História
Medicina Egípcia antiga
A Medicina Tradicional Chinesa (MTC) tem uma história muito antiga e rica, e é a terceira forma de medicina mais antiga. Apenas a medicina Egípcia e a Babilónica são anteriores. O facto da MTC existir à milhares de anos e ainda ser usada nos dias de hoje é uma prova do seu valor como forma de tratamento. A MTC foi pouco desenvolvida em outras civilizações do mundo, essencialmente devido ao isolamento da China. Contudo, com a abertura da China em 1972, a MTC começou a espalhar-se pelo Ocidente. A MTC foi sendo moldada com o tempo por muitos factores, incluindo a cultura, filosofia, politica, religião e ciência.
Medicina Babilónica antiga
O desenvolvimento da MTC nem sempre foi construído sequencialmente baseado no conhecimento da Dinastia anterior. A maneira como os indivíduos praticavam a MTC foi influenciada largamente pelo ponto de vista dos professores.
ANTIGUIDADE 2200 AC
Durante este período, começaram a formar-se diferentes clãs, e a sobrevivência foi baseada nas lutas com a natureza. Como os habitantes mais antigos caçavam por comida, descobriram que alguns alimentos poderiam aliviar uma doença enquanto outros eram venenosos e podiam causar a morte.
A descoberta do fogo foi especialmente importante porque permitiu que as pessoas pudessem comer alimentos cozinhados que são mais facilmente digeridos. Ao mesmo tempo, as gerações do fogo conduziram a outras descobertas. Começaram a ser observados os primeiros usos de ervas, acupunctura, e moxibustão para curar doenças. Enquanto usavam pedras quentes para se aquecerem, os habitantes aperceberam-se que ao apertá-las contra algumas partes do corpo, podia ajudar a aliviar algumas doenças. Também descobriram que ao usarem agulhas feitas de osso e espetá-las em pontos particulares podia aliviar a dor noutras áreas do corpo.
Existiram membros de clãs que se tornaram especialistas nas técnicas de espetar agulhas de osso em certos pontos do corpo para aliviar a dor, e foram conhecidos como Shamans (WU). A prática da medicina estava muito integrada com a magia para curar as doenças.
O IMPERADOR AMARELO E O IMPERADOR DO FOGO
O Imperador Amarelo
Duas lendas bem conhecidas nessa altura foram a do Imperador amarelo, cujo nome foi Huang Di, e o Imperador do fogo ao qual foi dado o titulo Shennong. Shennong tinha muitos significados em Chinês, tais como “agricultor divino”, o “marido celestial”, e uma interpretação mais moderna como um doutor distinto. Não está claro se estes imperadores realmente existiram, mas alguns historiadores datam a sua existência entre 2500 a 2700 AC. Ambas estas figuras importantes são autores de dois livros muito conhecidos que têm contribuído significativamente para a Medicina Tradicional Chinesa.
Shennong
Estes são o Huang Di Nei Jing (A Medicina Clássica do Imperador Amarelo) e o Shennong Bencaojing (Clássico de Medicina Herbal). De facto estes livros foram escritos muito mais tarde. Era muito comum nos tempos antigos os autores Chineses atribuírem a autoria aos grandes professores ou as pessoas importantes que os influenciaram.
Conta a tradição que desde criança Huang Di era muito perspicaz, dotado duma inteligência fora do comum e capaz de estabelecer raciocínios avançados, além do normal para a sua idade, sobre os mais variados temas.
PESSOAS SHANG 1700-1100 AC
Acerca das pessoas Shang, as pessoas Shang, um dos ancestrais da China mais antigos, viveram na bacia do Rio Amarelo da China. Durante este período, os princípios médicos eram muito primitivos e eram baseados em mitos e lendas, bem como na experiência. Inscrições nos ossos de búfalos e nas conchas de tartaruga descrevem o uso de vinho e água quente como medicina, e o uso de agulhas e facas de bronze, como instrumentos cirúrgicos.
Os Shang acreditavam que a sua existência estava intimamente ligada com o universo, onde eles estavam localizados no centro, com os céus posicionados acima e a terra posicionada em baixo. Os Shang acreditavam que a terra era “lisa e dividida em 3 quadrados concêntricos”. O “Conceito do Universo” foi usado para explicar as leis da natureza. Foram formadas relações entre o cosmos e os humanos. Por exemplo, a pele do corpo humano corresponde com a textura lisa da terra, os cinco órgãos internos correspondem aos cinco elementos, madeira, fogo, água, terra e metal, e os olhos e os ouvidos estavam relacionados com o sol e a lua nos céus.
A Dinastia Shang começa em 1766 a.C. e termina em 1122 a.C. Apodera-se da Dinastia Xia, empreendendo esta nova dinastia, aonde se inicia o comércio e a olaria. São inventados o arco e flecha, o calendário chinês e aperfeiçoa-se a escrita.
A DINASTIA ZHOU OU CHOU – 1100-221 AC
A dinastia foi dividida em 4 períodos: Zhou Ocidental (1100-771 AC) Zhou Oriental (700-256 AC) Período de Primavera e Outono (770-476 AC) Período de Estados de Guerra (476-221 AC).
Zhou Ocidental
As pessoas do Zhou Ocidental migraram para a região Shang em 111 AC, adoptando inicialmente os costumes dos Shang. Contudo, com o tempo as pessoas começaram a revoltar-se contra os costumes e crenças antigos. Foi uma época de muita perturbação politica e social com uma quebra na moralidade das pessoas. Os estados Feudalistas estavam constantemente em guerra .
Confucionismo e Taoismo
Confúcio
Neste período existiram duas pessoas muito importantes. Uma foi Confúcio (557-479 AC). Confúcio foi um reformista social e um professor. Ele queria restaurar a ordem nesta altura de caos. O seu contemporâneo, Lao-tsé (nasceu em 590 AC), foi o fundador do Taoismo. Os ensinamentos Taoistas eram mais filosóficos, enquanto que os de Confúcio eram mais práticos. Ainda hoje as suas filosofias são importantes na cultura Chinesa, e ajudaram a moldar a prática da Medicina Chinesa.
Zhou Oriental
Foi desenvolvido um sistema médico organizado durante este período.
De acordo com o livro Rites of Chou, que gravou as cerimónias ou sistemas desse tempo, o período Zhou Oriental tinha um sistema médico organizado no qual oficiais da corte do imperador eram treinados em várias especialidades de medicina. Por exemplo, Jivi eram físicos que curavam as doenças internas, Yangyi eram físicos que curavam as doenças externas, tais como feridas, problemas de pele, ossos partidos e outros problemas traumáticos e Shivi eram físicos que lidavam com problemas de dieta. Os primeiros veterinários chineses também apareceram durante este tempo.
Período de Primavera e Outono
Bian Que
Neste período, um número de físicos contribuíram para uma grande parte do conhecimento da MTC. Um físico notável foi o Bian Que. As suas habilidades eram baseadas fundamentalmente em 4 procedimentos de exame da Medicina Chinesa. Ele observava a língua do seu paciente, orelha, face, olhos, boca e garganta, ouvia a fala dos seus pacientes, a tosse, ou outras vibrações corporais, anotava a história completa do problema do paciente e por fim sentia o pulso do paciente. Bian Que também achava que a doença era causada pelo desequilíbrio do Yin e Yang. Usando estas técnicas Bian Que era um perito em muitos campos da medicina, incluindo ginecologia, pediatria, oftalmologia, psiquiatria e otorrinolaringologia.
