3. Analogias do Nível de Desenvolvimento Vegetal (Vegetativo) com o Homem e Ensinamentos Extraídos:
Como subentendido no início desse ensaio, os vegetais (as plantas, a flora) constituem uma parte do meio biótico. Portanto, nesse item a analogia com o homem se dará especificamente com as plantas, ficando reservado o próximo para tratar do nível de desenvolvimento animado, que inclui as outras formas de vida: os animais e os microrganismos (bactérias, arqueas, algas azuis, protozoários, algas eucariontes, fungos e vírus). Desse modo, o meio biótico ficará totalmente contemplado com a consideração desse item e do próximo.
Uma primeira analogia que se pode estabelecer com os vegetais (chamarei aqui simplesmente plantas) é o fato de terem surgido antes dos seres humanos no planeta. Sem a preocupação de explicitar datas, pois as várias fontes apresentam números muito conflitantes, é fato inconteste que as plantas são mais “velhas” do que nós. Portanto, deveríamos respeitá-las por isso, o que estaria em consonância com o que foi ensinado pelos nossos pais, que nos diziam para respeitar os mais velhos (na verdade a todos). Desse modo, como já estavam no planeta antes de nós, deveríamos “agradecê-las” por terem participado do processo que criou, direta e indiretamente, as condições ecológicas para que um dia pudéssemos surgir nesse mundo. Se não fosse verdade, como poderíamos explicar a pirâmide ecológica, em que as plantas ficam na base e sustentam com matéria e energia tudo o que está acima (herbívoros, carnívoros e decompositores)? Portanto, quando você defender sua tese ou fechar um grande contrato, não deixe de perceber quantas plantas te sustentaram direta ou indiretamente. Sendo assim, para esse caso, os dois sentimentos que deveríamos nutrir pelas plantas (e pelos nossos semelhantes) são: respeito aos mais velhos e gratidão!
Em relação ao respeito aos mais velhos e à gratidão que devemos nutrir por eles, existem duas mitsvot (mandamento judaico, na forma de obrigação, sendo o singular mitsvá) que ilustram bem a situação, quais sejam: honrar pai e mãe e temer pai e mãe. Portanto, na própria Torah já se tem a sinalização para reverenciarmos aqueles que nos precedem, o que se faz aqui com as plantas.
Outra analogia possível de ser feita se refere ao fato de que as plantas possuem fototropismo positivo, ou seja, buscam sempre a luz e miram acima (o Alto, o Limite Superior, o Céu). Sabemos que muitas pessoas só “olham para baixo”, pois se sentem incapacitadas e inferiores aos outros, parecendo gostar da “sombra” e de que tenham pena delas! Portanto, aqui podemos aprender com elas a sermos determinados, resolutos e objetivos.
De sua parte, o fato de serem autotróficas demonstra que são criativas, engenhosas, produtivas, generosas e úteis. Vejamos: transformam o carbono atmosférico em biomassa, num processo extremamente complexo (criatividade, engenhosidade), e concomitantemente geram um produto essencial a várias formas de vida: o gás oxigênio (produtividade, generosidade, utilidade). Com base nisso, de forma análoga deveríamos nos esforçar para sermos úteis à sociedade (notadamente quando estudamos e conquistamos conhecimentos e títulos com dinheiro público), por meio de nossa inteligência e esforço, exatamente no sentido de provê-la com os insumos materiais e imateriais que necessita. Outro ponto a refletir é o fato de que, por serem autotróficas, são autossuficientes em termos da capacidade de produzirem o seu próprio alimento, o que nos ensina a sermos independentes o quanto possível. Em outras palavras, deveríamos assumir o controle de nossas vidas e não vivermos de modo submisso. Afinal, para isso o Criador nos deu o livre arbítrio!
O aprendizado sobre sermos úteis também pode ser obtido ao percebermos que as plantas protegem o solo das intempéries, minimizando o seu desgaste. Bem assim, pelo fato de prestarem diversos serviços ecossistêmicos, tais como, controle da poluição aérea, pela absorção de gases tóxicos pelos estômatos e adsorção de particulados em sua superfície aérea; indução à infiltração no solo da água precipitada; oferecimento de sombra e embelezamento da paisagem; proteção à fauna silvestre; entre outros. Mais evidente esse aprendizado fica quando tomamos em conta o fato de permitirem o seu uso direto, na forma de lenha, látex, resina, frutos, sementes, princípios ativos para remédios etc.
Como subentendido no início desse ensaio, os vegetais (as plantas, a flora) constituem uma parte do meio biótico. Portanto, nesse item a analogia com o homem se dará especificamente com as plantas, ficando reservado o próximo para tratar do nível de desenvolvimento animado, que inclui as outras formas de vida: os animais e os microrganismos (bactérias, arqueas, algas azuis, protozoários, algas eucariontes, fungos e vírus). Desse modo, o meio biótico ficará totalmente contemplado com a consideração desse item e do próximo.
Uma primeira analogia que se pode estabelecer com os vegetais (chamarei aqui simplesmente plantas) é o fato de terem surgido antes dos seres humanos no planeta. Sem a preocupação de explicitar datas, pois as várias fontes apresentam números muito conflitantes, é fato inconteste que as plantas são mais “velhas” do que nós. Portanto, deveríamos respeitá-las por isso, o que estaria em consonância com o que foi ensinado pelos nossos pais, que nos diziam para respeitar os mais velhos (na verdade a todos). Desse modo, como já estavam no planeta antes de nós, deveríamos “agradecê-las” por terem participado do processo que criou, direta e indiretamente, as condições ecológicas para que um dia pudéssemos surgir nesse mundo. Se não fosse verdade, como poderíamos explicar a pirâmide ecológica, em que as plantas ficam na base e sustentam com matéria e energia tudo o que está acima (herbívoros, carnívoros e decompositores)? Portanto, quando você defender sua tese ou fechar um grande contrato, não deixe de perceber quantas plantas te sustentaram direta ou indiretamente. Sendo assim, para esse caso, os dois sentimentos que deveríamos nutrir pelas plantas (e pelos nossos semelhantes) são: respeito aos mais velhos e gratidão!
