segunda-feira, 16 de março de 2020

Elemento água - Por Amanda Medeiros


O elemento água é responsável pela concepção, crescimento, desenvolvimento. Fornece a individualidade a cada um. Composto pelo órgão rim e pela víscera bexiga, tem como cor e sabor tonificante o preto e o sabor salgado além da estação do ano inverno e o fator patógeno frio. Comanda energeticamente a coluna, os joelhos e o sistema linfático.

A principal função desse elemento é metabolizar e distribuir a energia ancestral, advinda dos pais e fornecida ao filho no momento da concepção, chamada de energia pré celestial, portanto não pode ser reposta e vamos perdendo-a ao longo da vida, logo o envelhecimento também é regido por esse elemento. Além dessas funções, o rim controla a medula, que é a matriz energética que abastece” o cérebro, ossos e espinha dorsal. Por isso é considerado o mar das medulas.



Na visão ocidental o rim é responsável por filtrar o sangue afim de eliminar toxinas e materiais não utilizáveis no metabolismo corporal, manter o controle hídrico e atuar como produtor de alguns hormônios.



A bexiga tem a função energética de receber parte dos líquidos orgânicos enviados pelo intestino delgado a fim de realizar o último processo de purificação desses líquidos orgânicos, logo separa a parte “pura” da “impura” que a não utilizada é eliminada em forma de urina que a parte boa é enviada para auxiliar na hidratação da pele e músculos.

Características físicas: Rosto redondo com bochechas caídas, face pálida, tendência a retenção de líquidos. Membros superiores e inferiores roliços porém flácidos, abdômen flácido, mãos pequenas, macias e edemaciadas, cor acinzentada.
Características do temperamento: A insegurança provoca o medo que deixa o indivíduo na defensiva, os instintos são bem aguçados, tendência a manipulação, gosta do poder e de dominar os outros, a síndrome do pânico pode ser desenvolvida como um agravante do medo essas características quando apresenta-se em desequilíbrio, quando equilibrado o elemento água é bem corajoso, obstinado, consegue atingir seus objetivos e sabe onde vai chegar e consegue valorizar as pessoas próximas.
Sinais e sintomas: Retenção de líquido geral, problemas relacionados ao rim e bexiga, infertilidade, dores na coluna, principalmente lombar e joelhos, cabelo branco precoce, constituição fraca, doenças genéticas, artrite, artrose, reumatismo entre outras disfunções relacionadas ao rim, bexiga e aos sistemas comandados pelo elemento.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Elemento Metal - Por Amanda Medeiros

Composto pelo órgão pulmão e pela víscera intestino grosso. Ambos são responsáveis por realizar trocas. O pulmão capta O2 e elimina o CO2, o oxigênio é matéria prima para energia yang. 

O intestino grosso capta os nutrientes do bolo fecal e elimina o que não é utilizado pelo organismo. Esse elemento tem uma relação direta com a energia yang que auxilia na movimentação geral energética e líquidos orgânicos, e tem uma relação com a energia yin por meio da natureza do elemento.


O pulmão governa o qi e a respiração que é a função mais importante desse órgão, que juntamente com o qi do alimento que é extraído pelo baço formam o qi de reunião que é direcionado para a pele e forma a famosa energia wei qi e parte dela é aprofundada para os órgãos e vísceras, conhecido como qi de nutrição. Logo o pulmão tem uma relação direta com a imunidade devido ao sistema de proteção do corpo ter uma relação com o elemento metal.

O sistema tegumentar é nutrido pelo wei qi, logo tem uma relação direta com o elemento metal e que também por meio da respiração promove a limpeza da pele.

O intestino grosso tem como principal função excretar as fezes e captar nutrientes importantes do bolo fecal para um bom funcionamento do corpo.


A emoção mais comum do elemento metal é a tristeza, pessoas características desse elemento tem um perfil mais introspectivo, quieto, calado, gosta de ficar sozinho e como apresenta dificuldades para respirar, quando em desequilíbrio, dificulta a troca e a eliminação de CO2 deixando assim a energia intoxicada, possibilitando apenas a análise negativa dos fatos, facilitando o desenvolvimento da análise negativa dos fatos facilitando o desenvolvimento de tristeza, negativismo e insatisfações constantes. 

