1.
Considerações Iniciais:
A tradução literal da palavra Cabalá é “aquilo que é recebido". Representa uma antiga tradição judaica que ensina as mais profundas percepções sobre a essência de Deus, sua interação com o mundo e o propósito da Criação, sendo frequentemente mencionada como a "alma" da Torah (Bíblia Judaica). Sendo assim, o propósito básico da Cabalá é guiar o homem no caminho do progresso espiritual, para que possa realmente chegar ao Criador.
Nesse contexto, por sua natural complexidade, tem sido comum abordar o tema de modo pontual, como por exemplo, a Cabalá da Comida, a Cabalá do Dinheiro e a Cabalá da Fala, mas sem perder a essência holística. Em outras palavras, ainda que o enfoque ocorra de forma particular, há a preocupação de demonstrar que tudo se conecta. Para isso, normalmente os autores fazem analogias (paralelos) entre o assunto tratado e o cotidiano das pessoas, exatamente para que percebam a aplicabilidade e a integralidade da Cabalá, num estímulo a se interessarem cada vez mais na tarefa de estudá-la e aplicá-la em suas vidas.
Com isso em mente, e considerando o fato de ser estudioso do tema e profissional da Ciência Ambiental, resolvi escrever esse ensaio sobre a relação da Cabalá com o meio ambiente (intitulei Cabalá do Meio Ambiente, mas também poderia se chamar Cabalá Ambiental ou Cabalá da Natureza). O faço, por entender que se trata de algo inédito (o enfoque dado) e que podem ser obtidos ensinamentos de cunho prático para todos, não se tratando, portanto, de um mero exercício intelectual, muito típico de acadêmicos. Nesse sentido, assumo totalmente as falhas que eventualmente poderão ocorrer por conta do pioneirismo desse esforço, porém sem o peso da omissão, mas com a salutar companhia da ação. Afinal, o único erro questionável é o da omissão (ter os elementos para fazer e recuar sem justificativa plausível).
Para tanto, considerei o conceito corrente de meio ambiente, que é na prática aquele adotado em Estudos de Impacto Ambiental. Ele abrange o meio físico [representa a parte abiótica do ecossistema, incluindo os compartimentos ar (atmosfera), água (hidrosfera) e solo (litosfera)]; o biótico (abrange a parte biótica, contemplando a flora, a fauna – excluído o ser humano - e os microrganismos) e o antrópico (o ser humano em seus componentes social, econômico e cultural).
Esclareço que o elemento fogo não será considerado explicitamente, uma vez que está inserido nos outros, tal como explico na sequência. Como se sabe, o fogo decorre de três elementos que se combinam: do combustível (originado do meio biótico, na forma de matéria orgânica vegetal, animal ou microbiana, ou de algum elemento mineral, como por exemplo, petróleo e carvão, que se inserem no meio físico); da energia (direta ou indiretamente se origina da radiação eletromagnética emitida pelo Sol, que é naturalmente abiótica e, portanto, se encontra contextualizada no meio físico); e do oxigênio (faz parte do ar, que é um componente do meio físico).
Interessante compreender que esse conceito se confunde com os quatro níveis (reinos) de desenvolvimento definidos pela Cabalá. São eles: o mineral (inanimado), o vegetal (vegetativo), o animal (animado) e o humano (falante). Desse modo, o inanimado será entendido como o meio físico; o vegetativo associado ao animado resultará no meio biótico; enquanto o falante representará obviamente o meio antrópico.
A tradução literal da palavra Cabalá é “aquilo que é recebido". Representa uma antiga tradição judaica que ensina as mais profundas percepções sobre a essência de Deus, sua interação com o mundo e o propósito da Criação, sendo frequentemente mencionada como a "alma" da Torah (Bíblia Judaica). Sendo assim, o propósito básico da Cabalá é guiar o homem no caminho do progresso espiritual, para que possa realmente chegar ao Criador.
Nesse contexto, por sua natural complexidade, tem sido comum abordar o tema de modo pontual, como por exemplo, a Cabalá da Comida, a Cabalá do Dinheiro e a Cabalá da Fala, mas sem perder a essência holística. Em outras palavras, ainda que o enfoque ocorra de forma particular, há a preocupação de demonstrar que tudo se conecta. Para isso, normalmente os autores fazem analogias (paralelos) entre o assunto tratado e o cotidiano das pessoas, exatamente para que percebam a aplicabilidade e a integralidade da Cabalá, num estímulo a se interessarem cada vez mais na tarefa de estudá-la e aplicá-la em suas vidas.