Período de Estados de Guerra
Durante este período o governo feudalista da China saltou para sete estados diferentes. Foi por volta desta altura que começou a ser mais desenvolvida a filosofia Yin/Yang e o uso dos 5 elementos para descrever as causas da doença e que começou a ser ensinada nas escolas e a ser escrita nos livros. Em 1973 e 1974, a escavação das Grutas Mawangdui revelou escritas médicas de 168 AC, chamadas de Wushier Bingfang (The Fifty-two Prescriptions), foi a primeira referencia escrita da Farmacologia Chinesa.
Huang Di Nei Jing (A Medicna Clássica do Imperador Amarelo)
Apesar de se atribuir a autoria do livro ao Imperador Amarelo, na realidade foi escrito por vários autores ao longo do tempo. Este livro está dividido em duas secções. A primeira é o Suwen (o livro das questões) que foi escrito no final do período Primavera/Outono e no período dos Estados de Guerra. A segunda parte é chamada de Lingshu (The vital Axis)e foi escrito algures no segundo século AC, com a revisão a ocorrer na Dinastia Han (206 AC-25 DC). Este livro é muito significante porque foi uma das primeiras escritas médicas concisas acerca da Medicina Chinesa. Além da medicina este livro também apresenta considerações sobre ética, filosofia e religião. Os três temas que aparecem no livro são a teoria do Taoismo, Yin e Yang e os 5 elementos.
DINASTIA QIN (221-207 AC)
O Imperador Qin Shi Huangdi foi o primeiro imperador a unir a China. Conseguiu isto não apenas com a força, mas também através da estandardização de sistemas pelo país, como a escrita, pesos e medidas. O seu acto mais famoso foi o queimar dos livros em 213 AC. Como resultado muitas escritas importantes da China antiga foram perdidas. Felizmente alguns textos sobre divinação, medicina e agricultura foram salvos.
DINASTIA HAN (206 AC – 220 DC)
Han Ocidental 206 AC – 24 DC Han Oriental 25 -220 DC Liu Bang lançou a dinastia Han em 206 AC e adoptou o sistema e as leis duras, inicialmente colocadas pela Dinastia Qin. Durante os anos 9 a 23 DC, Wang Mang fundou uma nova dinastia chamada Xin, que marcou uma divisão entre a Han Ocidental e a Oriental. Contudo, o seu reinado foi curto e em 23 DC um exército rebelde, os Red Eyebrowns, mataram o Wang Mang, iniciando a dinastia Han Oriental. Durante este período, as tribos nómadas estavam constantemente a invadir a China. Como resultado a Dinastia Han Ocidental expandiu o seu império até ao que chamamos hoje de Mongólia, Manchiria, Coreia, Sul da China, Vietname e Ásia Central.
Curiosidade: Zhang Heng (78-139 DC), um cientista e astrónomo inventou o primeiro sismógrafo no segundo século.
O desenvolvimento da filosofia e religião
A filosofia, valores sociais e a religião desempenharam papeis fundamentais na adaptação da prática da Medicina Chinesa. Por esta altura muitas religiões, incluindo o budismo, foram introduzidas ou já estavam bem estabelecidas. Além do mais começaram a aparecer livros que examinavam a historia antiga Chinesa. Devido à vasta adopção dos valores de Confúcio, muitas crianças tomavam conta dos pais quando estes estavam doentes, porque isto era considerado uma responsabilidade dos membros da família. Consequentemente, muitas escolas e académicos estudaram as escritas médicas, para poderem desempenhar essas funções de doutor.
Taoismo e imortalidade
Um dos populares conceitos Taoistas era o da longevidade. Muitos imperadores achavam que as plantas ou elixires que existiam poderiam torná-los imortais. Outra religião como o Budismo também ajudou a descobrir os segredos de Shangri-la virando-se para o Taoismo. Por exemplo, o Imperador Lingdi (168-189 DC) da Dinastia HAN convidou monges budistas de outra seita Taoista, da Índia, para a sua corte na esperança que eles conseguissem fornecer-lhe o elixir da imortalidade. Este elixir foi a origem das prescrições chinesas.
Desenvolvimento do Sistema Médico e Educação
A Aprendizagem era uma via comum de educar os novos físicos na Dinastia Han Oriental. Estas aprendizagens eram, essencialmente ensinadas pelas famílias. O prestigio de um médico era baseado na quantidade de gerações que a família praticava Medicina. O processo de selecção destes aprendizes era um processo escrito. Outra maneira de se tornarem médicos incluía o estudo das prescrições feitas por outros médicos nas farmácias ou por uma medicina com auto-estudo.
Os exames para o recrutamento de físicos qualificados foram introduzidos na Dinastia Han. O Imperador Yuan em 43 AC pediu que todos os seus assistentes oficiais que eram médicos fossem testados. Interessantemente, este exame não era necessariamente baseado nos conhecimentos médicos, mas antes na capacidade de ser “simples na vida, honesto, politico na vida social e bom na conduta”. Um serviço médico básico também foi introduzido nesta Dinastia. Os físicos eram divididos em 2 grupos. Existiam os físicos da corte imperial que atendiam o Imperador, e os físicos que atendiam o exército e as pessoas comuns.
Curiosidade: O Livro Medicina Interna Clássica do Imperador Amarelo, também dá enfaze à selecção cuidadosa dos aprendizes, uma vez que o seu sucesso traria fama ao mestre.
Shennong Bencaojing (Medicina herbal Clássica)
Um dos livros médicos mais importantes que apareceu na Dinastia Han foi o Shennong Bencaojing (Classic of Herbal Medicine). Enquanto o seu autor atribuído foi o Imperador Fogo, a verdade é que ninguém sabe quem o escreveu, apenas que foi escrito entre o 1º e 2º século AC, e é considerado a primeira Farmacopeia Chinesa completa. Este livro lista um total de 356 medicamentos chineses, dos quais 252 eram de origem herbal, 67 dos animais e 46 dos minerais. Cada medicina foi dividida em 3 categorias. A categoria superior incluía 120 medicamentos, que foram considerados não tóxicos e contendo efeitos revigorantes para preservar a vitalidade e prolongar a vida. Uma das plantas mais famosas desta categoria era o Ginseng. A segunda categoria incluía os medicamentos médios, dos quais foram listados 120. os medicamentos desta categoria eram utilizados para prevenir doenças e restaurar a vitalidade individual. Contudo, os medicamentos listados aqui que continham plantas como a Angélica Chinesa e a Efedra, por vezes poderiam ser tóxicos e deviam ser usados cuidadosamente. A terceira categoria incluía 125 medicamentos inferiores que eram considerados tóxicos com efeitos secundários, e eram usados com objectivos terapêuticos específicos.
Físicos importantes da Dinastia Han
Os 5 movimentos físicos de Hua Tuo
Durante a Dinastia Han surgiram vários Físicos importantes. Chuyu Yi (215-167 AC) foi o primeiro médico a manter “os registos médicos” dos doentes que tratava. Guo Yu, que era o físico da Corte do imperador He, e Fu Weng foram dois médicos do primeiro século DC que foram imortalizados por causa das suas habilidades em acupunctura e moxibustão. Zhang Zhongjing também conhecido como Zhang Ji (150-219 DC) foi considerado um sábio da medicina.
Escreveu um livro chamado Shanghan Zabinglun (Discurso sobre febres e doenças variadas) que lida com o tratamento de muitas doenças febris. O livro contém 6 partes, que corresponde aos 6 pares de meridianos. É importante porque discute métodos de diagnóstico e tratamento com base nos sintomas de diferentes patologias. Hua Tuo (141 208 DC) foi um contemporâneo de Zhang Zhongjing. Viajou de cidade em cidade tratando pacientes e aprendendo com outros médicos. É famoso por causa das suas habilidade como cirurgião e o uso da anestesia. Hua Tuo também recomendava aos seus pacientes o exercício físico. Recomendava movimentos que eram semelhantes aos movimentos de 5 animais (tigre, veado, urso, macaco e pássaro).