Segue abaixo alguns dos sinais e sintomas apresentados por desequilíbrios diretos ou indiretos do elemento metal.
Problemas respiratórios como asma, bronquite, rinite, sinusite.
Dificuldades respiratórias.
Disfunções intestinais.
Vício pelo tabagismo.
Acne.
Psoríase.
Dermatite.
Alergias no geral, principalmente as manifestadas na pele.
Tristeza.
Apatia/ Desânimo.
Pacientes do elemento metal sofrem muito com a secura, por isso no outono os problemas respiratórios aparecem com maior frequência.

terça-feira, 10 de março de 2020

Elemento Terra - Amanda Medeiros


Composto pelo órgão Baço-Pâncreas e pela víscera estômago o elemento terra tem uma responsabilidade direta na separação e metabolização dos alimentos produzindo assim a energia Yin que advém dos alimentos (SAUDÁVEIS). Responsável também pela formação inicial do sangue que em comparação com a energia, tem característica Yin, além de manter tudo em seu devido lugar, portanto alterações de forma, devemos analisar a energia do elemento terra. 

Esse elemento é afetado diretamente pela preocupação que aumenta o índice de umidade no corpo.
Separação e metabolização dos alimentos. O elemento terra por meio do estômago separa a parte boa da ruim dos alimentos, a parte ruim é direcionada para o intestino delgado e a parte boa é direcionada para o Baço que produz por meio da essência desses alimentos e energia gu qi que é a base para formação do yin e sangue. 

Logo após esse processo, essa energia é enviada para o tórax que se une com a energia do pulmão e forma-se a energia de nutrição e proteção do corpo.

Relação com o sangue. Por meio da metabolização da energia dos alimentos é possível iniciar o processo de formação do sangue, e como esse elemento mantém tudo em seu devido lugar ele mantém esse sangue dentro dos vasos, portanto hemorragias tem relação direta com esse elemento, além de nutrir a musculatura com sangue.

Manter a estrutura. Lembro que a energia yin comanda a estrutura física e como essa energia é produzida pelo elemento terra, disfunções da forma física devemos analisar a qualidade desse elemento em relação aos sinais e sintomas dos órgãos e vísceras correspondentes.



Umidade. A umidade é um subproduto do elemento terra, ela faz com que o corpo funcione lentamente e com o tempo acumule gordura em locais específicos. Pense que se tenho umidade, tudo está mais lento eu preciso fornecer ao corpo energia que queime e mova essa umidade que no caso é a energia yang (captada pelo pulmão e movimentada pelo coração). Lembro também que alimentos ricos em carboidratos simples aumentam o acúmulo de umidade pelo corpo, por isso hoje é muito comum encontrarmos línguas úmidas mesmo em pessoas que não apresentem excesso de peso.


Preocupação. Quando se pensa em apenas uma coisa por vez, a preocupação faz com que o pensamento fique mais lento e não tenha um desenvolvimento das ideias.
Sinais e sintomas mais comuns relacionados ao elemento terra são: obesidade, tensões musculares, tensões na ATM, umidade na língua, cansaço extremo, sono excessivo, preocupação, língua pálida, com fissuras e/ou saburra grossa, úmida, entre outros sinais relacionados aos locais comandados por esse elemento.

Fonte: https://estudandomtc.com/elemento-terra/

quinta-feira, 5 de março de 2020

O Elemento Fogo - Por Maria Ana Grolla



Elemento Fogo simboliza a energia Yang no seu estágio mais radiante e expansivo. Essa fase é representada pelo Verão e pelo meio-dia. O Fogo acolhe a urgência por movimento e envolvimento, proveniente do Elemento Madeira e dá a isso a razão de viver, a consciência e a auto-estima. 


Os órgãos e funções que representam o Elemento Fogo no corpo humano são coração, intestino delgado, pericárdio (ou circulação e sexualidade) e triplo aquecedor.

O Elemento Fogo é responsável por ativar e promover a circulação do Qi, que por sua vez promove a circulação do sangue.
 
Na concepção da Medicina Tradicional Chinesa, o Coração armazena a Consciência (Shen) e, também, a residência da Consciência (Shen). Nesta concepção, o Coração é o Órgão que controla a consciência, ao invés do cérebro, como na concepção da Medicina Ocidental.