Em relação ao respeito aos mais velhos e à gratidão que devemos nutrir por eles, existem duas mitsvot (mandamento judaico, na forma de obrigação, sendo o singular mitsvá) que ilustram bem a situação, quais sejam: honrar pai e mãe e temer pai e mãe. Portanto, na própria Torah já se tem a sinalização para reverenciarmos aqueles que nos precedem, o que se faz aqui com as plantas.
Outra analogia possível de ser feita se refere ao fato de que as plantas possuem fototropismo positivo, ou seja, buscam sempre a luz e miram acima (o Alto, o Limite Superior, o Céu). Sabemos que muitas pessoas só “olham para baixo”, pois se sentem incapacitadas e inferiores aos outros, parecendo gostar da “sombra” e de que tenham pena delas! Portanto, aqui podemos aprender com elas a sermos determinados, resolutos e objetivos.
De sua parte, o fato de serem autotróficas demonstra que são criativas, engenhosas, produtivas, generosas e úteis. Vejamos: transformam o carbono atmosférico em biomassa, num processo extremamente complexo (criatividade, engenhosidade), e concomitantemente geram um produto essencial a várias formas de vida: o gás oxigênio (produtividade, generosidade, utilidade). Com base nisso, de forma análoga deveríamos nos esforçar para sermos úteis à sociedade (notadamente quando estudamos e conquistamos conhecimentos e títulos com dinheiro público), por meio de nossa inteligência e esforço, exatamente no sentido de provê-la com os insumos materiais e imateriais que necessita. Outro ponto a refletir é o fato de que, por serem autotróficas, são autossuficientes em termos da capacidade de produzirem o seu próprio alimento, o que nos ensina a sermos independentes o quanto possível. Em outras palavras, deveríamos assumir o controle de nossas vidas e não vivermos de modo submisso. Afinal, para isso o Criador nos deu o livre arbítrio!
O aprendizado sobre sermos úteis também pode ser obtido ao percebermos que as plantas protegem o solo das intempéries, minimizando o seu desgaste. Bem assim, pelo fato de prestarem diversos serviços ecossistêmicos, tais como, controle da poluição aérea, pela absorção de gases tóxicos pelos estômatos e adsorção de particulados em sua superfície aérea; indução à infiltração no solo da água precipitada; oferecimento de sombra e embelezamento da paisagem; proteção à fauna silvestre; entre outros. Mais evidente esse aprendizado fica quando tomamos em conta o fato de permitirem o seu uso direto, na forma de lenha, látex, resina, frutos, sementes, princípios ativos para remédios etc.
Outro ponto que merece destaque ainda sob a perspectiva da utilidade, é o caso das plantas utilizadas em rituais religiosos (por exemplo, arruda, mirra, sândalo e espada de São Jorge), numa demonstração inequívoca de que “induzem” as pessoas a sentirem que possuem centelha divina, talvez pelo odor que desprendem ou pela forma que assumem. Tanto é verdade, que existem plantas consideradas sagradas para certos povos, como o caso da sálvia branca para os índios norte-americanos. Esses casos nos remetem a pensar que as plantas também foram colocadas no mundo para servirem de intermediárias entre a humanidade e Deus. Enfim, nos permitem (“ensinam”) indiretamente estabelecer conexão com Ele. Nesse sentido, é certo que o exemplo mais contundente se encontra na própria Torah, mais precisamente no Livro de Êxodo (Shemot), quando Deus estabelecia conexão com Moisés por meio de uma sarça (Acacia nilotica) ardente.
Apesar da inegável utilidade das plantas, é preciso considerar a existência de algumas espécies que são catalogadas como “daninhas”, a que prefiro denominar de competidoras, dentre elas a conhecida tiririca (Cyperus rotundus). Elas normalmente possuem potencial para se tornar pragas e, desse modo, podem limitar drasticamente a produtividade de cultivos agrícolas, bem como de pastagens e projetos florestais. Se isso ocorre, há real possibilidade desses projetos se tornarem inviáveis economicamente.
Apesar da inegável utilidade das plantas, é preciso considerar a existência de algumas espécies que são catalogadas como “daninhas”, a que prefiro denominar de competidoras, dentre elas a conhecida tiririca (Cyperus rotundus). Elas normalmente possuem potencial para se tornar pragas e, desse modo, podem limitar drasticamente a produtividade de cultivos agrícolas, bem como de pastagens e projetos florestais. Se isso ocorre, há real possibilidade desses projetos se tornarem inviáveis economicamente.
Compreendido isso, a analogia com a vida humana, sob a minha ótica, se refere ao fato de que, às vezes, nos deparamos com pessoas que se tornam agressivas, maldosas e nos causam prejuízos de toda ordem. O aprendizado seria o seguinte: sermos cautelosos no trato com as pessoas, para que possamos analisá-las com a devida atenção, a fim de não nos surpreendermos com fatos negativos por elas provocados, a nós ou a terceiros. Do mesmo modo, precisamos nos examinar para saber se também não estamos agindo como uma “praga” para com os nossos semelhantes.
Um aspecto bem interessante é a analogia que se pode fazer entre a família (nossa base genética e fonte de valores e sabedoria) e o solo ou uma superfície líquida (base física das plantas terrestres ou aquáticas e fonte de nutrientes e água). Enfim, aprendemos aqui que precisamos ter apoio e alicerce na vida, a fim de suportarmos as dificuldades inerentes à existência humana, onde a família desempenha papel fundamental.
Um aspecto bem interessante é a analogia que se pode fazer entre a família (nossa base genética e fonte de valores e sabedoria) e o solo ou uma superfície líquida (base física das plantas terrestres ou aquáticas e fonte de nutrientes e água). Enfim, aprendemos aqui que precisamos ter apoio e alicerce na vida, a fim de suportarmos as dificuldades inerentes à existência humana, onde a família desempenha papel fundamental.