Curiosidade: Mais tarde na Dinastia Song (960-1279 DC), o livro de Zhang Zhongjing foi rescrito e dividido em dois livros chamados Shanghanlun (Treatise on Febrile Diseases) e Jinkui Yaolue (Summary from the Golden Ches).
O final da Dinastia Han
Em 184 DC, os Turbans Amarelos quebraram com sucesso a Dinastia Han. Isto conduziu ao período dos Três Reinos do 3º século DC. Um general chamado Cao Cao era um militante especialista. Pediu ao Hua Tuo para permanecer ao seu serviço, depois de ter sido tratado por ele para uma dor de cabeça terrível. Hua Tuo recusou e Cao Cao mandou matá-lo.
O período dos Três Reinos (220-280 DC)
Wei (220 -265 DC); Shu Han (221 -263 DC); Wu (222 -280 DC)
Dinastia Jin 265 – 420 DC
Western Jin (265 -316 DC); Eastern Jin (317 -420 DC)
Dinastia do Sul (420 – 589 DC)
(Governava o sul da China); Song (420 -479 DC); Qi (679 -502 DC); Liang (502 -557 DC); Chen (557 -589 DC)
Dinastia do Norte (386 – 581 DC)
(Governava o norte da China); Northern Wei (386 -534 DC); Eastern Wei (534 -550 DC); Western Wei (535- 556 DC); Northern Qi (550- 577 DC); Northern Zhou (557 -581 DC)
Nota: Como resultado, os conhecimentos matemáticos, astronomia e medicina floriram neste período. Muitos monges tinham conhecimentos médicos porque era uma necessidade caminharem muito para dar assistência médica.
Desenvolvimento da Educação física
Durante este tempo, a educação médica foi avaliada como de elevada exigência. Em 443 DC, Qin Cheng-Zu, um médico do imperador, pediu ao Imperador Wen do Song Kingdom para que os físicos ensinassem os estudantes médicos. Foi a primeira vez que o governo designou professores para educarem estudantes na Medicina Chinesa.
Acupunctura e moxibustão
Acupunctura, conhecida como Zheniiu em Chinês, foi muito aceite pela população Chinesa. Pode ter tido origem para aliviar a dor definida como uma dor que se manifesta numa parte do corpo, mas tem origem noutra. Zhenjiu Jiayijing (O ABC de Acupunctura e Moxibustão): O homem que o escreveu é considerado a bíblia da acupunctura e moxibustão -Huangfu Mi (215-282 DC). Este livro começa por discutir os conceitos de MTC envolvendo a anatomia, fisiologia e depois descreve a teoria dos meridianos. Adicionalmente, anota a localização dos pontos de acupunctura, discute as técnicas usadas para manipular as agulhas, e descreve a aplicação clínica e os benefícios terapêuticos tanto da acupunctura como moxibustão.
Curiosidade: O Lingshu (o Axis vital), umlivro de Huang Di Nei Jing (The Yellow Emperor’s Classic Of Internal Medicine) tem uma secção inteira dedicada ao uso de acupunctura.
Estudos dos Meridianos e do Pulso
Neste momento o conceito de sangue e circulação já estava completamente integrado na prática de medicina Chinesa. Já se sabia que existiam dois sistemas separados de circulação, cada uma com diferentes fluidos a fluírem neles. O sangue era bombeado do coração e pelos vaso distribuído pelo organismo. Qi foi considerado uma forma de energia que era bombeada dos pulmões e circulava pelo organismo em meridianos ou canais invisíveis.
Wang Shuhe e o Maijing (Pulso Clássico ou Manual dos Pulsos)
Wang Shuhe
Wang Shihe (265-317 DC) escreveu o Maijing que era uma compilação de todo o conhecimento sobre o diagnóstico pelo pulso. Na medicina Chinesa o sentir o pulso é provavelmente a técnica de exame mais importante , porque como o pulso flui indica diferentes patologias. Neste livro foram identificados 24 diferentes tipos de pulso.
Alquimia e Ge Hong
Ge Hong
Ge Hong (281-341 DC) foi um famoso alquimista e médico. O seu grande feito foi o livro Zhouhou Beijifang ou Zhouhou Jiuzufang (Emergency Prescriptions ou Handbook of Medicine for Emergencies) que foi considerado como ser um guia “Como fazer” para as emergências médicas. Tinha abordagens médicas para problemas médicos e incluía estratégias de prevenção, como o uso de quarentena para doenças contagiosas. As doenças discutidas neste livro incluem a tifóide, disenteria, malária, cólera, que eram muito comuns naquela altura.
Nota: Os alquimistas podem ser considerados como os primeiros farmacêuticos. A sua popularidade surgiu devido aos Taoistas quererem a longevidade. Na sua pesquisa para a obtenção do elixir mágico da vida, os alquimistas experimentaram diferentes métodos de combinação de químicos e minerais, criando uma nova medicina ou tónicos.
Matéria Médica
Shennong Bencaojing (Classic of Herbal Medicine
Outra figura importante no desenvolvimento da Medicina Chinesa foi o Tao Honjing (456-536 DC), que foi especialmente conhecido pelos seus comentários no Shennong Bencaojing (Classic of Herbal Medicine). Ele aumentou o número de plantas medicinais no livro de 365 para 730, e completou com informação sobre a natureza da planta, localização, e tempo de colheita. O novo livro recebeu o nome de Shennong Bencaojing Jizhu (Annotations to the Classic of Herbal Medicine). Dominou a literatura farmacêutica até meados do século 7º DC. Outros trabalhos muito importantes deste tempo foram o Lei Xiao’s (nascido em 15 DC) Leigong Baozhilun (Treatise on the Preparation of Lei Gong's Remedies) e Liu Juanzi Guifang, o tratado conhecido mais antigo sobre a cirurgia Chinesa. Lei Gong Baozhilun (Treatise on the Preparation of Lei Gong's Remedies) que foca uma medicina à base de vegetais, ao contrário do trabalho de Ge Hong que se baseava no uso de químicos para tratar as doenças. Mais tarde, o livro Liu Juanzi Guifang, providencia informação sobre tratamento de feridas.
Nota: No livro Liu Juanzi Guifang é mencionado o uso de pomadas com mercúrio para tratar alguns problemas de pele.
Dinastia Sui (581-618 DC)
Chao Yuanfang
Existiu um desejo para reunir novamente a China e restaurar o país para formar a glória da Dinastia Han (206 AC-220 DC). Um general da Dinastia Zhou do Norte foi bem sucedido em destronar a última Dinastia do Sul (Chen) em 581 DC. Este general adoptou o título de “Sui Wendi”, ou imperador Wen, estabelecendo a Dinastia Sui. Contudo esta Dinastia durou pouco e seguiu-se a Dinastia Tang em 618 DC.
Dinastia Tang (618-907 DC)
Foi fundada pela família Li. Li Yuan, o primeiro imperador da Dinastia Tang, reinou com o nome de Tang Gaozu (681-626 DC) seguido pelo seu filho Li Shimin que reinou com o nome de Tang Taizong (626-649 DC). A primeira Dinastia Tang expandiu a China tornando-a o país da Ásia mais poderoso. Nesta altura, o Budismo estava no seu pico e a poesia cresceu muito.
A Academia Imperial
Em 624 DC, foi fundada outra Academia Médica Imperial. O governo formava médicos para servir o Imperador, a sua família e nobres. Estava dividido em duas áreas: medicina e farmácia.