O antigo livro das definições (Neijing) refere-se ao Coração como o governante do corpo humano, o assento da consciência e inteligência. Se desejarmos nutrir este elemento fundamental em nossa prática diária, então nossas vidas serão longas, saudáveis e seguras.

Se a visão do governante se torna distraída e incerta, no entanto, o caminho se tornará congestionado, e danos severos ao corpo material serão o resultado. Se levarmos uma vida centrada em pensamentos e ações que nos distraiam, consequências danosas será o resultado.


quarta-feira, 4 de março de 2020

Os Cinco Elementos

Madeira, fogo, terra, metal e água: são os os cinco elementos parte fundamental na Medicina Tradicional Chinesa. Cada um dos elementos possui uma natureza especial cujas características influenciam a dinâmica de nossas vidas.

Segundo a Medicina Tradicional Chinesa, cada ser humano possui uma afinidade com pelo menos um dos elementos, e através disso é possível utilizar como uma ferramenta eficaz na recuperação de desequilíbrios energéticos conhecido por nós no ocidente como doenças.

A Medicina Tradicional Chinesa é composta por grandes associações e metáforas com a natureza que pode indicar, através desses elementos, sensações e situações que permitem um diagnóstico a partir do comportamento e hábitos do indivíduo.

As associações são inúmeras, são cinco movimentos e cada movimento é associado a um elemento, que é associado a determinado órgão, que é associado a determinados sentimentos, que são associados a determinados sabores.


Sendo assim, os órgãos e tecidos são separados por cinco categorias de acordo com os cinco elementos para que possam ser observadas suas relações internas. Essa relação baseia-se em dois aspectos que se apoiam mutuamente para gerar essa harmonia.

O ciclo de geração e controle:


Cada elemento da origem ao seguinte assim como foi gerado da mesma forma e assim teremos:

=> madeira gera fogo, fogo gera terra, terra gera metal, metal gera água e água gera madeira e os aspectos de dominância onde cada elemento controla o outro e é controlado também, formando uma relação de controle entre eles da seguinte forma:

=> madeira controla terra, terra controla água, água controla fogo, fogo controla metal e metal controla madeira.

Essas duas relações: a de dominância e a de geração assegura o equilíbrio entre os elementos e também para que os processos sigam normais, no caso do ser humano o funcionamento fisiológico saudável.



Percebemos que existe uma independência entre eles se houver desequilíbrio em uma fase ou na relação de alguma delas, provoca reações no sistema inteiro.

Nesse infográfico a seguir podemos ter uma visão mais ampla de funcionamento desse ciclo.

Além do Ciclo de Criação os 5 Elementos estão ligados pelo Ciclo de Controle Mútuo. Esses dois ciclos devem coexistir harmonicamente dentro do organismo, caso contrário surgirá a doença. Por exemplo, se a Água é muito abundante, o Fogo está em risco. Se a Madeira cresce sem controle, a Terra perde seus nutrientes e empobrece…

As energias Perversas sempre atuam no Ciclo de Controle, tornando-o destrutivo, progredindo de um órgão para outro e acarretando doenças. O especialista em acupuntura busca o diagnóstico energético e realiza o tratamento utilizando esses conceitos básicos, juntamente com o conceito de Yin e Yang. Ele deve procurar não somente aliviar sintomas, como também identificar e alcançar a raiz da desarmonia e reforçar as funções afetadas a fim de restabelecer o equilíbrio nos ciclos dos 5 Elementos.




Ciclo de Criação 
– A Madeira absorve a Água através das plantas e árvores.
– O Fogo queima e consome a Madeira.
– As cinzas do Fogo descem ao solo e são absorvidas pela Terra.
– Dentro da Terra são produzidos os minérios que formam o Metal.
– O Metal é derretido e retorna ao estado líquido (Água).

Ciclo de Controle Mútuo
– A Água apaga o Fogo.
– O Fogo derrete o Metal.
– O Metal corta a Madeira.
– A Madeira vem da Terra.
– A Terra gera a Água.



quarta-feira, 26 de fevereiro de 2020

Medicina Tradicional Chinesa - Fitoterapia Chinesa

A área da fitoterapia chinesa é frequentemente mal compreendida no Ocidente devido á escassez de material bibliográfico que trate o assunto com a profundidade necessária, tendo esta uma estrutura complexa não é raro depararmo-nos com erros básicos devido a uma má interpretação das suas regras gerais.

