta é para não nos deixarmos guiar cegamente por nada. Nem por um professor, nem por um doutor, nem por um mestre religioso apenas por conta do título deles. Pois só quando conhecer uma coisa pela experiência é que você deve aceitá-la como verdadeira.
Fonte: Bons Fluidos, Ed. 57, Editora Abril
Uma interessante explanação da Monja Coen sobre Buda e autoconhecimento:
Nenhum comentário:
Postar um comentário