Medicina: estudavam áreas como medicina interna, pediatria, cirurgia, ENT, acupunctura, massagens e encantamentos (reflecte a importância que o espiritualismo desempenhou nos processos holisticos de cura).
Farmácia: estes estudantes ajudavam a manter o jardim Imperial e aprendiam a plantar e processar as plantas.
Chao Yuangfang (610 AD) Chao Yuangfang foi o título do Físico do Imperador. É famoso devido ao seu livro Zhubing Yuanhoulun (Treatise on the Causes and Symptoms of Diseases). Este livro é composto por 50 volumes e descreve 1700 síndromes. É significante porque é o primeiro registo na China que categoriza as causas, sintomas e patologias de certas doenças de uma maneira sistemática. Toca em temas como medicina interna, cirurgia, pediatria, ginecologia, dermatologia, oftalmologia e ENT.
Processo de Exames: um dos aspectos mais importantes da escola é que todos os estudantes tinham que fazer exames. Os médicos eram promovidos com base nas taxas de sucesso de tratamento. Em 629 DC, só 5 anos depois da criação da Academia Médica Imperial, o Imperador Tai Zong estabeleceu escolas médicas locais para educar os médicos nas províncias.
A primeira Farmacopeia Oficial
O livro previamente mencionado Shennong Bencanjing (Classic of Herbal Medicina) escrito entre o 1º e 2º século AC é a primeira referência de Farmacopeia. Foi revisto por Tao Honjing (456-536 DC) e intitulado de Shennong Bencaojing Jizh (Annotations to the Classic of Herbal Medicine). Só na Dinastia Tang que a primeira Farmacopeia Oficial foi mandatada pelo Governo. Um físico, Su Jingi, juntamente com outros 20 compatriotas escreveram o Xinxiu Bencao (Newly Revised Matera Medica) entre 657-659 DC, que foi a primeira Farmacopeia Oficial na China e no mundo.
Influência estrangeiras na Medicina Chinesa
Devido à expansão e melhoramento dos sistemas de comunicação e transporte, a Medicina Chinesa foi introduzida noutros países. Em troca, estas culturas estrangeiras contribuíram para o avanço da medicina Chinesa. Os médicos eram enviados para a Coreia, Japão, Índia e Vietname. Através da Coreia foram introduzidas plantas como o Ginseng. Devido à popularidade do Budismo e da peregrinações dos monges religiosos, houve uma troca natural de informação entre a Índia e China. Muitos livros médicos indianos foram traduzidos para chinês. Os avanços na oftalmologia foram parcialmente devido à experiência Indiana. Em troca, as plantas como efedra, ginseng foram trazidas da China para a Índia. A medicina Chinesa também influenciou o mundo Árabe. Os Árabes aproveitaram a pulsologia, bem como as plantas como o ruibarbo, enquanto que a China ficou com a mirra e Trigonela.
SunSimiao (581-682 DC)
Sun Simiao é um dos físicos mais influentes da história da Medicina Chinesa, e foi distinguido por aplicar a medicina no código ético. O seu interesse em medicina surgiu devido à sua fragilidade de saúde (ele foi o seu primeiro paciente). Os seus conhecimentos em medicina, Budismo, Confucionismo e Taoismo fizeram com que fosse procurado pelos Imperadores, mas ele preferiu continuar a servir o povo. Ele acreditava que a melhor maneira de curar um paciente era prevenindo a doença. Os seus trabalhos mais conhecidos são Qianjin Yaofang (Prescription Worth a Thousand Gold for Emergencies or Precious Prescriptions for Emergencies) e Qjianjin Yifang (A Supplement to the Essential Prescriptions Worth a Thousand Gold or Supplement toPrecious Prescriptions) Após ter tratado 600 casos de lepra foi considerado o primeiro perito na matéria. Ele achava que a vida podia ser prolongada com medidas como exercícios de respiração (Qi Gong) exercício físico regular e massagem terapêutica. .
Nota: Outros avanços feitos pelo Sun Simiao foram nas áreas de acupunctura, moxibustão e farmácia. Ele achava que a moxibustão deveria ser realizada antes da acupunctura e teve sucesso em determinar pontos essenciais de acupunctura. Também combinou a acupunctura com terapia com plantas. Foi-lhe dado o nome de “Rei da farmacologia” ou “Rei das Prescrições” porque era um especialista em preparações com plantas medicinais.
As Cinco Dinastias (907-960 DC)
Com o colapso da Dinastia Tang, a China foi governada por uma série de Dinastia de curta duração. Como resultado o país foi dividido em estados independentes.
Dinastia Liao (916-1125 DC)
A Liao foi uma Dinastia poderosa no Norte estabelecida pelo povo Khitan. A Dinastia Song que coexistiu com a Dinastia Liao tinha que lhes pagar grandes quantidades de dinheiro para continuarem a manter as relações pacificas.
Boom de publicações de Textos de Medicina Chinesa Em 1040 DC Bi Sheng inventou o “woodblock printing” (impressão em madeira) tipo movível. Isto teve um grande impacto na medicina e outras ciências, uma vez que permitiu que os textos mais importantes fossem rapidamente impressos e divulgados. Durante este período foi criada uma instituição do Estado conhecida como "Bureau for the Re-editing of Medical Books," para compilar e verificar todos os textos médicos com mais de 1000 anos. Esta instituição publicou muitos livros clássicos e muitos livros foram reescritos ou revistos com novos nomes. Também escreveram alguns comentários no clássico Huang Di Nei Jing ( The Yellow Emperor’s Classic of Internal Medicine).
As Dinastidas Song do Norte e do Sul (960-1279 DC)
Acerca da Dinastia Song Zhao Guangyin reuniu a China e fundou a Dinastia Song em 960 DC. Estava sempre a ser invadida e em 1127 DC os Jurchen estabeleceram a Dinastia Jin no Norte. O Confucionismo reemergiu nesta altura, sendo mais tarde renomeada de Neo-Confucionismo. Foram introduzidas “novas leis” pelo Wang Anshi (1021-1086 DC), que conduziram a alterações politicas radicais. As alterações facilitaram a reorganização médica e permitiram que se estabelecessem novos sistemas de saúde (hospitais, instituições de caridade, dispensários).
Os textos de farmacopeia importantes são... Além das farmacopeias, muitos livros de prescrição foram publicados. O primeiro entitulado Taiping Shenghuifang (Prescriptions from the Pharmacy of Harmonious Assitance), foi escrito por Wang Huainyin no final do século 10º. Lista um total de 16834 prescrições e dá detalhes de prescrições, drogas usadas, síndromes e patologias.
Educação médica
Durante a Dinastia Song, os deveres administrativos médicos e a educação médica estavam separados. Wang Anshi, uma figura politica muito importante do século 11º iniciou uma série de reformas que incluíam um sistema de exame e currículo mais perfeito. Como resultado a medicina Imperial Bureau que era responsável pela educação médica, expandiu para se tornar um Colégio Médico Imperial. Pouco depois, foram fundadas várias escolas médicas em diferentes cidades na China.
Curiosidade: Foram lançados exames médicos para os estudantes durante este período. Os estudantes passavam ao nível seguinte com base nos seus registos escolásticos e a sua taxa de sucesso de tratamento. O Colégio estava dividido em 9 departamentos: 1- Medicina Interna, 2- Obstetrícia, 3- Pediatria, 4- Oftalmologia, 5- Ouvidos, nariz, garganta e dentes, 6-Dermatologia e ortopedia, 7- Acupunctura e moxibustão, 8- Trauma e encantamentos, 9-Doenças de vento.
