sábado, 8 de outubro de 2016

RAÍZES DO SOFRIMENTO - Matthieu Ricard

O budismo analisa e desmonta os mecanismos da felicidade e do sofrimento. De onde provém o sofrimento? Quais são as causas dele? Como remediá-lo? Pouco a pouco, ao mesmo tempo pela análise e pela contemplação, o budismo remonta às causas profundas do sofrimento. É uma busca que interessa a todo ser humano, seja ele budista ou não. 




O sofrimento é um profundo estado de insatisfação, talvez associado a dor física, mas que antes de tudo é uma experiência do espírito. É evidente que diferentes pessoas percebem de maneiras opostas as mesmas coisas, sejam elas agradáveis ou desagradáveis.

O sofrimento surge quando o “eu”, que nós prezamos e protegemos, está ameaçado ou não obtém aquilo que deseja. Os mais intensos sofrimentos físicos podem ser vividos de maneiras muito diferentes, segundo nossa disposição de espírito. Além disso, os objetivos corriqueiros da existência – o poder, as posses, os prazeres dos sentidos, a fama – podem proporcionar satisfações momentâneas, mas não são nunca fontes de satisfação permanente e, cedo ou tarde, se transformam em descontentamento. 

Tais satisfações jamais trazem uma plenitude durável, uma paz interior invulnerável às circunstâncias externas. Ao perseguirmos objetivos mundanos durante toda a vida, temos tão pouca chance de atingir uma felicidade verdadeira quanto um pescador que lançar suas redes em um rio seco.


Esse estado de insatisfação e característico do mundo condicionado, que, por natureza, só pode trazer satisfações efêmeras. Em termos budistas, diremos que o mundo ou ‘círculo` dos renascimentos, o sansara, é impregnado de sofrimento. 

Mas isso não é nem um pouco uma visão pessimista do mundo, é uma simples constatação. A etapa seguinte consiste de fato em procurar remédios para esse sofrimento. Para isso, é preciso conhecer a causa dele. Em uma primeira análise, o budismo conclui que o sofrimento nasce do desejo, do apego, do ódio, do orgulho, da inveja, da falta de discernimento e de todos os fatores mentais que são chamados “negativos” ou “obscurecedores”, porque transtornam o espírito e o mergulham em um estado de confusão e insegurança. 

Essas emoções negativas nascem da noção de um “eu” que prezamos e queremos proteger a qualquer preço. Esse apego ao eu é um fato, mas o objeto desse apego, o “eu” não tem nenhuma existência real – não existe em parte alguma e de modo algum como uma entidade autônoma e permanente. Não existem nas partes que constituem o indivíduo – o corpo e o espírito -, nem fora dessas partes, nem no agregado delas. Se argumentarmos que o eu corresponde à reunião dessas partes, isso resulta em admitir que ele não passa de uma simples etiqueta colocada pelo intelecto à reunião temporária de diversos elementos interdependentes. 

Na verdade, o eu não existe em nenhum desses elementos, e sua própria noção desaparece assim que esses elementos se separam. Não desmascarar a impostura do eu é ignorância: incapacidade momentânea de reconhecer a natureza verdadeira das coisas. Portanto, é essa ignorância a causa última do sofrimento. Se conseguirmos dissipar nossa compreensão errônea do eu e da crença na solidez dos fenômenos, se reconhecemos que esse “eu” não tem existência própria, por que temeríamos não obter o que desejamos e sofrer o que não desejamos? 


Extraído do livro O Monge e o Filósofo - Jean-François Revel; Matthieu Ricard 

domingo, 2 de outubro de 2016

A poderosa meditação kundalini - Conheça a técnica de meditação indiana que combina uma série de posturas, gestos e exercícios de respiração