Uma fórmula fitoterápica chinesa poderá englobar seis ou mais plantas e cada uma delas com objetivos bem definidos, que vai desde impedir efeitos colaterais indesejados a encaminhar os agentes principais ao local da doença. Fitoterapia literalmente quer dizer, terapia através das plantas, é conhecida na china há cerca de três mil anos, época em que os livros eram escritos em pergaminhos, casco de tartaruga e seda. Mas a informação contida nesses registos mais antigos não fazem referência ás plantas, mas registam os nomes de doenças, orações e outros métodos para as curar.

Em 1973 a descoberta de 14 livros médicos clássicos em Chang-She, província de Hunan, trouxe alguns dados sobre o início da medicina herbária chinesa. Estas fontes mencionam 52 doenças 283 prescrições e 247 de plantas incluindo: alcaçus, scutellaria, atractylodes, cnidium e muitas outras ainda utilizadas atualmente. Muitos outros livros médicos clássicos, foram escritos antes da época de Cristo mas parece que só Shan Hai Ching sobreviveu. Escrito em duas partes, Shan Ching data de cerca de 250 a.C. e Hai Ching de 120 a.C. Ambos descrevem 250 plantas e animais, dos quais apenas 68 são usadas como medicinais 47 de origem animal e 21 de origem vegetal incluindo a canela, angélica, gambir, platycodon, peônia, jujuba etc.

De acordo com a lenda, após experimentar várias plantas, Shen Nung, o fundador da Medicina Herbária chinesa, escreveu o livro “Shen Nung Pen Tsao Ching”. O livro sobrevive numa cópia feita por Tao Hung – Ching por volta de 500 anos d.C. e relaciona 365 ervas.

Duzentos anos depois, Su Ching compilou “Hsin Hsiu Pen Tsao”, baseado no original Shen Nung Pen Tsao. Contendo 850 substâncias medicinais em 27 volumes, este livro, popularmente conhecido como Tang Pen Tsao, representa a farmacopeia mais antiga oficial no mundo. Em 739 d.C., Chen Chang-Chi da Dinastia Tang suplementou posteriormente o texto, chamando-o de Pen Tsao Shih. Durante a Dinastia Sung, Liu Han por ordem do Imperador, reviu as obras Hsin Hsiu Pen Tsao e Pen Tsao Shih, resultando dessa revisão a publicação do livro Kai Pao Pen Tsao em 973 d.C. que relacionava 984 ervas. Em 1057 coube a vez a Chang Yu-Shi rever Kai Pão Pen Tsao intitulando o seu trabalho de Chia Yu Pu Chu Pen Tsao contendo 1084 variedades de ervas. No ano 1098 d.C. um novo livro contendo 1744 tipos de ervas e ilustrações botânicas foi escrito por Tang Shen-Wei com o título “Chin Shih Cheng Lei Chi Pen Tsao”. Durante a Dinastia Ching, 71 autores publicaram 460 volumes sobre esta matéria sendo os mais peculiares Pen Tsao Kang um Shihi do autor Xhao Hsueh-ming, que mostrou-se tanto complicado como tedioso, sendo preferido pelos médicos chineses na época um outro livro, Pen Tsao Pei Yao de Wang Ang.

O governo chinês publicou um dicionário de drogas herbais chinesas abrangendo 5767 tipos de substâncias medicinais, ainda que na realidade na prática clínica só são usadas regularmente cerca de 300 ervas. É curioso que muitas das fórmulas utilizadas ainda hoje são as mesmas da Dinastia Han com pequenas alterações. Estas fórmulas magistrais encontradas nos livros em diversos idiomas são utilizadas e estudadas em quase todos os países. No Japão, desde 1950 que o Ministro da Saúde Japonês reconhece 148 dessas fórmulas como de utilidade pública.

Para se fazer uma fórmula fitoterápica chinesa, é preciso conhecer-se as capacidades energéticas, curativas e sinérgicas das ervas, ou seja, a interação de uma planta com as outras. Na formulação Chinesa existe uma erva Imperador, que vai determinar a ação da fórmula, as ervas Ministros, que ajudam a potencializar a ação do Imperador, as ervas Assistentes que são necessárias para o bem-estar da pessoa e cuidam do estômago para que este receba a fórmula, e por fim as ervas Mensageiras que levam as ervas para o local necessário.