Como todo ser, as plantas mantém relações com os outros elementos do meio (ar, água, solo, outras plantas, animais irracionais, microrganismos e ser humano), o que nos remete a pensar o quão importante é “abrir-se” ao mundo e conquistarmos nosso espaço. Aqui se nota a importância de sermos ativos, bem como receptivos aos outros.
Nesse contexto de relacionamento com o meio, é fato que podem surgir problemas para as plantas, tais como, parasitas, doenças e competição, entre outros. Todavia, são situações inerentes à vida vegetal e, por extensão, a qualquer organismo, o que implica dizer que precisamos seguir em frente, mesmo quando a situação não é a ideal. Enfim, aprendemos aqui o quão importante é o poder de superação e a “luta” pela vida. De outra parte, há também relacionamentos benéficos com o meio, entre os quais a simbiose com fungos micorrízicos e com as bactérias nitrificantes, numa demonstração de que a natureza permite às plantas encontrar parceiros “interessados” em seu bem-estar. Não seria esse o caso quando encontramos na vida pessoas/instituições que nos apóiam e pelas quais sentimos a necessidade moral de agirmos em reciprocidade? Pelo exposto, entendemos que as plantas nos ensinam a importância de sermos éticos e gratos aos outros!
Ainda em relação ao tema relacionamento das plantas com o meio, um aspecto sutil e interessante diz respeito a casos de alelopatia, que, como sabemos, podem ocorrer de forma intraespecífica e interespecífica. Na verdade, a alelopatia envolve um processo que tem objetivo bem claro: reduzir ou eliminar a competição. Sendo assim, se considerarmos as plantas, poderíamos dizer que se trata de um “egoísmo vegetal”. De modo análogo, quando o ser humano tem o ego inflado (só pensa em si), a Cabalá menciona que a pessoa pode ficar deprimida e se sentir incapaz (intraespecífica), sendo o suicídio o caso extremo. Também pode se voltar contra os outros (interespecífica) de diversos modos, como por exemplo, pela agressão verbal, pela agressão física e pelo caso extremo do homicídio. Enfim, aprendemos aqui que devemos ter consciência de assumirmos as rédeas das nossas vidas, ou seja, sermos responsáveis por aquilo que nos diz respeito, mas sem se esquecer de que o “sol nasceu para todos”, o que significa se esforçar para conseguir nosso espaço, mas com respeito aos outros.
Vale ainda perceber que, quando do relacionamento com os elementos do meio, as plantas passaram a dispor, por meio do processo evolutivo (em outros termos, pela criação contínua de Deus de sua obra), de estratégias extremamente criativas, sendo alguns exemplos os seguintes: a liberação de odores agradáveis e a coloração chamativa de folhas e flores para atraírem potenciais polinizadores; a anatomia “traiçoeira” dos vegetais carnívoros para capturar presas; o aumento da concentração de clorofila nas partes mais expostas à luz solar; e a perda de folhas em épocas secas para mitigar estresse hídrico. Disso resulta que deveríamos usar toda nossa inteligência e esforço para desenvolvermos estratégias no sentido de termos o melhor desempenho possível em tudo quanto nos caiba, notadamente em situações de crise ou de escassez de recursos. Se assim agirmos, haverá maior possibilidade de sobrevivermos, notadamente num mundo competitivo como o que vivemos. Assim, se pensarmos no cenário profissional, procure ser criativo e colocar em prática todo o seu potencial intelectual e esforço.
Essa criatividade acima reportada pode ser bem exemplificada se tomarmos o caso das plantas que possuem espinhos ou acúleos. A par da diferença entre essas estruturas, qual seja, a de que somente os primeiros são vascularizados, deve-se perceber que ambos têm a capacidade de “intimidar” e “repelir” intrometidos (por exemplo, animais que fariam herbivoria). Nesses termos, as plantas nos ensinam a importância de sermos precavidos, ponderados, estrategistas e espertos, a fim de sobrevivermos. Poder-se-ia dizer até com algum grau de malícia. É claro que isto não significa sermos agressivos e hostis com os nossos semelhantes ou com qualquer outro ser, mas sim em termos o discernimento para identificarmos e evitarmos situações em que seriamos “usados”, às vezes até para praticar o mal e prejudicar inocentes.
Nesse contexto de relacionamento com o meio, é fato que podem surgir problemas para as plantas, tais como, parasitas, doenças e competição, entre outros. Todavia, são situações inerentes à vida vegetal e, por extensão, a qualquer organismo, o que implica dizer que precisamos seguir em frente, mesmo quando a situação não é a ideal. Enfim, aprendemos aqui o quão importante é o poder de superação e a “luta” pela vida. De outra parte, há também relacionamentos benéficos com o meio, entre os quais a simbiose com fungos micorrízicos e com as bactérias nitrificantes, numa demonstração de que a natureza permite às plantas encontrar parceiros “interessados” em seu bem-estar. Não seria esse o caso quando encontramos na vida pessoas/instituições que nos apóiam e pelas quais sentimos a necessidade moral de agirmos em reciprocidade? Pelo exposto, entendemos que as plantas nos ensinam a importância de sermos éticos e gratos aos outros!
Ainda em relação ao tema relacionamento das plantas com o meio, um aspecto sutil e interessante diz respeito a casos de alelopatia, que, como sabemos, podem ocorrer de forma intraespecífica e interespecífica. Na verdade, a alelopatia envolve um processo que tem objetivo bem claro: reduzir ou eliminar a competição. Sendo assim, se considerarmos as plantas, poderíamos dizer que se trata de um “egoísmo vegetal”. De modo análogo, quando o ser humano tem o ego inflado (só pensa em si), a Cabalá menciona que a pessoa pode ficar deprimida e se sentir incapaz (intraespecífica), sendo o suicídio o caso extremo. Também pode se voltar contra os outros (interespecífica) de diversos modos, como por exemplo, pela agressão verbal, pela agressão física e pelo caso extremo do homicídio. Enfim, aprendemos aqui que devemos ter consciência de assumirmos as rédeas das nossas vidas, ou seja, sermos responsáveis por aquilo que nos diz respeito, mas sem se esquecer de que o “sol nasceu para todos”, o que significa se esforçar para conseguir nosso espaço, mas com respeito aos outros.