Um novo ensino
A teoria das três causas Chen Yan escreveu Sanyin Jiyi Bingzheng (A Treatise on Pathology) declarava que existiam 3 tipos de agentes patogénicos (sanyin): endógeno, exógeno e os que não são nem um nem outro. Estas influencias conduzem a um desequilíbrio entre o Yin e Yang no corpo, entre a energia vital (Qi) e o sangue, ou desemparelhava funções dos órgãos e meridianos que conduziam a doenças.
Os estudantes também ficaram mais familiarizados com a anatomia, uma vez que as ilustrações desenhadas pelo físico/poeta Yang Jie (1068-1140 DC) das autópsias feitas a prisioneiros ficaram disponíveis. Outro avanço na educação médica foi a realização de dias estátuas de bronze do tamanho de um homem, pelo Wang Weiyi (987-1067 DC). Estas estátuas tinham 657 pontos de acupunctura que eram cheios com água e fechados com cera. Quando o estudante acertava no ponto saia água. Para completar a estátua Wang Weiyi escreveu um livro chamado Tingren Shuxue Zhen Jiu Tujing (Illustrated Manual of the Bronze Man Showing Acupuncture and Moxibustion Points).
Pediatria e ginecologia
Na Dinastia Song a pediatria e ginecologia especializaram-se e tornaram-se ramos independentes da medicina. O pediatra mais importante foi Qian Yi (1035-1117 DC). O seu trabalho foi gravado pelo seu discípulo Yan Xiaozhong no Xiao’er Yaozheng Zhijue (The Appropriate Way of Recognizing and treating Infant Maladies). Além do mais, Qian Yi contribuiu para um melhor entendimento das febres eruptivas, como a varíola e varicela. Chen Ziming (1190-1270 DC) escreveu Furen Daquan Liangfnag (Collection of Gynecology Treatises), que lidava com vários problemas ginecológicos associados com a menstruação, gestação e parto.
Avanços médicos na Medicina Forense Xiyuan Jilu ou Xiyuanlu (Washing Away the Wrongs) foi escrito por Song Ci (1247 DC). O livro dava detalhes de como se deveriam realizar as autópsias e listas observações sobre fisiologia, histologia, patologia, farmacologia e toxicologia. No livro vinha descrito o estado de uma vitima de envenenamento e medidas para comprovar o envenenamento. O livro ajudou a estabelecer o inicio da Medicina Forense na China.
Período Jin-Yuan (115-1368 DC)
Marco Polo
Acerca de Jin e Yuan Jin e Yuan eram tribos nómadas não-Chinesas que viveram na zona nordeste durante a Dinastia Song. A Dinastia Jin foi fundada em 115 e conquistou a parte Norte da China em 1126. durou mais de 100 anos até ao exército da Mongólia os ter destronado em 1234. Conquistaram o sul em 1279 e fundaram o Império Yaun. Durante este tempo existiram 9 governadores, logo o poder enfraqueceu. Um grupo rebelde, os “Red Turbans” terminara com a Dinastia yuan em 1368.
Nota: A cultura, arte e estilo de vida permaneceram praticamente os mesmos que durante a Dinastia Song. Os mongóis proibiram os casamentos entre etnias diferentes. Os mongóis proibiram o uso de certas drogas tóxicas. Um dos exploradores mais conhecidos desse tempo foi MarcoPolo. Foi o primeiro Europeu a fazer uma jornada pelo continente Asiático.
Seis portas e três métodos (Zhang Congzheng)
Zhang Congzheng
Zhang Congzeng (1150-1228 DC) tinha uma abordagem no tratamento inovadora. Era um físico militar e escreveu o livro Rumen Shiqin (Therapies for Scholars) baseado nas suas observações e pesquisas. Contudo a sua teoria mais conhecida é as “seis portas e os três métodos”. As seis portas são as seis influências (vendo, calor verão, humidade, fogo, secura e frio). E os três métodos referem-se aos regimes terapêuticos usados para induzir a transpiração, vómito e purgação. Ele achava que as influências maléficas vinham do céu, terra e comportamento humano, logo para curar tinha que se expelir as influências maléficas.
Físicos mais conhecidos
Liu Wansu
Mestre Hejian (Liu Wansu – 1120-1200) Fundou a escola Hejian. Foi famoso por escrever muitos trabalhos com base no clássico Suwen (The Book of Plain Questions). A suas crenças tinham por base a teoria dos cinco movimentos (Yun) e 6 influências (qi). Deu muita importância ao fogo e coração e tinha uma tendência em prescrever plantas com propriedades frias para tratar doenças que tinham estas influências.
Escola Yishui (Zhang Yuansu – 1151-1234 DC)
Zhang Yuansu foi o fundador da Escola Yishui. Segundo o seu livro Yixue Qiyuan (Explanation of Medicine), publicado em 1186, “As prescrições do passado não eram apropriadas para as doenças de hoje”. Contudo, Zhang criou um mosaico único das suas práticas e crenças baseadas nos ensinamentos dos seus precedentes em médica clássica como Huangdi Neijing (The Yellow Emperor’s Classic of Internal Medicine), o Shanghanlun (Treatise on Febrile Diseases) e o Zongzangjing. Zhang Yuansu foi conhecido por causa da sua ideia de que a medicina era efeitos científicos em meridianos particulares. Ele achava que a doença ocorria quando surgia um desequilíbrio entre os órgãos Zang e Fu.
O Cavalheiro mais antigo do Eastern Wall (Li Gao)
Li Gao
Li Gao (1180-1251) é conhecido pelo seu conceito acerca do estilo de vida afectar os órgãos. No seu trabalho mais importante Piweilun (Treatise on the Spleen and Stomach) declara que se o estômago ou o baço estavam danificados por um estilo de vida inapropriado, a vitalidade decaia e surgia a doença como resultado do desequilíbrio entre o Qi nestes órgãos. Ele acreditava que as emoções, incluindo a raiva, alegria, tristeza e desgosto poderiam ter uma grande influência no Qi e que a doença era causada por uma sociedade marcada pela pobreza, guerra e opressão. Era a favor do uso de certos tónicos e recomendava muitas vezes ginseng.
Ministro do Fogo (Zhu Zhenheng – 1281-1358 DC)
Foi conhecido como Mestre Danxi. O seu trabalho, Gezhi Yulun (Theories of In-depth Research) estuda a teoria do fogo interno ou calor durante alterações fisiológicas e patológicas. Ministro do fogo é uma espécie de energia Yang que é uma força vital necessária para o organismo funcionar. Existe essencialmente no fígado e rins. Coopera com um segundo fogo, o fogo do coração, para promover a função dos órgãos. Na doença Zhu Zhenheng achava que o Yang do corpo estava sempre em excesso causando um défice de yin. Como resultado o “fogo” que é geralmente produzido pelo movimento que estava aumentado achava-se que era devido a um desequilíbrio do ministro do fogo. Esta Teoria ainda hoje é usada.
Acupunctura e Moxibustão
Localização do ponto Jiuwei
No período Jin-Yuan a acupunctura e moxibustão eram extensivamente usadas e vários pontos de acupunctura e as suas virtudes terapêuticas foram validadas. Four Books of Acupuncture and Moxibustion (Zhenjiu Sishu) publicados por Dou Guifang em 1331 compilam os trabalhos mais importantes das Dinastias Song e Jin.
Nota: Por exemplo o ponto conhecido como Jiuwei mencionado no Huangdi Mingdang Jiujing (um dos 4 livros) foi usado no tratamento de palpitações e epilepsia, um ponto que ainda hoje tem aplicações semelhantes.