Ao contrário da Medicina Ocidental a Medicina Chinesa – é uma ciência fundada sobre a experiência empírica acumulada, divide os medicamentos de acordo com as suas propriedades e ações.
Propriedades das plantas (medicamentos)

As plantas podem ser classificadas:

- segundo as suas propriedades térmicas: quentes, mornas, frescas e frias, podendo ainda falar-se de uma quinta propriedade, a neutra.

- segundo os cinco sabores: azedo (ácido), amargo, doce, picante e salgado, teoria elaborada por Chou Li em 770-476 a.C.

- segundo as quatro direções: ascendente, descendente, circulante (flutuante) e submersão. Sistema de classificação geralmente atribuído a Li Tung 1180-1251 d.C.

As ervas com propriedades mornas ou quentes são Yang em natureza. Elas dispersam o vento e o frio interno, aquecem o Baço e o Estômago, reabastecem o Yang, também possuem ações estimulantes e fortalecedoras, ervas dessa natureza incluem o acônito, gengibre seco, canela e tratam várias doenças do frio.

As drogas com propriedades frescas ou frias tais como: coptis, scutellaria, gypsum e gardénia são Yin em natureza. Elas removem o calor, aliviam a inflamação patogénica, acalmam os nervos devido à sua ação inibitória, servindo também como antibióticos, sedativos e antiflogisticos para doenças febris.

Devido á variação na constituição corpórea, a circulação do Qi (energia), sangue e meridianos, assim como as manifestações externas da doença, as ervas com a mesma classificação com frequência diferem nos seus efeitos terapêuticos. Cada um dos 5 sabores, determinados a partir de experiências a longo prazo, tem as suas próprias funções específicas. Geralmente as plantas de sabor picante exercem efeitos de dispersão e promoção; as de sabor doce de tonificação e regulação; as de sabor amargo efeitos fortalecedores e purgantes; as de sabor azedo efeitos adstringentes e as de sabor salgado efeitos suavizantes e purgantes. As ervas picantes como gengibre fresco, perilla e menta dispersam os patógenos externos.

As ervas doces são tónicas e lenitivas; o ginseng nutre o Qi e o alcaçus alivia a dor. As ervas amargas tais como coptis e melão amargo têm a ação de secar a humidade e são purgantes. As ervas azedas amolecem, fortificam e humedecem. As algas marinhas tratam flegma estagnado e escrófula. Ervas suaves, sem sabor, tais como Hoelen e Akebia, são diuréticas.

Ascendência, descendência, circulação e submersão representam outras quatro qualidades adicionais usadas para classificar as plantas (ervas). Ascendentes e circulantes referem-se a drogas que têm um efeito para cima e para fora, usadas para ativar o Yang, induzir á transpiração e dispersar o frio e o vento. Em contraste, drogas descendentes e de submersão, possuem um efeito para baixo e para dentro – elas tranquilizam, causam contração, aliviam tosse, interrompem a êmese e promovem a diurese e purgação. Como uma das teorias fundamentais na Medicina Herbária Chinesa, as quatro direções relacionam-se aos diferentes estados de doença no organismo humano. Assim as plantas mornas, quentes, picantes e doces são classificadas como ascendentes e circulantes por natureza, enquanto as frias, frescas, azedas, amargas e salgadas têm acções descendentes e de submersão. As ervas suaves e leves tais como flores e folhas normalmente possuem qualidades ascendentes e circulantes enquanto as ervas túrbidas e pesadas tais como sementes e frutos possuem efeitos descendentes e de submersão.

O especialista em fitoterapia chinesa pode mudar as características de uma droga processando-a ou formulando-a de maneira que se ajuste ás necessidades da doença. As ervas cozidas numa solução salgada ou vinagre torna-se descendente ou de submersão. As ervas cozidas em vinho ou com gengibre tornam-se ascendentes e circulantes nas suas características. Na Medicina Chinesa, a acção farmacológica da combinação de mais de duas ervas é chamada de “os sete efeitos das drogas”. Após séculos de uso empírico de remédios herbários, os médicos chineses descobriram que os efeitos de ervas isoladas mudam de acordo com o ambiente herbário. Algumas combinações intensificam uma ação enquanto que outros tornam-se tóxicas ou reduzem a efetividade.