Vale ainda perceber que, quando do relacionamento com os elementos do meio, as plantas passaram a dispor, por meio do processo evolutivo (em outros termos, pela criação contínua de Deus de sua obra), de estratégias extremamente criativas, sendo alguns exemplos os seguintes: a liberação de odores agradáveis e a coloração chamativa de folhas e flores para atraírem potenciais polinizadores; a anatomia “traiçoeira” dos vegetais carnívoros para capturar presas; o aumento da concentração de clorofila nas partes mais expostas à luz solar; e a perda de folhas em épocas secas para mitigar estresse hídrico. Disso resulta que deveríamos usar toda nossa inteligência e esforço para desenvolvermos estratégias no sentido de termos o melhor desempenho possível em tudo quanto nos caiba, notadamente em situações de crise ou de escassez de recursos. Se assim agirmos, haverá maior possibilidade de sobrevivermos, notadamente num mundo competitivo como o que vivemos. Assim, se pensarmos no cenário profissional, procure ser criativo e colocar em prática todo o seu potencial intelectual e esforço.
Essa criatividade acima reportada pode ser bem exemplificada se tomarmos o caso das plantas que possuem espinhos ou acúleos. A par da diferença entre essas estruturas, qual seja, a de que somente os primeiros são vascularizados, deve-se perceber que ambos têm a capacidade de “intimidar” e “repelir” intrometidos (por exemplo, animais que fariam herbivoria). Nesses termos, as plantas nos ensinam a importância de sermos precavidos, ponderados, estrategistas e espertos, a fim de sobrevivermos. Poder-se-ia dizer até com algum grau de malícia. É claro que isto não significa sermos agressivos e hostis com os nossos semelhantes ou com qualquer outro ser, mas sim em termos o discernimento para identificarmos e evitarmos situações em que seriamos “usados”, às vezes até para praticar o mal e prejudicar inocentes.
Também é interessante contextualizar o caso da adaptação de certas plantas a ambientes que não apresentam as condições ideais ao seu desenvolvimento, como por exemplo, o caso das ervas ruderais ou das que vivem em dunas (ficam sujeitas a constantes ventos e às marés). Enfim, são plantas que conseguem sobreviver em locais inóspitos, o que demonstra a sua capacidade de adaptação. De novo surge o “ensinamento” de que devemos desenvolver estratégias para sobrevivermos em situações difíceis.
A capacidade das plantas de colonizar novos espaços, por meio da dispersão de propágulos sexuados e assexuados, nos passa o exemplo de que devemos ser proativos e buscarmos novos horizontes. Para tanto, necessitaremos de confiança e arrojo, pois há o risco inerente de não ocorrer o desejado sucesso. Vejamos: acaso não é verdade que muitas sementes dispersadas sequer chegam a germinar, seja porque aportaram em solo inadequado ou por terem sido consumidas por animais, dentre outras possibilidades? Portanto, as plantas nos ensinam que devemos ser persistentes em nossos intentos.
O fato de muitas plantas rebrotarem também nos traz ensinamentos, pois demonstra que são capazes de se renovar, mesmo com reveses (corte do caule, passagem de fogo, entre outras possibilidades). Assim, quando tivermos contrariedades, não significa o fim, mas uma possibilidade de recomeço, talvez até para melhor. O ensinamento é claro: precisamos cultivar a persistência, mantendo a confiança inabalada.
Há também o caso de certas plantas que excretam substâncias repelentes ao toque/injúria (por exemplo, picada de inseto) ou que, se consumidas, podem até matar. Uma possibilidade de analogia talvez esteja ligada ao fato de que algumas pessoas agem sempre em retaliação, ou seja, não suportam qualquer observação ou crítica, mesmo quando se trata de algo construtivo. Em linguagem popular, é o chamado “dono da verdade”. Essas pessoas tendem a se isolar e a serem mal vistas por todos, num verdadeiro “suicídio social”. Obviamente, o ensinamento aqui contido se refere a saber se defender, mas com argumentos consistentes e não com grosserias.
Um caso bem interessante diz respeito ao processo de sucessão vegetal, no qual, por meio dos estádios serais, as plantas criam condições para que outras surjam. Desse modo, se estabelecem os estágios sucessionais pioneiro, intermediário, avançado e climáxico. O paralelo que se pode estabelecer com a vida humana é que as gerações se sucedem, mas deixam exemplos, testemunhos, conhecimentos e recursos para serem usufruídos pelos descendentes. Nesse sentido, em tese, se imagina que o ambiente posterior possuirá melhores condições de sobrevivência que o anterior, enfim, que os filhos terão uma melhor condição de vida se comparada a dos pais. A isso, o Judaísmo denomina de “sacrifício” de uma geração em favor da próxima, algo que certamente se prende com a quase automática relação entre a sabedoria da Cabalá e os pensamentos e atos do povo hebreu. Portanto, se considerada especificamente a perspectiva ambiental, o ensinamento aqui contido se refere a usar de modo consciente os recursos planetários, a fim de que as próximas gerações também possam sobreviver. Como visto, a Cabalá se sintoniza perfeitamente com a visão de sustentabilidade (uso hoje, mas garanto que amanhã o recurso ainda estará disponível)!
O uso de plantas psicoativas (por exemplo, maconha, coca e papoula) é bem interessante de ser analisado. A analogia com a humanidade é que, a depender da intenção do uso e da dose, o resultado pode ser benéfico ou maléfico, qual seja, o de que podemos pender para o lado bom (a boa inclinação, conhecida em hebraico como yetzer tov) ou mau (a má inclinação, conhecida como yetzer hará) da vida, conforme direcionarmos o nosso livre arbítrio. Enfim, uma pessoa pode se comportar bem (usá-la como princípio ativo prescrito para combater determinada patologia) ou mal (usá-la para se drogar e consequentemente entrar numa “fria”). Sendo assim, o ensinamento aqui é bem claro: viver com responsabilidade e respeitar o próprio corpo. Na visão cabalística, é um dever da pessoa cuidar adequadamente do seu corpo, pois só assim atingirá o equilíbrio que a permitirá servir em plenitude a Deus! Isso é bem fácil de perceber na prática, na medida em que a pessoa enferma terá óbvias restrições de saúde para agir em todos os sentidos, seja para orar e cumprir os mandamentos divinos (em hebraico mitsvot) ou mesmo para se relacionar com o próximo.