Arranjo dos ossos e cirurgia traumática
Os mongóis nómadas estavam envolvidos em actividade militar constante o que facilitou o desenvolvimento de medicina externa. Durante a Dinastia Yuan, Qi Dezhi no seu trabalho Waike Jingyi (The Essentials of External Medicine) descreve vários métodos usando cirurgias menores, mas também lista remédios, fazendo uso de decoções, comprimidos, pós e pomadas. Ele acreditava que os problemas de pele eram uma consequência do desequilíbrio do yin e yang. Wei Yilin, um contemporâneo de Qi Dezhi especializou-se em ortopedia. Foi pioneiro no método de suspensão para a redução das articulações. Só em 1927 é que este método foi introduzido no ocidente pelo inglês Davis.
Zhao Xianke desenvolveu os ensinamentos de Xue Ji para formular a teoria de “portão da vitalidade” (mingmen). Era este “portão da vitalidade”, localizado entre os rins, que governava o corpo.
A quantidade de “fogo” produzida neste portão determinava o grau de energia disponível. Para alcançar o equilíbrio dava dois comprimidos aos seus doentes: “O comprimido de oito ingredientes” para revigorar o fogo (Yang), e o “comprimido dos 6 ingredientes” para revigorar a água (Yin).
Dinastia Ming 1368-1644 DC
O fundador da Dinastia Ming foi Zhu Yuanzhang, mais conhecido como Hongwu. Foram feitas reformas agrícolas e politicas extensivas, resultando num período rico em termos económicos, artísticos e culturais. Foi um período de muitas “primeiras”. Foi construida a Cidade Proibida, escritos dicionários como Yongle Dadian (Great Dictionary of the Yongle Reign) e exploradores como Zheng He viajaram pelo mundo. Apesar do sucesso a dinastia tornou-se ditatorial e em 1440 e os mongóis e os piratas japoneses (wokou) começaram a dominar a China.
Diferentes escolas de medicina
As três principais escolas deste período foram a escola de adoração do yin, a escola do aquecimento e a escola das doenças epidémicas. Os físicos da Escola de aquecimento acreditavam que ao tonificar o estômago e o baço preservava-se a energia vital e mantinha afastada a doença. Xue Ji publicou uma variedade de literaturas médicas incluindo Neike Zhaiyao (A Summary of Internal Medicine), Waike Shuyao (Essentials of External Medicine), Waike Fahui (The Development of External Medicine), Nuke Cuoyao (A Resume of Gynecology), Zhengti Leiyao (A Repertory of Traumatology), e Kouchi Leiyao (A Repertory of Stomatology).
A Escola das Doenças Epidémicas (wenbing)
Antes da Dinastia Ming as doenças febris (wenbing)ou doenças induzidas pelo frio (shanghan) eram os nomes gerais para as doenças febris agudas causadas por patogenes exógenos. Os termos incluíam doenças infecciosas e não infecciosos. Wang Lu foi o primeiro físico a definir claramente diferentes abordagens de Shanghan e Wenbing. Wenbing ficou o nome para apenas o caso de doenças infecciosas.As pestes eram os principais problemas no período Ming. Em 1614 matou uma grande parte da população chinesa. O físico Wu Youxing (1580-1660) fez uma importante descoberta na wenbing. Publicou o livro Wenyilun (On Pestilence), onde descreveu os sintomas específicos de vários tipos de doenças epidémicas e propôs a teoria do liqi que dizia que as pestes não eram causadas por patogenes exógenos (como o vento, frio, calor de verão e humidade), mas eram um resultado de infecções por influencias excessivas.
Avanços na cirurgia
O conceito de combinar o tratamento externo e interno era partilhado por vários físicos e cirurgiões. O desenvolvimento de métodos de analgesia, assepsia e homeostasia contribuíram para o melhoramento das técnicas cirúrgicas.
Liqi tinha as seguintes características:
Poderia ser curada por plantas;
A penetração no organismo ocorria pela boca e nariz;
A ocorrência da doença dependia da quantidade e virulência das influências excessivas, e resistência do organismo;
Cada peste estava relacionada com o seu Liqi.
Devastações por Doenças venéreas
Sífilis 2ª fase
Neste século houve um grande surto de doenças sexualmente transmissíveis, nomeadamente sífilis. Os físicos deste período fizeram um grande esforço para combater a sífilis, e os dois mais notáveis foram Wang Ji e Chen Socheng. Wang Ji (1463-1539) achava que a combinação da terapia interna e externa era necessária para tratar doenças venéreas e prescrevia a “decoção das 4 regras” (ginseng, raiz atractilodes, pão Indiano e raiz de alcaçuz) para sustentar a energia vital (Qi), enquanto aplicava uma pomada contendo madressilva para as lesões. Por vezes cauterizava as úlceras com alho. Para completar a recuperação dava mais decoção onde além dos ingredientes das “4 regras” tinha também raiz rehmannia, raiz de Paeoniaceae, angélica chinesa e rizoma de levístico. Este remédio ainda hoje é usado como tónico do Qi e do sangue. Chen Sicheng, que viveu cerca de 100 anos após o Wang Ji, dedicou a sua vida inteira ao tratamento da sífilis. Meichuang Milu (secret Writings on Putrid Ulcers) sugeria prescrever arsénio e mercúrio para tratar a sífilis.
Promoção da Acupunctura: A acupunctura e a moxibustão continuaram a ser usadas e estudadas durante a Dinastia Ming. Yang Jizhou (1522-1620) publicou o texto mais significante do período sobre a acupuntura, o Zhengiju Dacheng (the Great success of Acupunture and Moxibustion). O livro ganhou popularidade na comunidade médica e foi re-impresso nos séculos subsequentes.
Farmacopeias e Livros de Prescrições
Bencao Gangmu (Compendium of Materia Medica) Um dos escritores e médicos mais inovadores do período Ming foi Li Shizhen. Um dos 17 livros que publicou, o Bencao Gangmu é provavelmente o mais conhecido. Li Shzhen usou o trabalho de Tanh Shenwei, o Zhenglei Bencao (Classified Materia Medica) como referência. Reviu a classificação das drogas, expandiu a lista das drogas conhecidas, corrigiu erros e criou linhas orientadoras para a colheita, preparação e uso das drogas.
Classificação no Bencao Gangmu: 1. Água; 2.Fogo; 3. Terra; 4. Metal; 5. Pedra; 6. Plantas; 7. Cereais; 8.Vegetais; 9. Fruta; 10. Árvores; 11. Produtos derivados de ferramentas; 12. Animais com escamas (répteis e peixes); 13. Animais com concha; 14. Pássaros; 15. Quadrúpedes; 16. Produtos de origem humana. Estes produtos eram subdivididos. As plantas eram organizadas pelo seu habitat ou características especiais.
Li acreditava que a cabeça tinha uma importante influência sobre o corpo. Ele usava gelo para baixar a febre e desenvolveu técnicas de desinfecção. No final da carreira tinha reputação como farmacologista físico, botânico, zoologista e mineralogista.
Dinastia Qing (1644-1911 DC)
A Dinastia Ming, muito danificada devido aos Mongóis, acabou em 1644. para evitar um conflito interno Qing instaurou uma politica de oferecer terras para cultivo e redução das taxas. Os primeiros imperadores, especialmente Kangxi (1662-1722), Yongzheng (1723-1735) e Qianlong (1736-1796) não só resolveram o conflito entre os nómadas e os locais, como também utilizaram uma série de medidas para desenvolver a economia, cultura e transporte. Como resultado consolidaram a unificação nacional e fundaram a China moderna. A nação ainda era essencialmente agrícola e dominada por etnias feudais. Os seus relacionamentos com o estrangeiro eram de isolamento, conservadores e arrogantes. Ocorreram muitas revoltas e a Dinastia Qing terminou em 1911 por causa de uma revolução liderada por Dr. Sun Yat-sen.