Esses efeitos farmacológicos de uma combinação herbária são difíceis de analisar porque a fórmula pode consistir de qualquer parte de quatro a doze ervas individuais que interagem entre si, ocorrendo três tipos de interações.

- Entre as ervas individuais.

- Entre os constituintes das ervas individuais.

- Entre os constituintes de ervas diferentes.



Os efeitos farmacológicos das combinações herbárias sobre o organismo humano provaram-se muitos complexos. Isto demonstra que a fitoterapia chinesa na sua complexidade provou a sua eficiência no decorrer dos séculos, assim como na atualidade.

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

FUNDAMENTOS BÁSICOS DA MEDICINA CHINESA


A massagem chinesa, bem como a acupuntura e a medicina farmacológica, tem sido eficazmente utilizada para curar doenças na China há cerca de 3000 anos. A massagem Tui Na é uma forma de massagem chinesa. Trata-se de uma terapia natural e física que atua em Canais, pontos energéticos, pontos de alívio da dor e partes afetadas do corpo com diversas técnicas para suavizar a dor e curar doenças. Ela segue a regra fundamental da medicina chinesa “para curar uma doença você deve curar sua raiz”. Para entender como a massagem Tui Na funciona precisamos primeiramente conhecer alguns conceitos básicos da medicina chinesa.

YIN E YANG
A medicina tradicional chinesa nos oferece uma resposta singular e exclusiva para as perguntas mais antigas “O que é a vida?” e “Qual a origem da vida?” Sua ideia simples é que vida é a conexão entre Yin e Yang. Yin e Yang originam vida tocando-se um ao outro: eles são a base de toda a existência.
Yin e Yang são os aspectos opostos de matéria e fenômenos na natureza, mas são complementares e interdependentes. O princípio Yin-Yang é a base da teoria e da prática da MTC. Tudo no universo possui características Yin e Yang. Por exemplo, todos os aspectos do corpo humano podem ser divididos em Yin e Yang e, quando em plena saúde, as duas forças estão em perfeito equilíbrio.
As Leis do Tai Ji são:
·         Oposição e controle;
·         Interdependência;
·         Crescimento e decrescimento paulatino e equilibrado;
·         Intertransformação.
Oposição e controle: Como oposição define-se o fato de todos os processos naturais manifestarem-se sempre como duas categorias em oposição constante e complementação mútua: Yin e Yang. Como por exemplo: frio e calor, movimento e quietude, dia e noite, alto e baixo, etc. Como controle define-se a capacidade de cada uma das categorias de controlar o crescimento e decrescimento de seu oposto, garantindo assim o equilíbrio dinâmico entre Yin e Yang. O Yang é o fogo por ser quente, claro, dar luz, tender a subir, incitar o movimento, consumir e ser insubstancial. O Yin é a água por ser de natureza fria, não ter luz, tender para baixo, conservar, ser substancial, e procurar o repouso.
Interdependência: Yin e Yang não só são categorias opostas e que se controlam mutuamente, como também são duas manifestações de um mesmo processo, como as duas faces de uma mesma moeda. Por isso, têm a mesma origem. São as duas formas em que um sistema se manifesta. Yin e Yang não existem separadamente, ambos se utilizam para garantir sua própria existência.
Crescimento e decrescimento paulatino e equilibrado: Esta lei significa que Yin e Yang são categorias em equilíbrio dinâmico. Seu equilíbrio depende do movimento. E o crescimento e decrescimento de cada uma das categorias é um processo paulatino. O Yin decresce para dar lugar ao crescimento do Yang e vice-versa. Esta mudança de Yin e Yang tem um caráter quantitativo.
Intertransformação: Yin e Yang não são categorias absolutas em si mesmas. Cada uma deixa de ser, para transformar-se na outra. Em geral, esta lei expressa um fenômeno ou processo que chegou a seu limite máximo, o que gera uma mutação em sentido contrário. Esta lei de Yin e Yang expressa um caráter qualitativo e não quantitativo.