Também podemos obter aprendizado se relacionarmos o endemismo (por essa situação podem se tornar raras e até ameaçadas de extinção) de certas plantas com aspectos da sociedade humana. Em outras palavras, as plantas que vivem exclusivamente em certos locais ou regiões podem ser comparadas àquelas pessoas com comportamento único (personalidade marcante) ou com comunidades endógenas, como por exemplo, quilombolas e etnias indígenas. Assim, deveríamos reconhecê-las, valorizá-las e protegê-las de algum modo, exatamente por serem únicas, o que significa que se constituem em relíquias antrópicas. Caso desapareçam ou se descaracterizem (por aculturação), pode-se estar perdendo algo insubstituível! Enfim, aqui se aprende o respeito ao outro e ao seu modo de vida, bem como a ser ativo na proteção a pessoas “raras”.
Outra analogia possível se refere ao caso dos organismos (no nosso caso plantas) geneticamente modificados (OGM) ou que são transgênicos. De forma sucinta, vale entender que organismo geneticamente modificado é um ser vivo que sofreu alguma mudança artificial em seu material genético, mediante manipulação da engenharia genética. A mudança pode ser apenas em alterações na estrutura ou na função do próprio material genético do organismo, mas sem a introdução de genes de outra espécie no original; então esse organismo é considerado somente um OGM. De sua parte, um transgênico é um OGM que recebeu uma parte do material genético de outra espécie. Portanto, o transgênico é um tipo de OGM, mas nem todo OGM é um transgênico. No entanto, ainda que seja necessário se estabelecer essa diferenciação, é preciso considerar que, para ambos os casos, o objetivo é lograr um fenótipo superior (uma melhoria na resposta do organismo).
Entendido o explicitado acima, a analogia mais óbvia entre uma planta transgênica e a humanidade está relacionada com situações em que pessoas recebem partes de outras, como por exemplo, órgãos transplantados e doação de sangue, o que implica dizer que precisam viver com algo “estranho”, ao menos num primeiro momento. Já o caso das plantas OGM pode ser relacionado com pessoas que, por estímulo externo (influenciada por terceiros: pais, professores etc.), passaram a ter um comportamento (fenótipo de cunho social) considerado mais adequado e aceito pela sociedade. Com base no exposto, talvez o principal ensinamento que se possa extrair do caso da transgenia é que devemos admirar as pessoas que tiveram que se submeter a transplantes e transfusões de sangue, não só pelo sofrimento (físico e psicológico) que experimentaram e experimentam, mas pelo exemplo de vida que dão ao conviverem com a situação. Já o caso do OGM também reserva ensinamentos, na medida em que nos revela o quanto podemos crescer com a opinião e o exemplo alheios.
Ainda no que toca a alguma manipulação da planta com vistas a obter um melhor desempenho agronômico, um caso bem particular diz respeito à enxertia. De forma objetiva, o caso parece ter maior relação com a transgenia, ou seja, com o fato de ter que se conviver com algo “estranho”, já que a planta enxerto (em linguagem agronômica o cavaleiro) se relacionará diretamente com a planta porta-enxerto (o cavalo). Evidentemente, não se trata de introdução de genes de outra espécie, mas é preciso ter em conta que envolve uma situação em que duas plantas conviverão intrinsecamente, quase como uma só. Isso sinaliza para o ensinamento de que, quando convivermos intimamente com outra pessoa (normalmente o cônjuge), necessitaremos reconhecer até onde vai o nosso espaço (o nosso limite de opiniões e ações). Enfim, será necessário reconhecer e respeitar o “espaço” do outro, o que permitirá uma convivência harmônica. Isso é da maior importância, pois envolve a harmonia do casal, que, como se sabe, é o núcleo onde a família se estabelecerá. É preciso deixar claro aqui que a prática da enxertia não é considerada casher (apta, adequada) pelo Judaísmo. Todavia, isso não exclui a possibilidade de se fazer as pretendidas analogias entre as plantas e a humanidade.
Outro caso extremamente interessante e curioso se refere às plantas com comportamento monóico (com flores unissexuais femininas e masculinas na mesma planta; portanto, o mesmo indivíduo poderia se comportar como macho ou fêmea) ou dióico (com flores unissexuadas femininas e masculinas em plantas distintas; portanto, o mesmo individuo tem apenas um comportamento sexual). Sem avançar no aspecto científico do caso e o que isso nos revelaria geneticamente, pois não se tem esse objetivo no presente ensaio, talvez a melhor analogia da presente situação com a humanidade se refira ao seguinte ponto: monóico (hermafroditismo humano) e dióico (heterossexualismo). Como se pode perceber, a analogia aqui estabelecida trata de tema complexo e que, para uma análise mais apurada, haveria certamente a necessidade de se recorrer a perfis profissionais de diversas especialidades, como por exemplo, médicos e cientistas sociais, fugindo completamente do nosso objetivo, qual seja, o de especificamente estabelecer relações entre características das plantas com o ser humano, e extrair daí algum aprendizado. Nesses termos, nos restringiremos a extrair o seguinte ensinamento: respeitar os outros, ainda que diferentes de nós.
Também é um tema interessante o caso da ocorrência de estratos entre plantas. Como se sabe, em um ambiente florestal é normal se encontrar três estratos bem definidos: o herbáceo, o arbustivo e o arbóreo. A ocorrência desses estratos desencadeia uma série de relações ecológicas entre as plantas que os compõem, muito influenciada pelo sombreamento e pela consequente interferência no padrão de temperatura e umidade do ambiente em que vivem. Desse modo, não é por acaso que se têm plantas heliófilas (mais dependentes de luz) e umbrófilas (menos dependentes de luz). Portanto, há que se perceber o quanto um estrato influencia o outro, o que nos permite fazer a seguinte analogia com a humanidade: as classes sociais e as suas inerentes relações. Nesse sentido, é preciso registrar que algumas são lamentavelmente desumanas (aculturação, dominação pela força, escravidão etc.), o que estaria a exigir retificação (correção na linguagem cabalística).