Uma das coisas bacanas oferecidas por eventos como a Virada Sustentável é a oportunidade de visualizar e conhecer assuntos, atividades e pessoas que nem sabíamos que existiam. Esse foi o meu caso com a meditação kundalini, método criado pelo mestre espiritual Osho, de origem indiana. A técnica foi oferecida pela Lótus Terapia e Meditação numa simpática casinha na Vila Madalena. Apesar de já ter lido vários livros do Osho e ser uma praticante experiente de meditação, nunca havia feito uma algo tão dinâmico.
A sala de meditação é aconchegante e, após a prática, consegui entender porque o chão era todo forrado com EVA, proporcionando um apoio mais confortável e macio aos pés. Dayita e Akhila, nossas anfitriãs e facilitadoras, sentaram com as pessoas numa roda e, seguindo o padrão das práticas terapêuticas em grupo, fizeram uma breve meditação guiada nos moldes tradicionais. Elas entoaram o mantra OM para conectar e equalizar a energia de todos os participantes.
A particularidade dessa meditação foi a visualização de uma chama violeta subindo e descendo em espiral pela coluna, que deve ter como objetivo dar uma boa limpeza no canal principal da energia que será trabalhada. Para quem não conhece o termo, kundalini é o nome que se dá para a energia que fica em estado dormente, enrolada como uma cobra, na base da espinha dorsal. Os praticantes do tantrismo, por exemplo, trabalham com afinco para que essa força vital ascenda. Eles acreditam que a kundalini pode ser uma energia sexual poderosa.
Após esta preparação, Dayita explicou que Osho desenvolveu alguns métodos ativos de meditação, com movimentos de diversos tipos, que ajudam a limpar as energias emocionais mais grosseiras, como uma forma de preparação para a meditação contemplativa tradicional. Nesse ponto, Akhila começou a explicar o que é a meditação kundalini. Elas falaram e demonstraram as quatro fases da prática:
Primeira fase
Nesse ponto devemos fazer um movimento de chacoalhar o corpo, soltar bem os joelhos, as articulações e o pescoço sempre em um movimento vertical. A única recomendação era não girarmos para os lados, pois a kundalini vai em sentido vertical. A demonstração me lembrou um pouco os bonecos de marionete.
Segunda fase
Todos os participantes começam a dançar. Dayita comentou uma frase de Osho, “você pode escolher ser um dançarino ou a dança”, e nos recomendou que tentássemos ser a dança.
Terceira fase
Nesse ponto começa uma meditação baseada na respiração. Permanecemos sentados e com a tradicional recomendação de apenas observarmos as reações da nossa mente e corpo sem fazer qualquer tipo de julgamento.
Quarta fase
Nesse momento a prática da meditação é feita com as pessoas deitadas. As anfitriãs recomendavam que os participantes tomassem cuidado para não cair no sono.

A experiência

Depois da explicação, foram oferecidas, a quem quisesse usar, vendas para os olhos. O intuito era direcionar a atenção dos participantes para a atividade em si e não para o movimento ao redor. Sei por experiência que essas vendas ajudam bastante e por isso peguei uma. Nos espalhamos pela sala com os olhos vendados. Nesse momento, teve início uma música ritmada, de suave e aguda percussão que envolve o ouvinte de uma forma impressionante.
O que na demonstração me pareceu uma marionete pulando, se transformou. Eu me senti possuída por aquele som. Meu corpo todo chacoalhava sem controle. Por vezes, fazia ondas verticais como uma cobra subindo numa árvore. Foi uma sensação muito estranha porque parte de mim, acostumada com a meditação, conseguia observar aquele corpo que não parecia meu. Nunca imaginei que pudesse fazer aqueles movimentos com aquela intensidade. Por momentos me lembrei das práticas do candomblé e das danças africanas Achei lindo perceber como a natureza humana é mesmo única. Aquilo depois fez todo sentido para mim, pois, estávamos trabalhando a kundalini e a mãe África é a raiz da energia da vida e ninguém entenderia disso melhor do que ela.
Outra sensação intensa foi a de calor. Todo esse movimento aumentou minha temperatura corporal. Senti um calor que não havia sentido nem na tenda de suor xamânica. Porém, era algo que não vinha de fora, mas de dentro e junto com uma vontade quase incontrolável de tirar a roupa o que, infelizmente, não era possível. E a noite lá fora era de inverno, estava bem frio.
Eu me perguntava da onde vinha todo este calor. Comecei a sentir náuseas e precisei retomar um pouco do controle do meu corpo, diminuir o ritmo e levantar a cabeça que pendia o tempo todo para frente a fim de me recompor. A música parecia não acabar nunca e qualquer distração me levava novamente a chacoalhar meu corpo todo enlouquecido.
Após 15 minutos, que me pareceram uma eternidade, outra música marcou o início da segunda fase. Comecei a dançar de forma fluida e circular. Era como se a serpente estivesse se acalmado, mas continuasse lá, agora, se permitindo lançar para as laterais em movimentos de infinito, e minhas mãos subindo e descendo desenhando a kundalini.
Em pouco tempo começou uma nova música e sentamos todos em meditação. Percebi ainda estar enjoada e com a cabeça latejando um pouco. Apesar do desconforto, sabia que isso é resultado da movimentação de energia e da liberação de algumas toxinas. Na verdade, nesse momento, fui tomada por um sentimento de profunda gratidão.
Finalmente começou a última música e deitamos para os minutos finais de entrega. Percebi que meu corpo, após toda aquela movimentação, cada vez mais perdia o foco na respiração e fazia minha mente divagar. Foi como se a parte dinâmica tivesse conectado de uma forma mais estreita o meu corpo da minha mente. Foi interessante.
Quando a prática acabou, nos cumprimentamos com a saudação “namastê” e nos abraçamos carinhosamente, fechando o ciclo iniciado há uma hora e meia. Fiquei tão intrigada com a primeira música e seu incrível efeito sobre o meu corpo que fui conversar com Dayiti a respeito. Ela me disse que Osho dirigia e acompanhava a composição das músicas para que elas proporcionassem um resultado efetivo durante cada fase da prática.
A meditação kundalini foi uma experiência inesperada e surpreendente. Trouxe muitas de informações novas, coisas que eu não sabia a meu respeito e que agora devem ser elaboradas pelo meu intelecto, pois acredito que toda experiência resulta em um conhecimento apreendido.
Por ser uma meditação intensa, é recomendável que exista uma avaliação e um acompanhamento profissional para as pessoas em tratamento psiquiátrico ou com algum problema sério de saúde. É preciso informar as condições de saúde antes da prática.