Resumo:
-        Yin e Yang são particularidades comuns a todos os fenômenos do universo.
-        Tudo que existe pode ser classificado em Yin ou Yang, mas não de maneira absoluta.
São duas abstrações utilizadas para fotografar, nomear e conceituar um instante da realidade com que estamos em contato. 

-        Nada é Yin ou Yang absoluta ou eternamente.
-    Todos os fenômenos do universo em seu constante fluir irão transitando de Yin a Yang ou vice-versa de maneira constante e sem interrupção.
Aplicação da Teoria de Yin e Yang na MTC
·         Relação de Yin e Yang com Função e Estrutura: O Yang representa a função, o Yin a estrutura. Por isso, o Yang protege o corpo desde a superfície e garante o bom funcionamento do organismo. Desta maneira, favorece a captação da essência e do Qi do ar e dos alimentos e das bebidas ingeridas nutrindo o Yin (a estrutura). O Yin é a base estrutural do Yang. É a matéria prima básica para a produção do Qi (da função). Yin e Yang, função e estrutura, se nutrem, formam e cuidam-se mutuamente. Função (Yang) e Estrutura (Yin) em cada Zang.
·       Yin e Yang e sua Relação com a Patogenia: Para a MTC a perda da saúde se resume basicamente na ruptura do equilíbrio entre Yin e Yang a partir da luta entre o Qi patogênico e o Qi defensivo.
O Qi patogênico pode ter tanto características Yang como Yin.
O Qi defensivo abrange tanto o Yin (parênquima, essência, sangue e fluidos corporais) como o Yang (Qi e função).
       
·         Yin e Yang Aplicados ao Diagnóstico:
o     Biotipo Yang - Em geral são pessoas altas e magras, de cabeça larga, pescoço fino, ombros estreitos, caixa torácica aplanada. O corpo tende a inclinar-se para adiante. Este biotipo relaciona-se com mais frequência a enfermidades ligadas à hiperatividade do Yang e deficiência do Yin.
o     Biotipo Yin - De maneira geral são pessoas de estatura baixa e obesas, cabeça arredondada, pescoço grosso e curto, ombros largos, caixa torácica curta e arredondada. O corpo tem tendência a inclinar-se para trás. Este biotipo tende às síndromes de deficiência de Yang ou hiperatividade do Yin.
o     Biotipo Yin Yang equilibrado - É o ponto médio entre os biotipos anteriores.
                 
TEORIA DOS CINCO MOVIMENTOS – WU XING
A teoria dos cinco elementos ou movimentos não é mais que uma extensão da teoria de Yin e Yang gerada para poder, através do simbolismo de cinco elementos da natureza, explicar de maneira mais detalhada os fenômenos naturais e os processos fisiológicos.
Desta maneira o elemento madeira representa o que nasce, cresce, ascende e se expande em todas direções, drenando e comunicando. O elemento fogo representa todo o que é quente que ascende e consome ao mesmo tempo de ser claro e luminoso. A terra representa a mãe do resto dos elementos, que contêm, alimenta, transforma e promove. O metal representa a docilidade e a obediência ao mesmo tempo em que há transformação e reforma. O metal é dócil porque pode ser transformado pela mão do homem, pode servir de ferramenta para transformar as coisas a nosso redor e também representa o puro e limpo e o recolhimento e descida. A água representa todo o que desce e molha, a quietude e a conservação.
As características e as funções de todo o mundo material na terra tem semelhanças às características dos cinco elementos. Correspondendo os pontos cardeais aos cinco elementos o Leste é comparado à madeira pela semelhança do nascer do sol com a propriedade de ascensão da madeira. O calor do Sul corresponde ao fogo pela similaridade com o calor do fogo que arde para cima. O pôr do sol do Oeste é representado pelo metal e comparado à característica de descenso e de purificação do metal. O frio do Norte é representado pela água por ser similar à água da natureza. Na correspondência dos cinco órgãos com os cinco elementos, a capacidade de ascensão do fígado é comparada à da madeira, o Yang do coração é comparado ao fogo, a transformação, o transporte e a digestão do baço são comparados à terra, o descenso do pulmão é comparado ao metal e a água do rim é comparada à água.
Além do método de comparação e analogia, pode-se indiretamente relacionar as características dos cinco elementos às estruturas do corpo humano.