A capacidade das plantas de colonizar novos espaços, por meio da dispersão de propágulos sexuados e assexuados, nos passa o exemplo de que devemos ser proativos e buscarmos novos horizontes. Para tanto, necessitaremos de confiança e arrojo, pois há o risco inerente de não ocorrer o desejado sucesso. Vejamos: acaso não é verdade que muitas sementes dispersadas sequer chegam a germinar, seja porque aportaram em solo inadequado ou por terem sido consumidas por animais, dentre outras possibilidades? Portanto, as plantas nos ensinam que devemos ser persistentes em nossos intentos.
O fato de muitas plantas rebrotarem também nos traz ensinamentos, pois demonstra que são capazes de se renovar, mesmo com reveses (corte do caule, passagem de fogo, entre outras possibilidades). Assim, quando tivermos contrariedades, não significa o fim, mas uma possibilidade de recomeço, talvez até para melhor. O ensinamento é claro: precisamos cultivar a persistência, mantendo a confiança inabalada.
Há também o caso de certas plantas que excretam substâncias repelentes ao toque/injúria (por exemplo, picada de inseto) ou que, se consumidas, podem até matar. Uma possibilidade de analogia talvez esteja ligada ao fato de que algumas pessoas agem sempre em retaliação, ou seja, não suportam qualquer observação ou crítica, mesmo quando se trata de algo construtivo. Em linguagem popular, é o chamado “dono da verdade”. Essas pessoas tendem a se isolar e a serem mal vistas por todos, num verdadeiro “suicídio social”. Obviamente, o ensinamento aqui contido se refere a saber se defender, mas com argumentos consistentes e não com grosserias.
Um caso bem interessante diz respeito ao processo de sucessão vegetal, no qual, por meio dos estádios serais, as plantas criam condições para que outras surjam. Desse modo, se estabelecem os estágios sucessionais pioneiro, intermediário, avançado e climáxico. O paralelo que se pode estabelecer com a vida humana é que as gerações se sucedem, mas deixam exemplos, testemunhos, conhecimentos e recursos para serem usufruídos pelos descendentes. Nesse sentido, em tese, se imagina que o ambiente posterior possuirá melhores condições de sobrevivência que o anterior, enfim, que os filhos terão uma melhor condição de vida se comparada a dos pais. A isso, o Judaísmo denomina de “sacrifício” de uma geração em favor da próxima, algo que certamente se prende com a quase automática relação entre a sabedoria da Cabalá e os pensamentos e atos do povo hebreu. Portanto, se considerada especificamente a perspectiva ambiental, o ensinamento aqui contido se refere a usar de modo consciente os recursos planetários, a fim de que as próximas gerações também possam sobreviver. Como visto, a Cabalá se sintoniza perfeitamente com a visão de sustentabilidade (uso hoje, mas garanto que amanhã o recurso ainda estará disponível)!
O uso de plantas psicoativas (por exemplo, maconha, coca e papoula) é bem interessante de ser analisado. A analogia com a humanidade é que, a depender da intenção do uso e da dose, o resultado pode ser benéfico ou maléfico, qual seja, o de que podemos pender para o lado bom (a boa inclinação, conhecida em hebraico como yetzer tov) ou mau (a má inclinação, conhecida como yetzer hará) da vida, conforme direcionarmos o nosso livre arbítrio. Enfim, uma pessoa pode se comportar bem (usá-la como princípio ativo prescrito para combater determinada patologia) ou mal (usá-la para se drogar e consequentemente entrar numa “fria”). Sendo assim, o ensinamento aqui é bem claro: viver com responsabilidade e respeitar o próprio corpo. Na visão cabalística, é um dever da pessoa cuidar adequadamente do seu corpo, pois só assim atingirá o equilíbrio que a permitirá servir em plenitude a Deus! Isso é bem fácil de perceber na prática, na medida em que a pessoa enferma terá óbvias restrições de saúde para agir em todos os sentidos, seja para orar e cumprir os mandamentos divinos (em hebraico mitsvot) ou mesmo para se relacionar com o próximo.
Também podemos obter aprendizado se relacionarmos o endemismo (por essa situação podem se tornar raras e até ameaçadas de extinção) de certas plantas com aspectos da sociedade humana. Em outras palavras, as plantas que vivem exclusivamente em certos locais ou regiões podem ser comparadas àquelas pessoas com comportamento único (personalidade marcante) ou com comunidades endógenas, como por exemplo, quilombolas e etnias indígenas. Assim, deveríamos reconhecê-las, valorizá-las e protegê-las de algum modo, exatamente por serem únicas, o que significa que se constituem em relíquias antrópicas. Caso desapareçam ou se descaracterizem (por aculturação), pode-se estar perdendo algo insubstituível! Enfim, aqui se aprende o respeito ao outro e ao seu modo de vida, bem como a ser ativo na proteção a pessoas “raras”.
Outra analogia possível se refere ao caso dos organismos (no nosso caso plantas) geneticamente modificados (OGM) ou que são transgênicos. De forma sucinta, vale entender que organismo geneticamente modificado é um ser vivo que sofreu alguma mudança artificial em seu material genético, mediante manipulação da engenharia genética. A mudança pode ser apenas em alterações na estrutura ou na função do próprio material genético do organismo, mas sem a introdução de genes de outra espécie no original; então esse organismo é considerado somente um OGM. De sua parte, um transgênico é um OGM que recebeu uma parte do material genético de outra espécie. Portanto, o transgênico é um tipo de OGM, mas nem todo OGM é um transgênico. No entanto, ainda que seja necessário se estabelecer essa diferenciação, é preciso considerar que, para ambos os casos, o objetivo é lograr um fenótipo superior (uma melhoria na resposta do organismo).