domingo, 7 de agosto de 2016

Faça como Buda faria

Acontece com todo mundo. Quando estamos em um impasse, é quase automático pensar como o amigo, o parceiro ou o chefe agiriam em nosso lugar. Mas você também pode imaginar qual seria o comportamento de Buda. As soluções estão no livro “O Que Buda Faria? - 101 respostas para os dilemas cotidianos da vida”, da Editora Pensamento. Um compêndio de orientações embasadas em práticas, textos, rituais e mitos da religião budista. Acompanhe algumas dicas:

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Buda estava em um barco durante uma tempestade, quando pronunciou as seguintes palavras: “Desperta! Em qualquer circunstância, a pessoa sábia mostra a determinação de dar o melhor de si”. As palavras foram ditas porque, apesar de a vida de todos estar em risco, a tripulação mantinha-se apática. A passividade em face do perigo é uma tendência natural porque não confiamos em nossa tripulação e perdemos a esperança. E isso é uma pena, pois pior do que fracassar é fracassar pela inércia. Buda nos encoraja a despertar para a realidade e a agir. Isso, por si só, já é sucesso.

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Um crítico sincero é uma bênção na vida, pois nos mostra realmente quem somos. Nada melhor do que a crítica para revelar a infantilidade do eu defensivo. A mente infantil retrucará da pior maneira possível. E você verá as coisas que virão à tona. Buda nos desafia a não ser assim.
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Algumas pessoas nunca amadurecem. É da natureza delas causar problemas. Saem por aí destruindo sem perceber o dano que causaram.O ensinamento de Buda é separar a censura imediata da raiva duradoura. Quando você está disciplinando um filho pequeno, deve fazê-lo o mais depressa possível. Poucas horas depois, ele esquece tudo, e você também deve esquecer. Seria justo bater em uma criança porque você está com raiva? É claro que não. Mas bater numa criança para castigar uma travessura antiga é pior ainda.

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Na verdade, tentar mudar os outros é a desculpa para não mudar a nós mesmos. E é por isso que as limitações que mais nos irritam nos outros são justamente as que encontramos em nós. Mesmo quando temos de prestar atenção nas limitações alheias, aprendemos mais examinando a nós mesmos. Mudar não é apenas a melhor maneira de nos ajudarmos. É a melhor maneira de ajudar os outros.

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O ensinamento budista defende que a hora é agora; agora é o que é. E que estamos sempre na hora certa quando vivemos o momento, sem pensar no passado ou futuro. Isso, além de não dar a sensação de que o tempo passa depressa demais, evita atrasos. Não espere o momento chegar. Ele não chega. Em vez disso, perceba sua própria presença neste momento, no agora. Quando você eliminar sua separação em relação ao tempo, começará a deixar de perder a hora.