 Os cinco movimentos e sua relação com os elementos naturais.
ELEMENTO
ESTAÇÃO
DIREÇÃO
ENERGIA
AÇÃO
COR
HORÁRIO
SABOR
MADEIRA
Primavera
Leste
Vento
Germinação
Verde
Nascer do sol
Azedo
FOGO
Verão
Sul
Calor
Crescimento
Vermelho
Meio dia
Amargo
TERRA
Verão
Tardio
Centro
Umidade
Transformação
Amarelo
Tarde
Doce
METAL
Outono
Oeste
Secura
Recolhimento
Branco
Pôr do sol
Picante
ÁGUA
Inverno
Norte
Frio
Armazenamento
Preto
Meia noite
Salgado


Os cinco movimentos e sua relação com o corpo humano.
ELEMENTO
ZANG
FU
SENTIDO
ESTRUTURA
EXPRESSÃO
EMOÇÃO
SONS
MADEIRA
Fígado
Vesícula
Biliar
Olhos
Tendões
Unhas
Raiva
Grito
FOGO
Coração
Intestino
Delgado
Língua
Vasos
Face
Alegria
Riso
TERRA
Baço
Estômago
Boca
Músculos
Boca
Preocupação
Canto
METAL
Pulmão
Intestino
Grosso
Nariz
Pele
Pele e Pelo
Tristeza
Suspiro
ÁGUA
Rim
Bexiga
Ouvido
Ossos
Cabelo
Medo
Gemido

As Inter-relações dos Cinco Elementos
Da mesma maneira que acontece nas leis de Yin e Yang, a existência dos cinco elementos é concebida só através da inter-relação entre cada um de eles. Só integrados e em harmonia os cinco elementos são capazes de manter o equilíbrio de todos os fenômenos dentro e fora do homem.
As duas leis que determinam este relacionamento são denominadas: Ciclo Sheng (Xiang Sheng), que podemos traduzir como geração mutua entre os elementos e ciclo Ke (Xiang Ke), traduzido como controle mútuo ou dominância entre cada elemento. Através destas duas relações todos os fenômenos naturais se geram e controlam mutuamente para não existir desequilíbrio nos processos tanto naturais como fisiológicos.
Entendamos isto com um exemplo: a terra controla a água porque a absorve e a madeira controla a terra porque a cobre. Quando graças à intervenção negativa do homem sobre a natureza se produzem desmatamentos, a madeira não pode controlar mais a terra, por sua vez a terra perde sua capacidade de absorver a água para controlá-la deste modo o desequilibro se traduz em aumento progressivo de enchente. Só através do controle adequado, a geração é equilibrada.
·         Ciclo Sheng ou de geração mútua.
De acordo com este critérios: a madeira gera o Fogo (não existe outro elemento na natureza que gere fogo de maneira espontânea como a madeira); o fogo gera a terra, (o produto da combustão da madeira forma matéria orgânica nutrindo a terra de elementos como o fosfato); a terra gera o metal (só no interior da terra encontramos os minérios que representam o elemento metal); o metal gera a água (para os chineses na natureza o único elemento que pelo controle do fogo pode tomar característica liquidas como a água é o metal); e a água gera a madeira (é quase impossível o crescimento do mundo vegetal sem a presença da água).

Desta maneira fica justificado o ciclo Sheng, mas, se não existe o controle os processos naturais cresceriam infinitamente, todo seria uma aceleração constante e por tanto um desequilibro, então nasce o ciclo Ke ou de controle.
·         Ciclo Ke ou de controle mútuo.
Como ilustra a figura no ciclo Ke a madeira controla a terra porque a cobre, a terra controla a água porque a absorve; a água controla o fogo porque o apaga; o fogo controla o metal porque o derrete; o metal controla a madeira porque a corta.
No Nan Jing (Clássico das dificuldades) a esta relação de geração e dominância, se dá um contexto familiar. Assim o fogo representa a mãe da terra e ao mesmo tempo o filho da madeira, avô do metal e neto da água. Usando-se este relacionamento para nomear os processos patológicos entre cada um dos elementos.
Fonte: Material de aula Curso de Medicina Tradicional Chinesa - Grupo Entre Folhas - Prof. Jessé de Andrade