Mais desenvolvimentos nas doenças febris
Wenrebing que derivou de Wenbing eram doenças associadas com o calor que ainda hoje é um dos agentes causais de doenças em MTC. Muitos físicos nas Dinastia Qing deram importância ao estudo de Wenbing. Os trabalhos mais importantes foram Wenre Fengyuan (the Source of Fevers) de Liu Baoyi (1842-1901) e Shibinglun (Seasonal Illnesses) por Lei Feng. Apesar de confrontados com a medicina do Ocidente, as tradições da Medicina Chinesa ainda se mantiveram neste período.
Nova Anatomia: A Anatomia chinesa continuava a basear-se essencialmente na informação fornecida no Huang Di Nei Jing (The Yellow Emperor’s Medicine Classic). Wang Qingren (1768-1831) publicou o Yilin Gaicuo (Errors Corrected from the Forest of Physicians) em 1830. neste livro excluiu algumas crenças antigas como a urina vir das fezes. A sua observação dos corpos abandonados nos cemitérios permitiram que descobrisse órgãos e as suas estruturas, nomeadamente a aorta abdominal, pâncreas e diafragma.
Uso do vírus da varíola para combater a varíola.
Varíola
No início do século 16, a China começou a adoptar medidas de prevenção para a varíola. O método consistia em extrair as crostas secas causadas pela doença, reduzi-las a um pó muito fino e depois dá-las ao paciente para inalá-las. Apesar de ser muito primitivo, foi o primeiro método de vacinação no mundo.
Suplemento ao Bencao Gangmu e Terapia Herbal
Zhao Xuemin (1719-1805) escreveu um suplemento ao Bencao Gangmu (Compendium of Materia Medica) chamado Bencao Gangmu Shiyi, publicado em 1765. Foram listadas um total de 921 drogas. O mais importante do seu trabalho foi a introdução de substâncias médicas que aprendeu nas suas viagens. Estas plantas eram plantas de acesso fácil, tornando o uso de drogas barato.
A Fitoterapia permaneceu como uma base de Medicina Chinesa durante o século 19. Foi o desejo de reviver esta medicina à base de plantas que inspirou fisicos como Wu Qijun (1789-1846) que publicou Zhiwu Mingshi Tukao (Illustrated Account of Flora ) e Fei Boxiong que publicou Yichun Shengui em 1836.
Boom de Publicações de Emciclopédias e Livros Médicos: Ansiosos por obter o apoio da classe escolar, os novos governadores encorajavam a vida intelectual. As enciclopédias tornaram-se muito populares em 1700. Um clássico da Medicina Chinesa que emergiu neste boom de publicações foi o Gujin Tushu Jicheng (Collection of Ancient and Modern Works), uma enciclopédia de 10 000 capítulos que providencia muito conhecimento da história da Medicina Chinesa. Outro trabalho famoso também publicado foi Yizong Jinjian (Golden Mirror of Medicine) escrito em 1742 por Wu Qian.
Integração da Medicina Tradicional Chinesa
Esta ocidentalização teve um impacto significativo na Medicina Tradicional Chinesa. Alguns praticantes recusavam-se a aceitar a medicina ocidental; outros viam a MTC como não cientifica e achavam que devia ser banida; e outros aprendiam com a Medicina Ocidental e integravam o seu conhecimento na prática tradicional. Um dos pioneiros na integração da medicina Ocidental e oriental foi Zhu Peiwen. O seu trabalho, Zangxiang Yuezuan (A combining Chinese and Western Anatomy Illustrated) ilustrava os órgãos de acordo com os dois conceitos.
Aparecimento da Medicina Ocidental
A Fraqueza interna da China tornou-a vulnerável às nações do Ocidente. Os missionários Cristãos e médicos associados com a igreja desempenharam um papel importante em estabelecer a influência estrangeira na China. Isto desencadeou um crescimento nas escolas de Medicina e muitos livros de medicina Ocidental foram traduzidos. O primeiro Chinês a estudar medicina fora foi Huang Kuan (1829-1878) que estudou em Edimburgo e disseminou o que aprendeu quando regressou à sua cidade natal.
China Moderna (1912) - Presente
A grande mudança na politica chinesa combinada com uma grande influência estrangeira, alteraram a perspectiva da medicina. Isto conduziu a um sistema que ainda hoje é praticado medicina chinesa e ocidental são praticadas lado a lado para o beneficio do paciente. A revolução de 1911 a Mao Zedong e ao Comunismo A Dinastia Qing finalmente colapsou em 1911. Foi formada uma república em 1912 e a capital mudou de Beijing para Nanjing. Contudo, o governo não conseguia consolidar o seu poder na China. Alguns senhores da Guerra reapareceram e colocaram regras em pequenas áreas do país. A influência estrangeira, como Inglesa, Francesa e Americana, permitiu que os conceitos do Ocidente entrassem lentamente no país.
O Governo Kuomingtang (KMT) que atingiu o poder em 1927 tinha um opositor politico o Partido Comunista Chinês. Em 1931, o Japão invadiu Manchuria e começou uma guerra que durou 8 anos. Estes 8 anos tiveram um efeito devastante para a China. Fez com que houvessem conflitos entre as duas parte politicas e ocorresse uma guerra civil. Mao Zedong liderou o Exército Libertação do Povo (PCR) contra os nacionalistas KMT. Inicialmente foi forçado a fica em Yanan, mas eventualmente teve sucesso em ganhar o controlo e entrar em todo o país. Em 1949, o PRC estava estabelecido com Mao Zedong como chefe. Nesta altura a China alcançou a unificação.
Os problemas de saúde na China e a Divergência da Medicina Chinesa
Hunan
Na Primeira metade do século 20, a saúde da população chinesa sofreu muito. Existiam muitas epidemias e doenças como a cólera, varíola, peste, difteria, malária e tuberculose causaram muitas mortes. Talvez tenha sido o resultado destas condições horríveis, combinadas com alterações politicas, que tenha sido dado mais ênfase à higiene pública e que os governadores tenham preferido a Medicina Ocidental á MTC. Foram estabelecidas mais regras na educação médica e houve um aumento nos centros de saúde com médicos ocidentais e Japoneses. A Medicina Chinesa ficou como um símbolo dos tempos antigos.
Nota: Nessa altura o exército de Mao Zedong e a população circundante (zona de yanan) tinham pouca comida, abrigos e comida e enfrentavam problemas de saúde adicionais devido à falta de higiene. Esta situação fez com que ele instruísse o seu exército, em 1942, a quebrarem com todas as “crenças samanticas e superstições”. A higiene apropriada e a sanitização permaneceram como as principais preocupações. Ele achava que os médicos de Medicina Chinesa eram entertainers de circo.
Wang Daxie que foi o Ministro da Educação, foi um dos primeiros oficiais a pedir a abolição da Medicina Chinesa. Apesar de não ter tido sucesso, os novos nacionalistas adoptaram perspectivas semelhantes acerca da Medicina Chinesa. Uma proposta intitulada “A case for the Abolishment of the Old Medicine to Thoroughly Eliminate Public Health Obstacles” escrita por Yu Ai e Wang Qizang , sugeria que os princípios importantes da MC, como as teorias do Yin e Yang , e a dos 5 elementos não eram baseadas em realidades, logo a Medicina Chinesa era Fraudulenta. Também proibia de alguém estabelecer um escola de Medicina Chinesa, de modo que a informação “não cientifica” pudesse ser controlada.