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Aqui Buda fala sobre a natureza fugaz de todas as coisas: amores, vida, inclusive a nossa. Como uma estrela cadente, que não se perpetua, ninguém deve esperar que o prazer de uma companhia dure para sempre. Quando sentimos falta de uma pessoa, estamos com saudades dos momentos que vivemos juntos – momentos que, por sua própria natureza, precisam passar. Só a passagem dos instantes vividos permite a chegada dos novos. Precisamos estar no presente para experimentá-los.

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Em geral, damos liberdade para nossos filhos se comportarem mal por que os vemos como uma extensão de nós mesmos. E não queremos que eles se sintam mal. Por isso a indulgência. O problema é que também relevamos os limites. E esse é o grande erro por que temos de aprender a dizer não. Buda alerta-nos para que seja estimulado nos filhos a consciência de que a felicidade e a satisfação vêm de dentro, não de fora. Mostrar à criança que você segue os princípios que ensina pode ser o melhor exemplo.
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Devemos preservar a atitude certa em nossa jornada, por mais cinzento e confuso que o mundo torne o trajeto. Nos momentos de engano, convém usar tanto o senso moral imediato quanto à inteligência racional e cautelosa, para manter o rumo certo. Não, é fácil. Mas Buda disse que nós somos capazes disso. Portanto, somos.
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Bendita seja a competição. Segundo o budismo são os concorrentes que nos obrigam a reunir forças para superar metas. E até merecem nossa gratidão por isso. Pois eles nos testam e nos pressionam a expandir nossas fronteiras. Quando tiver de enfrentar inimigos, não esqueça que eles estão lhe oferecendo um presente que os entes queridos raramente oferecem. Lance mão das suas reservas e honre esse presente vencendo-os com elegância.
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A vida é longa quando temos uma tarefa difícil a realizar. Nós adoramos simplesmente mergulhar de cabeça nas coisas e fazer tudo num momento de inspiração. Mas o mundo não é assim. Aliás, é preciso dosar as forças para a grande jornada. Se não temos condições de empunhar a tocha até o fim, é melhor passá-la adiante do que deixá-la extinguir em nossas mãos.
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Em primeiro lugar, Buda deixa claro que não se conquistam essas coisas por meio da oração. Por mais tentador que seja orar para pedir. Ele insiste que o que conquistamos com esforço é o que satisfaz. A oração ajuda, mas percorrer o interminável caminho da prática é o único meio de receber uma recompensa valiosa. Às vezes, o próprio caminho já é a recompensa.

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Na verdade, o que Buda alerta é para não nos deixarmos guiar cegamente por nada. Nem por um professor, nem por um doutor, nem por um mestre religioso apenas por conta do título deles. Pois só quando conhecer uma coisa pela experiência é que você deve aceitá-la como verdadeira.

Fonte: Bons Fluidos, Ed. 57, Editora Abril

Uma interessante explanação da Monja Coen sobre Buda e autoconhecimento:

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

ÁGUA – UM BEM METAINDIVIDUAL DE VALOR INIGUALÁVEL

Na hidrosfera 97,5% da água se encontra nos mares e oceanos, portanto, a porcentagem de água doce é de apenas 2,5%. Considerando a porção planetária de água doce, apenas 0,3% corresponde aos rios e lagos, já que a maior parte  está nas geleiras e nos reservatórios subterrâneos.
No Brasil o volume de água utilizada para produzir alimento, atender as indústrias e as necessidades domésticas equivale a cerca de 1,4 milhões de litros “per capita” ao ano e mais de 80% desse consumo anual é decorrente da atividade agropecuária.
 O crescimento da população brasileira nos próximos 40 anos é estimado em 30% e o desafio para o futuro será conseguir aumentar a produção de alimentos sem aumentar desmatamento e sem promover gastos adicionais de água para o setor agropecuário, até porque, o desmatamento pode acarretar destruição de berçários de água, que, por sua vez, sustentam hidricamente a própria atividade agropecuária.
Por ser um grande celeiro de grãos, o centro-oeste não pode mais expandir desordenadamente sua fronteira agropecuária, pois o pouco do Cerrado que se encontra preservado e íntegro é detentor das nascentes de água que são imprescindíveis à produção de alimentos em seu solo e para garantir o aumento do volume das águas de muitos rios das principais bacias hidrográficas brasileiras. Caso as nascentes sejam preservadas juntamente com as matas de galerias, as condições para uma boa produtividade permanecerão. Caso contrário, perde-se a eco viabilidade, e com o tempo, a produtividade cairá inexoravelmente.
Estudos climatológicos atestam mudanças radicais no ciclo hidrológico planetário. Alguns rios – antes perenes – agora secam antes de atingir o mar. Desde 1985 o rio Amarelo, importante rio da civilização chinesa, está secando intermitentemente e o portentoso rio Nilo está minguando suas águas ao se aproximar do mar mediterrâneo.
Devido à progressiva degradação de biomas e ecossistemas, em decorrência de novas ocupações humanas desordenadas e sem planejamento, o conjunto de atividades antrópicas impacta sobre o meio ambiente alterando temperatura, comprometendo o abastecimento de águas subterrâneas no processo de percolação e alterando o ritmo evapotranspiração. Como consequência certas regiões passam a ter escassez de água, enquanto outras recebem carga excessiva.
Com a descoberta do maior aquífero do mundo – o “Alter do Chão”, inteiramente brasileiro e situado nos subterrâneos da Floresta Amazônica – o Brasil, que já era um  País  agraciado em água doce, passa a ser a nação com maior reserva  de água potável do planeta, dentro de um cenário mundial que, através do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU de 2014 ( IPCC ),prevê uma redução significativa de recursos de água de superfície e subterrânea na maioria das regiões subtropicais da Terra.

Original em https://gaiaconsciente.wordpress.com/2014/04/18/agua-um-bem-metaindividual-de-valor-inigualavel/

Desenvolvimento Sustentável ou Exploração Irracional da Natureza? - Por MAURÍCIO TOVAR

Desde 2000, a análise conhecida como “Dia da Sobrecarga da Terra”, é calculada pela Global Foot Print Network. No primeiro ano que foi calculada, o dia primeiro de outubro foi a data da sobrecarga. Isso equivale a dizer que em 9 meses foram gastos  recursos naturais da Terra que deveriam sustentar a humanidade pelo periodo  de um ano. Daquele ano para cá a data vem retrocedendo, e nesse ano de 2014, no dia 19 de agosto, a pegada ecológica da humanidade já havia consumido os recursos naturais para os 12 meses do ano. Para que não houvesse débito ambiental, teríamos que ter um planeta e meio gerando os recursos naturais que estão sendo consumidos pela humanidade.


O atual modelo de civilização está em xeque, pois o débito ambiental crescente atesta que o caminho da sustentabilidade  é apenas uma falácia que virou modismo.  Mais de 80% da população humana está alocada em países que consomem mais recursos naturais do que seus ecossistemas podem ofertar.

Qualquer recurso financeiro, direta ou indiretamente, foi produzido de recursos naturais, portanto, se estes estão sob ameaça de um colapso ecológico, o setor econômico entra em crise.

Pegada Ecológica

Trata-se de uma metodologia que contabiliza a pressão que o consumismo das populações humanas exerce sobre os recursos naturais existentes no planeta. Ela possibilita a comparação de diferentes padrões de consumo para verificar se esses padrões estão dentro da capacidade ecológica da Terra. A unidade da pegada ecológica é o hectare Global (gHa). Um gHa significa um hectare de produtividade média mundial para terras e águas produzidas em um ano.

Um outro conceito fundamental é o conceito de biocapacidade, que representa a capacidade de um ecossistema produzir recursos úteis e absorver os resíduos gerados pelo ser humano.

Atualmente a média mundial da pegada ecológica é de 2,7 hectares globais por pessoa, enquanto a biocapacidade disponível para cada ser humano do planeta é de 1,8 hectareglobal.Como se vê, existe um déficit ecológico que corresponde a 0,9 gha/cap. O atual padrão de consumo da humanidade exige a oferta de recursos naturais de um planeta e meio, portanto, na atual conjuntura não existe Desenvolvimento Sustentável, o que existe deve ser chamado de  Exploração Irracional da Natureza.