Entendido o explicitado acima, a analogia mais óbvia entre uma planta transgênica e a humanidade está relacionada com situações em que pessoas recebem partes de outras, como por exemplo, órgãos transplantados e doação de sangue, o que implica dizer que precisam viver com algo “estranho”, ao menos num primeiro momento. Já o caso das plantas OGM pode ser relacionado com pessoas que, por estímulo externo (influenciada por terceiros: pais, professores etc.), passaram a ter um comportamento (fenótipo de cunho social) considerado mais adequado e aceito pela sociedade. Com base no exposto, talvez o principal ensinamento que se possa extrair do caso da transgenia é que devemos admirar as pessoas que tiveram que se submeter a transplantes e transfusões de sangue, não só pelo sofrimento (físico e psicológico) que experimentaram e experimentam, mas pelo exemplo de vida que dão ao conviverem com a situação. Já o caso do OGM também reserva ensinamentos, na medida em que nos revela o quanto podemos crescer com a opinião e o exemplo alheios.
Ainda no que toca a alguma manipulação da planta com vistas a obter um melhor desempenho agronômico, um caso bem particular diz respeito à enxertia. De forma objetiva, o caso parece ter maior relação com a transgenia, ou seja, com o fato de ter que se conviver com algo “estranho”, já que a planta enxerto (em linguagem agronômica o cavaleiro) se relacionará diretamente com a planta porta-enxerto (o cavalo). Evidentemente, não se trata de introdução de genes de outra espécie, mas é preciso ter em conta que envolve uma situação em que duas plantas conviverão intrinsecamente, quase como uma só. Isso sinaliza para o ensinamento de que, quando convivermos intimamente com outra pessoa (normalmente o cônjuge), necessitaremos reconhecer até onde vai o nosso espaço (o nosso limite de opiniões e ações). Enfim, será necessário reconhecer e respeitar o “espaço” do outro, o que permitirá uma convivência harmônica. Isso é da maior importância, pois envolve a harmonia do casal, que, como se sabe, é o núcleo onde a família se estabelecerá. É preciso deixar claro aqui que a prática da enxertia não é considerada casher (apta, adequada) pelo Judaísmo. Todavia, isso não exclui a possibilidade de se fazer as pretendidas analogias entre as plantas e a humanidade.
Outro caso extremamente interessante e curioso se refere às plantas com comportamento monóico (com flores unissexuais femininas e masculinas na mesma planta; portanto, o mesmo indivíduo poderia se comportar como macho ou fêmea) ou dióico (com flores unissexuadas femininas e masculinas em plantas distintas; portanto, o mesmo individuo tem apenas um comportamento sexual). Sem avançar no aspecto científico do caso e o que isso nos revelaria geneticamente, pois não se tem esse objetivo no presente ensaio, talvez a melhor analogia da presente situação com a humanidade se refira ao seguinte ponto: monóico (hermafroditismo humano) e dióico (heterossexualismo). Como se pode perceber, a analogia aqui estabelecida trata de tema complexo e que, para uma análise mais apurada, haveria certamente a necessidade de se recorrer a perfis profissionais de diversas especialidades, como por exemplo, médicos e cientistas sociais, fugindo completamente do nosso objetivo, qual seja, o de especificamente estabelecer relações entre características das plantas com o ser humano, e extrair daí algum aprendizado. Nesses termos, nos restringiremos a extrair o seguinte ensinamento: respeitar os outros, ainda que diferentes de nós.
Também é um tema interessante o caso da ocorrência de estratos entre plantas. Como se sabe, em um ambiente florestal é normal se encontrar três estratos bem definidos: o herbáceo, o arbustivo e o arbóreo. A ocorrência desses estratos desencadeia uma série de relações ecológicas entre as plantas que os compõem, muito influenciada pelo sombreamento e pela consequente interferência no padrão de temperatura e umidade do ambiente em que vivem. Desse modo, não é por acaso que se têm plantas heliófilas (mais dependentes de luz) e umbrófilas (menos dependentes de luz). Portanto, há que se perceber o quanto um estrato influencia o outro, o que nos permite fazer a seguinte analogia com a humanidade: as classes sociais e as suas inerentes relações. Nesse sentido, é preciso registrar que algumas são lamentavelmente desumanas (aculturação, dominação pela força, escravidão etc.), o que estaria a exigir retificação (correção na linguagem cabalística).
Pelo exposto, fica o aprendizado de que não é possível evitar as inerentes interferências de uma classe social sobre a outra, até pelas desigualdades implícitas, todavia as suas relações precisam se pautar no respeito e na ética. Em uma linguagem mística, praticar o bem a quem quer que seja, tanto na condição de indivíduo quanto de membro de qualquer classe social. Afinal, como se diz no popular, ninguém é tão pobre que não possa doar (em todos os sentidos - financeiro, conselhos, exemplo de vida etc.) e ninguém é tão rico que não possa receber.
A situação referente às plantas longevas (por exemplo, as sequoias) ou que sobrevivem por pouco tempo (normalmente as herbáceas) também permite estabelecer analogias com o ser humano. Assim, vamos encontrar casos de pessoas que faleceram muito jovens ou em idade avançada, o que nos faz refletir sobre a fragilidade e a transitoriedade humana. Enfim, o ensinamento é que somos simples criaturas e não temos controle de tudo, o que nos obriga a sermos humildes e valorizarmos cada momento dessa vida. Nesse contexto, o aprendizado também vai de encontro a sermos solidários e piedosos com as pessoas que perdem seus entes queridos, notadamente em situações inesperadas.
A situação referente às plantas longevas (por exemplo, as sequoias) ou que sobrevivem por pouco tempo (normalmente as herbáceas) também permite estabelecer analogias com o ser humano. Assim, vamos encontrar casos de pessoas que faleceram muito jovens ou em idade avançada, o que nos faz refletir sobre a fragilidade e a transitoriedade humana. Enfim, o ensinamento é que somos simples criaturas e não temos controle de tudo, o que nos obriga a sermos humildes e valorizarmos cada momento dessa vida. Nesse contexto, o aprendizado também vai de encontro a sermos solidários e piedosos com as pessoas que perdem seus entes queridos, notadamente em situações inesperadas.
