O Holoceno é
um termo geológico para definir o período que se estende de 12 ou 10
mil anos – quando terninaram os efeitos da última glaciação – até a
contemporalidade. A população humana no início do período Holoceno era
de cerca de 5 milhões de habitantes (menor do que o número atual de
moradores da cidade do Rio de Janeiro).
Mas o Holoceno propiciou as
condições climáticas para o desenvolvimento do ser humano, pois foi
neste período que a humanidade começou e expandiu as atividades
agrícolas, a domesticação dos animais e a construção de cidades.
Foi
também o período que as migrações se multiplicaram por todos os cantos
do Planeta.
A densidade
populacional e econômica chegou a níveis bastante elevados, sendo que
diversos analistas consideram que as atividades antrópicas já ter
ultrapassado os limites do Planeta. A população passou de 5 milhões para
7 bilhões de habitantes, um aumento de 1400 vezes. Mas a economia e o
consumo cresceram muitas vezes mais, explorando e sugando os recursos
naturais, ao mesmo tempo em que descartava as sobras do consumo em forma
de lixo, esgoto e outros resíduos poluentes. Somente para alimentar os
sete bilhões de habitantes do mundo são mortos cerca de 60 bilhões de
animais todos os anos.
O prêmio
Nobel de Química de 1995, o holandês Paul Crutzen, avaliando o grau do
impacto ambientalmente destruidor das atividades humanas afirmou que o
mundo entrou em uma nova era geológica: a do ANTROPOCENO. Este termo,
que tem antigas raízes etimológicas gregas significa “época da dominação
humana” e representa um novo período da história da Terra em que o ser
humano se tornou a causa da escalada global da mudança ambiental.
A humanidade
tem afetado não só o clima da Terra, mas também química dos oceanos, os
habitats terrestres e marinhos, a qualidade do ar e da água, os ciclos
de água, nitrogênio e fósforo, alterando os diversos componentes
essenciais que sustentam a vida no planeta. Cerca de 30 mil espécies são
extintas a cada ano. A humanidade está provacando a redução da
biodiversidade da Terra.
O biólogo E.
Wilson considera que a humanidade é a primeira espécie na história da
vida na Terra a se tornar numa força geofísica destruidora. Nas últimas
seis décadas, na medida em que o PIB mundial crescia e os recursos
naturais eram canalizados para o desfrute do consumo e do bem-estar
humanos, houve uma investida exponensial sobre todos os ecossistemas do
Planeta. O progresso humano tem significado regresso ambiental.
Este
compasso é insustentável.
O Antropoceno é uma Era sem futuro, pois no
ritmo atual, o caminho trilhado vai levar à destruição do Planeta, ao
ecocídio e mesmo ao suicídio daqueles que estão provocando a depleção
ambiental. É urgente substituir o Antropocento pelo Ecoceno, ou seja,
uma era em que haja harmonia entre todas as espécies vivas da Terra, com
a eliminação da exploração e da dominação de uma espécie sobre as
demais. Para tanto, é preciso superar a maneira de pensar
antropocêntrica e adotar e respeitar os princípios ecocêntricos.
José Eustáquio Diniz Alves,
Colunista do Portal EcoDebate, é Doutor em demografia e professor
titular do mestrado em Estudos Populacionais e Pesquisas Sociais da
Escola Nacional de Ciências Estatísticas – ENCE/IBGE. E-mail: jed_alves@yahoo.com.br
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