Entre 1970 e o ano de 2000 houve uma gigante perda de biodiversidade na biosfera, cerca de 35%. Essa perda se compara com as cinco grandes extinções que ocorreram no passado remoto da Terra, entretanto, não causadas pelo ser humano.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Robert Bea: "As maiores tragédias vêm da ganância" - Por FELIPE PONTES (ÉPOCA)


O americano Robert Bea, de 76 anos, é um dos maiores especialistas em desastres no mundo. Ele investiga a causa de catástrofes desde 1959, quando analisou o naufrágio de uma plataforma petrolífera próxima à costa de Nova York. Em mais de 50 anos, Bea, professor emérito da Universidade Berkeley, estudou casos como o desastre da nave espacial Columbia, em 2003, e a explosão da plataforma da British Petroleum (BP) no Golfo do México, em 2010.

 “Todo desastre é uma mistura de perigos naturais, a que sempre estamos sujeitos, arrogância e presunção humana.” Essa regra é aplicável, segundo ele, mesmo a tragédias causadas por eventos naturais, como o tufão nas Filipinas. Para Bea, os filipinos e seus governos se tornaram complacentes com os tufões.

ÉPOCA – Já existe tecnologia suficiente para prevenir qualquer desastre, excluindo o natural?
Robert Bea –
Não acredito que existam desastres naturais. Há muitos perigos naturais, como tempestades intensas, enchentes, terremotos e erupções vulcânicas, mas eles só se tornam desastres porque as pessoas não se preparam devidamente. Elas simplesmente não aprendem. Por isso, continuam a acontecer. Todo desastre, que acontece mais cedo ou mais tarde, é uma mistura de perigos naturais, arrogância e presunção humanas. Há outro fator importante nesses desastres: a complexidade dos sistemas criados. Eles se tornaram maiores, mais interconectados, complexos e interdependentes. Falhamos em compreendê-los. Quando uma parte do sistema falha, as outras são adversamente afetadas e também dão problemas. Temos conhecimento e experiência para prevenir esse tipo de desastre. Geralmente, não usamos.

ÉPOCA – Sua tese vale também para o caso do tufão nas Filipinas? É um país pobre e relativamente despreparado. A tragédia poderia ter sido evitada?
Bea –
As Filipinas são ocupadas há milhares de anos. Seus primeiros habitantes, quando construíam nas áreas próximas ao mar, buscavam construir em regiões altas e fortes para evitar os efeitos de tufões. Construíam de maneira que as edificações, caso destruídas, pudessem ser reconstruídas facilmente. Também costumavam evacuar para locais mais elevados muito antes de a tempestade começar. Tinham reservas alternativas de água e outras coisas de que precisavam para sobreviver e recomeçar. Aprenderam a lidar com tufões. Recentemente, os filipinos passaram a construir cidades grandes demais e fragéis em áreas costeiras de baixa altitude. Os habitantes das Filipinas e seus governos se tornaram mais complacentes.

ÉPOCA – Esse conhecimento de como lidar com tufões foi perdido?
Bea –
Exatamente. À medida que as grandes cidades filipinas foram construídas após o final da Segunda Guerra Mundial, a história e esse conhecimento foram esquecidos. É por isso que eles construíram em locais baixos, de maneira despreparada. O conhecimento de evacuação prévia também foi abandonado. Atualmente, eles só saem das regiões atingidas pelos tufões de maneira tardia e incompleta. A quantidade imensa de mortos e feridos é um testamento dos sistemas de emergência que caracterizam as cidades modernas das Filipinas.

"Quando falhamos em
nos preparar, nos
preparamos para falhar"
ÉPOCA – Os Estados Unidos sofrem todos os anos com tornados destrutivos. Em março, a cidade de Moore, no Estado de Oklahoma, foi devastada por um deles e não tinha sequer um abrigo comunitário. Por que mesmo nações ricas têm dificuldades em se preparar contra desastres naturais?
Bea –
Quando falhamos em nos preparar, nos preparamos para falhar. É possível projetar, construir, operar e manter instalações como abrigos subterrâneos como proteção contra tornados. Essa estratégia custa caro. Mas esse dinheiro pode ser poupado em gastos futuros associados a lesões e mortes, problemas em serviços e perdas em produtividade. A história mostra, no entanto, que costumamos seguir um roteiro a cada desastre. Superamos o luto. Reconstruímos o que foi destroçado. Ficamos esperançosos de que não aconteça novamente. E voltamos o mais rápido possível para nossa vida normal, sem que nada de substancial tenha sido feito em termos de prevenção.