Outro caso em que é possível estabelecer paralelos é a situação observada em certos vegetais que demoram ou nunca produzem frutos (portanto, a possibilidade de se reproduzir). No mundo vegetal isso pode estar associado a inúmeros fatores, entre os quais não se ter o polinizador específico. Sob qualquer possibilidade que dificulte ou impeça o fato, entendemos que a analogia com a humanidade parece estar mais ligada às pessoas que encontram dificuldades (físicas, psicológicas, financeiras, entre outras) em deixar descendentes. Já num sentido holístico, tal como apregoado pela visão cabalística, poder-se-ia pensar em qualquer dificuldade que apareça para se produzir algo (por exemplo, conhecimento). Sendo assim, o ensinamento aqui contido é o de se esforçar para encontrar os meios que te levarão a atingir o objetivo natural de qualquer ser, ou seja, marcar sua presença na Criação. Isso pode se dar na forma de deixar descendentes, conhecimentos, exemplos de vida ou qualquer outro elemento que se mostre importante para a sociedade.
Um ponto que também merece consideração é o que trata das espécies exóticas (por exemplo, o eucalipto no Brasil). O paralelo com a humanidade é claro: o estrangeiro e como ele se relaciona com o seu novo “habitat” (país). Sendo assim, uma situação real é encontrada quando nos deparamos com nacionalismos exacerbados e xenofobia, hoje tão comuns pelo êxodo de pessoas de países pobres em direção à Europa. A que isso tem levado? Ao ódio e ao terrorismo! É evidente que isso é inaceitável e merece correção. Talvez essa correção possa começar pela procura em conhecer o outro, gerando, desse modo, a possibilidade do diálogo e consequentemente de se mudar de opinião, se convencido. Nisso o povo judeu é único e pode contribuir de forma significativa com a humanidade, via ensinamentos da Cabalá, pois a maior parte de sua existência se deu fora de Israel, o que implica dizer como o estrangeiro, o exótico e o diferente. Enfim, o ensinamento que se pode extrair daqui é a da tolerância e do respeito incondicional ao seu semelhante.
Ao finalizar essas analogias, contextualizo aqui o caso das plantas cultivadas em ambientes internos, sendo as mais comuns as de vaso. Como se sabe, elas são cuidadas pelas pessoas em seus domínios (casas, apartamentos, condomínios etc.). Na prática, passam a ser “membros” da família, quase como os animais de estimação, dada a “intimidade” proporcionada pelos cuidados e pelo carinho que recebem. Desse modo, em muitos casos, profissionais das áreas de Psiquiatria e Psicologia já prescrevem a seus pacientes o chamado Tratamento Fitoterápico (não como chá, mas como passatempo). Ainda em relação a esse tópico, o mesmo raciocínio pode ser feito se tomarmos em consideração as plantas cultivadas em espaços externos, entre eles jardins, canteiros, praças e parques (a chamada arborização urbana), as quais normalmente são observadas e admiradas pelos transeuntes, numa verdadeira “higiene mental”. Portanto, o ensinamento que podemos extrair daqui se refere à necessidade de encontrarmos alguém (ou algo) que nos toque emocionalmente.
Continua no próximo post.
Professor Titular ELIAS SILVA*
* Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
* Especialista em Pesquisa e Fomento Regional e Empresarial da Atividade Agropecuária pelo Centro de Cooperação Internacional (CINADCO/Shefayim) do Ministério das Relações Exteriores do Estado de Israel (MASHAV)
* Membro do Clube Shalom do Brasil
Um ponto que também merece consideração é o que trata das espécies exóticas (por exemplo, o eucalipto no Brasil). O paralelo com a humanidade é claro: o estrangeiro e como ele se relaciona com o seu novo “habitat” (país). Sendo assim, uma situação real é encontrada quando nos deparamos com nacionalismos exacerbados e xenofobia, hoje tão comuns pelo êxodo de pessoas de países pobres em direção à Europa. A que isso tem levado? Ao ódio e ao terrorismo! É evidente que isso é inaceitável e merece correção. Talvez essa correção possa começar pela procura em conhecer o outro, gerando, desse modo, a possibilidade do diálogo e consequentemente de se mudar de opinião, se convencido. Nisso o povo judeu é único e pode contribuir de forma significativa com a humanidade, via ensinamentos da Cabalá, pois a maior parte de sua existência se deu fora de Israel, o que implica dizer como o estrangeiro, o exótico e o diferente. Enfim, o ensinamento que se pode extrair daqui é a da tolerância e do respeito incondicional ao seu semelhante.
Ao finalizar essas analogias, contextualizo aqui o caso das plantas cultivadas em ambientes internos, sendo as mais comuns as de vaso. Como se sabe, elas são cuidadas pelas pessoas em seus domínios (casas, apartamentos, condomínios etc.). Na prática, passam a ser “membros” da família, quase como os animais de estimação, dada a “intimidade” proporcionada pelos cuidados e pelo carinho que recebem. Desse modo, em muitos casos, profissionais das áreas de Psiquiatria e Psicologia já prescrevem a seus pacientes o chamado Tratamento Fitoterápico (não como chá, mas como passatempo). Ainda em relação a esse tópico, o mesmo raciocínio pode ser feito se tomarmos em consideração as plantas cultivadas em espaços externos, entre eles jardins, canteiros, praças e parques (a chamada arborização urbana), as quais normalmente são observadas e admiradas pelos transeuntes, numa verdadeira “higiene mental”. Portanto, o ensinamento que podemos extrair daqui se refere à necessidade de encontrarmos alguém (ou algo) que nos toque emocionalmente.
Continua no próximo post.
Professor Titular ELIAS SILVA*
* Engenheiro Florestal, Mestre e Doutor em Ciência Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV)
* Especialista em Pesquisa e Fomento Regional e Empresarial da Atividade Agropecuária pelo Centro de Cooperação Internacional (CINADCO/Shefayim) do Ministério das Relações Exteriores do Estado de Israel (MASHAV)
* Membro do Clube Shalom do Brasil
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