Com isso em mente, e considerando o fato de ser estudioso do tema e profissional da Ciência Ambiental, resolvi escrever esse ensaio sobre a relação da Cabalá com o meio ambiente (intitulei Cabalá do Meio Ambiente, mas também poderia se chamar Cabalá Ambiental ou Cabalá da Natureza). O faço, por entender que se trata de algo inédito (o enfoque dado) e que podem ser obtidos ensinamentos de cunho prático para todos, não se tratando, portanto, de um mero exercício intelectual, muito típico de acadêmicos. Nesse sentido, assumo totalmente as falhas que eventualmente poderão ocorrer por conta do pioneirismo desse esforço, porém sem o peso da omissão, mas com a salutar companhia da ação. Afinal, o único erro questionável é o da omissão (ter os elementos para fazer e recuar sem justificativa plausível).
Para tanto, considerei o conceito corrente de meio ambiente, que é na prática aquele adotado em Estudos de Impacto Ambiental. Ele abrange o meio físico [representa a parte abiótica do ecossistema, incluindo os compartimentos ar (atmosfera), água (hidrosfera) e solo (litosfera)]; o biótico (abrange a parte biótica, contemplando a flora, a fauna – excluído o ser humano - e os microrganismos) e o antrópico (o ser humano em seus componentes social, econômico e cultural).
Esclareço que o elemento fogo não será considerado explicitamente, uma vez que está inserido nos outros, tal como explico na sequência. Como se sabe, o fogo decorre de três elementos que se combinam: do combustível (originado do meio biótico, na forma de matéria orgânica vegetal, animal ou microbiana, ou de algum elemento mineral, como por exemplo, petróleo e carvão, que se inserem no meio físico); da energia (direta ou indiretamente se origina da radiação eletromagnética emitida pelo Sol, que é naturalmente abiótica e, portanto, se encontra contextualizada no meio físico); e do oxigênio (faz parte do ar, que é um componente do meio físico).
Interessante compreender que esse conceito se confunde com os quatro níveis (reinos) de desenvolvimento definidos pela Cabalá. São eles: o mineral (inanimado), o vegetal (vegetativo), o animal (animado) e o humano (falante). Desse modo, o inanimado será entendido como o meio físico; o vegetativo associado ao animado resultará no meio biótico; enquanto o falante representará obviamente o meio antrópico.
Pelo exposto, subentende-se que o ser humano ocupa a posição mais elevada, por conta de ser o único elemento da Criação dotado de racionalidade, aqui entendida como a capacidade de perceber e se relacionar conscientemente com o Criador. Tanto que é exclusiva do ser humano a capacidade de falar propriamente dita e, portanto, de explicitar o seu pensamento e sentimento. Uma das formas mais evidentes de demonstrar essa capacidade é o ato de rezar, em que a pessoa “fala” (conecta-se mais fortemente) com o Criador. Além disso, por essa racionalidade é o nível com maior vontade de receber (egoísmo), mas também com discernimento para doar (altruísmo). Ser altruísta (doador na linguagem cabalística) é a natureza de Deus e, por isso, a direção que a pessoa toma ao conhecer e aplicar os ensinamentos da Cabalá em sua vida. Na verdade, isso não significa que a pessoa precisará abdicar de sua individualidade (egoísmo bem entendido e exercido) e viver uma vida “santa” (toda voltada ao próximo; o altruísmo extremado), porque isso é utópico, mas certamente encontrará o caminho que a levará ao equilíbrio entre esses dois polos.
Essa capacidade de se relacionar com Deus tem uma particularidade muito especial: se dá sempre com Ele, seja diretamente entre as partes (ser humano com Deus e vice-versa) ou com aquilo que criou (ser humano com a Natureza, que também é Ele, e vice-versa). Com isso em mente, torna-se fácil perceber que, ao se relacionar com os elementos ambientais (os constituintes dos meios físico, biótico e antrópico), que são por definição a Natureza, o ser humano está na verdade se relacionando com Deus. Explico melhor: se Deus também é a Natureza, então, Ele, por ser transcendental, pode se manifestar a nós por meio dela. Aqui, caberia a seguinte pergunta: o ser humano pode aprender com Deus (por consequência com a Natureza)? Segundo a Cabalá, a resposta é obviamente sim. Então, fica claro que o ser humano pode aprender (e melhorar enquanto indivíduo e no sentido amplo de sociedade) com os elementos ambientais, o que procurarei demonstrar na sequência, sempre buscando apoio em analogias, tal como mencionado anteriormente.
Com o intuito de facilitar a compreensão, a abordagem será feita para cada um dos níveis de desenvolvimento definidos pela Cabalá, conforme a seguinte sequência: mineral, vegetal, animal e humano.
Continua no próximo post
Professor Titular ELIAS SILVA*
* Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
* Especialista em Pesquisa e Fomento Regional e Empresarial da Atividade Agropecuária pelo Centro de Cooperação Internacional (CINADCO/Shefayim) do Ministério das Relações Exteriores do Estado de Israel (MASHAV)
* Membro do Clube Shalom do Brasil
Gostei de sua abordagem. Vem de encontro com meu entendimento.
ResponderExcluirPor que não tem a continuação?