ÉPOCA – As falhas humanas sempre são as principais responsáveis por desastres de grande escala?
Bea –
Qualquer falha de engenharia é humana e organizacional. Entre os exemplos estão os acidentes dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, da Nasa (a agência espacial americana). Essas falhas foram encorajadas e se desenvolveram por causa da gestão inadequada motivada por pressões econômicas, que induziram os engenheiros a reduzir as margens de segurança. Essa falta de proteção adequada é causada principalmente pela busca excessiva por eficiência, reduzindo gastos para aumentar os lucros. Todo desastre é uma mistura de perigos naturais, a que sempre estamos sujeitos, arrogância e cobiça.

ÉPOCA – Como sanar problemas derivados da cobiça? É natural que as empresas e organizações queiram poupar dinheiro.
Bea –
Esse é o poder da imprensa responsável, que deve trazer isso à atenção do público, do governo, da indústria e dos representantes do meio ambiente. É preciso mostrar o que acontece e não acontece, para que ações corretivas possam ser executadas e se possa lidar com desastres que ainda estão em desenvolvimento.

ÉPOCA – É possível enxergar uma mudança de comportamento no horizonte?
Bea –
Sim, mas ela acontece lentamente. Nosso progresso em desenvolver sistemas e estruturas mais complexos e mais perigosos evolui mais rapidamente que nossa habilidade em aprender a geri-los de maneira apropriada. Caso essas diferenças persistam, presenciaremos desastres bem dolorosos num futuro próximo.

ÉPOCA – O senhor foi uma das testemunhas do julgamento da British Petroleum no vazamento de petróleo no Golfo do México. O que achou do comportamento da empresa?

Bea – Não posso determinar se, com base na lei, a BP foi criminosa ou grosseiramente negligente. Disse o que eles deixaram de fazer e que aquilo foi trágico e escandaloso. A gestão da BP tinha conhecimento e experiência necessários para prevenir e mitigar o desastre, mas não o fez.

ÉPOCA – Que desastres mais o chocaram em sua carreira?
Bea –
A explosão da plataforma Occidental Petroleum Piper Alpha em 1988, no Mar do Norte, seguida rapidamente pelo derramamento do petroleiro Exxon Valdez em 1989, no Alasca. Logo depois, colocaria o desastre do ônibus espacial Columbia e o derramamento da BP.


ÉPOCA – Por que o acidente da plataforma Occidental Petroleum Piper Alpha o marcou mais?
Bea –
Foi a primeira investigação em que reconheci que a empresa responsável, a Occidental Petroleum, foi a principal culpada pela tragédia. Ela fora avisada por diversas vezes de que havia problemas de segurança no sistema da plataforma. Mesmo assim, não tomou nenhuma medida apropriada para remediar os problemas. Pelo contrário, aumentou a produção da plataforma. Isso continuou até a estrutura explodir, matando 167 pessoas. Estava lá quando o prédio do alojamento foi rebocado do fundo do mar, com 70 corpos ali dentro. Foi chocante. Infelizmente, as maiores tragédias vêm da ganância.

ÉPOCA – O senhor investigou o desastre da plataforma P36 da Petrobras, que afundou em 2001. O que causou o acidente?
Bea – A gestão da plataforma P36 repetiu muitos dos mesmos erros da Occidental Petroleum no desastre da Piper Alpha. A Petrobras recebeu muitos avisos sobre as condições deteriorantes da P36. Falhou em tomar as ações preventivas. O sistema continuou a deteriorar até começar um incêndio numa de suas colunas. Foi outro desastre que poderia ter sido evitado. 

ÉPOCA – Muitos governos e companhias o procuram. Já houve caso em que seu trabalho foi desmerecido por criticá-los?
Bea –
Nunca fui maltratado por agências governamentais. O tratamento ruim parte de representantes de companhias e grupos industriais que se dizem profissionais. Minhas críticas sobre os erros da BP foram consideradas severas. Em outras palavras, querem continuar a operar basicamente como operavam antes do desastre.

ÉPOCA – Por que fazem isso?
Bea –
Muitas empresas não aceitam mudanças em sua gestão. Os problemas centrais desses grandes desastres são firmemente enraizados em falhas de gestão. 

Original disponível em http://epoca.globo.com/ideias/noticia/2013/11/brobert-beab-maiores-tragedias-vem-da-ganancia.html

sábado, 2 de janeiro de 2016

Om Namah Shivaya Mantra

De maneira geral, o Om Namah Shivaya Mantra é cantado ou pensado da seguinte  maneira:


Om Namah Shivaya Om Namah Shivaya Hare Hare Bole Namah Shivaya
Rameshwara Shiva Rameshwara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Ganga Dhara Shiva Ganga Dhara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Jatadhara Shiva Jatadhara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Someshwara Shiva Someshwara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Vishweshvara Shiva Vishweshvara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Koteshwara Shiva Koteshwara Hare Hare Bole Namah Shivaya
Mahakaleshvara Hare Hare Bole Namah Shivaya  नमः शिवाय


A PRONÚNCIA - OM NAMÁ CHIVÁIA
O SIGNIFICADO - Este é o Grande Mantra da Salvação e Significa :
                            “Eu invoco/ confio/ honro e me curvo à luz do Senhor Shiva



"OM NAMAH SHIVAYA" É um mantra é composto fisicamente de sílabas soadas de forma a influenciar o sistema humano, vibra afetando a matéria física, emocional e mental. Em determinado sentido cada palavra é um mantra.
A palavra é muito poderosa, todo momento estamos presenciando isto em nosso dia a dia ao utilizamos palavras para obtermos o que desejamos (e o que não desejamos). 
Os poderosos mantras que chegaram aos tempos atuais, pelo caminho da tradição védica, ou foram divinamente revelados, ou foram ouvidos pelos rishis e yogis de tempos imemoriais, quando se encontravam em estados trancendentais de consciência. 
Conforme os vedas o mantra Om Namah Shivaya é o corpo do Senhor Nataraja, o Dançarino Cósmico. É o lar de Shiva. 
"Namah" significa prostrações, "Shivaya Namah" significa: eu me prostro ante o Senhor Shiva (a alma é o servo de Shiva). "Shiva" representa a alma universal, "Aya" denota a identidade entre a alma individual e a alma universal. 
As cinco letras de "Namah Shivaya" significam as cinco ações do Senhor: criação, preservação, destruição, o ato de ocultar e a benção; significam também os cinco elementos e toda a criação através da combinação deles. 
"Na" denota o poder oculto do Senhor que faz a alma se mover pelo mundo, "Mah" é a amarra que prende a alma na roda das vidas e mortes. "Shi" é o símbolo do Senhor Shiva, "Va" é a Sua graça e "Ya" é a alma individual. 
Se a alma se enreda em "Na" e "Mah" ela ronda interminavelmente pelo mundano, se ela se associa com "Va" ela vai em direção a Shiva. "Namah Shivaya" forma o corpo do Senhor Shiva e o mantra propicia que "eu me refugie no corpo do Senhor Shiva"’. 

Om Namah Shivaya é parte central e a mais importante de um antiqüíssimo mantra: o mantra original que precedeu a criação. Babaji disse que quando Jagadamba, a energia primeva apareceu, foi este o som que primeiro surgiu em seus lábios."

OM NAMAH SHIVAYA, o maha mantra de Shiva, foi o principal mantra utilizado por Haidakhand Bhole Baba, faz parte do centro nevrálgico de seu ensinamento. Babaji enaltecia seu poder de purificação, iluminação, imortalidade e redenção, ensinava sobre seu indescritível poder para destruir obstáculos, criar alegria e felicidade e formar uma ponte de ligação com Shiva. 
Dizia que seu poder era maior que o de uma bomba atômica. Recomendava sua repetição constante durante a meditação, o trabalho, o descanso e até mesmo durante sono e os sonhos. 

Babaji ensinava que se as pessoas repetissem constantemente o nome do Deus da crença de cada um, a vida dos homens e todos os seres do planeta poderia ser reconduzida para um padrão mais saudável e eventualmente poderíamos esperar um futuro menos negro do que este que a humanidade atual está gerando. São milhares os depoimentos de pessoas relatando os efeitos extraordinários provocados pelo uso constante deste mantra. 

"O mantra, a deidade do mantra, o guru e você mesmo são todos um só. Repita o mantra com esta certeza". Shree Swami 108 Fakira Nand
http://www.grandefraternidadebranca.com.br/16_namah_shivaya_108_e.mp3