Apesar de todo o sentimento negativo acerca da MC durante este período, a sua prática foi impossível de erradicar. Em 1929, membros de 132 associações de MTC juntaram-se em Sanghai e formaram o National union of Associations for Chinese Medicine. Dessa data em diante foi declarado o nascimento da Medicina Chinesa a 17 de Março.
Tang Zonghai (1846-1897)
Foi considerado o pai da convergência, um nativo de Sichuan, teve o beneficio de estudar ambas as medicinas. No seu livro de 1892, Zhongxi Huitomg Yijing Jingjyi, ele juntou as convergências e forma um único sistema. Listou as vantagens e desvantagens de cada sistema e apoiou as mudanças da medicina Chinesa-Ocidental. Zhang Binglin não foi só um apoiante da escola convergente como também foi um politico activista. Conheceu Sun Yat Sen em 1899 no Japão e tornou-se um membro da Sun’s Alliance League. Nas suas escritas controversas ele apoiava a aceitação das teorias cientificas ocidentais.
Integração e Modernização da MTC
Apesar da força da policia governamental oficial, a MTC continuava a ser muito aceite entre o povo, especialmente no campo onde a maioria da população chinesa vivia. Com o crescimento da Medicina Ocidental na China, muitos físicos de MTC viram o beneficio de utilizar esse conhecimento na prática da MTC. Como resultado, emergiu uma nova escola de pensamento, referida como Zhongxi huitong pai ou “School of Sino-Western Convergence and Intercourse”. Duas figuras importantes que seguiram este tipo de pensamento foram: Tang Zonghai e Zhang Binglin.
Mao Zedong e a Medicina Chinesa
Mao Zedong
Quando o Mao Zedong, conduziu Kuomingtang para fora da China em 1949, a medicina anti-Chinesa continuou até o Kuomingtang chegou até ao que se chama hoje Taiwan. Em 1942, Mao ordenou ao governo que abolisse todas as superstições e crenças satânicas da região Yanan e para criar vilas de saúde pública. Contudo, nos anos entre 1953 e 1959, muito antes da de se ter iniciado a Revolução Cultural, Mao inverteu a sua ideia anti-Medicina Chinesa. A Medicina Chinesa foi usada como um símbolo da China e considerada como um tesouro nacional pelo Governo.
Nota: Historicamente, estes são os anos onde o líder tinha mais vontade de ganhar poder e influência no mundo comunista. Mao criou uma forma de comunismo que o colocou e à China no topo entre os países comunistas, e ao mesmo tempo diminuiu a dependência da China nos Soviéticos. A medicina Chinesa promoveu a sua forma de comunismo. Como resultado houve um renascer da Medicina Chinesa durante este período.
Em 1954, foi estabelecido um Departamento de Medicina Chinesa no Ministério da Saúde Pública (Medicina Oriental). Graças ao Mao foram criados instituições como o Colégio de Shanghai de MTC, Colégio de Beijing de MTC, Colégio de Chengdu de MTC, Colégio de Guangzhou de MTC e Colégio de Nanjing de MTC. Como exemplo o Mao tomava um remédio da MTC chamado “yin qiao san” e permitiu que dois praticantes muito famosos de MTC, Li Shizhi e Peng Luxiang estivessem presentes quando se sentiu doente durante a conferência “Great Leap Forward”, em 1957.
Politica do Mao sobre a integração da Medicina Ocidental e Oriental
Em 1958, no inicio da campanha “Mao’s Great Leap Forward” a Medicina Chinesa sofreu novemnete alterações. Mao revelou a sua visão de Zhong xi yi jiehe, que quer dizer “Integração da Medicina Ocidental e Oriental”. A sua ideia era inseriri algum do rigor da ciencia moderna no desenvolvimento futuro da Medicina Chinesa. Isto conduziu á pesquisa de 2000 físicos chineses muito treinados na Medicina Ocidental, para receberem seminários especiais dedicados ao estudo da Medicina Chinesa, durante um período de 2 anos. Apenas 200 se formaram neste programa. Muitos destes médicos tornaram-se administradores de topo em 1980 a 1990, quando a China voltou a abrir as portas para o Ocidente e Oriente, após a Revolução Cultural. A politica de integração de Mao conduziu à prática de MTC nos departamentos dos hospitais e a educação de MTC foi reestruturada para introduzir algumas instruções da Medicina Ocidental. Muitos doentes recorriam à MTC quando as terapias Ocidentais falhavam.
A Revolução Cultural
A Revolução Cultural (1966-1976) foi usada pelo Mao Zedong para tentar voltar a ganhar poder e influência na área politica e ele jogou nas sensibilidades do povo para o conseguir alcançar. Como resultado, a cultura tradicional, pensamentos e perspectivas foram esmagadas. Os académicos, professores, doutores e aqueles que tiveram uma boa educação tornaram-se alvos de campanhas, enquanto que os agricultores, trabalhadores e pessoas sem instrução ganharam poder e influência nestes anos. Entre os anos 1966 e 1971 não foi permitido que entrassem novos estudantes nas instituições académicas. As escolas foram fechadas e centenas de estudantes foram enviados para o campo para serem reeducados de acordo com os princípios do Mao. Outros tornaram-se “Guardas Vermelhos” e viajavam pelas cidades e vilas para “esmagar” qualquer pessoa que estivesse associada com a tradição. Forma demolidos artefactos, templos e igrejas; a literatura foi queimada; os professores ridicularizados, e os formados foram obrigados a pedir desculpas por escrito e enviados para campos de educação.
Nota: A palavra chave nesta revolução foi “reforma” e o Mao tinha visões especificas em como essa reforma seria aplicada na saúde. Num discurso aos profissionais de saúde em 26 de Junho de 1965, ele expressou a necessidade de mudar a educação médica: “è completamente desnecessário perder tanto tempo em estudo. Quantos anos de educação formal teve Hua Tuo? E o Li Shizhen?. Não há necessidade de restringir a educação médica às pessoas com um diploma escolar elevado; a escolaridade média e elementar com estudos de 3 anos é suficiente. Se este tipo de médico for enviado para o campo, fará um melhor trabalho do que um Shaman”.
Médicos Pés descalços
Consequentemente, o currículo médico antigo foi apagado e a maioria dos praticantes médicos foram mortos, ou enviados para escolas de reeducação. As portas de aprendizagem estavam agora abertas aos trabalhadores e outras pessoas das classes não privilegiadas. A admissão tinha por base o conhecimento familiar e o estatuto politico e os livros estavam cheios de cotas dos trabalhos colectados por Mao. Os que passaram por este sistema recebiam um treino mínimo em Medicina Chinesa e Ocidental.
Este movimento permitiu a existência de “Médicos pés descalços” que tinham muito poucos conhecimentos médicos. Os praticantes de Medicina Chinesa sofreram muito com este movimento, um líder em Medicina Chinesa, Ren Yingqiu, foi banido para a Provincia Qing Hai (uma área ligada à Sibéria) e só pode levar um livro. Este livro foi a Farmacopeia Li Shizen’s (Bencao Gangmu). A classe de 1963 foi a última classe a completar o currículo de MTC completo. No final da Revolução Cultural ter oficialmente terminado em 1976, com a morte de Mao, os académicos, artistas, profissionais e físicos de MTC e Ocidentais começaram lentamente a reemergir na sociedade.
Médicos Pés descalços: A sua importância não pode ser sub-estimada uma vez que conseguiram atender às necessidades de uma nação onde 90% da população vivia no campo. Em 1984 existiam cerca de 1,28 milhões destes praticantes na China.
Investigação e desenvolvimento da China Moderna
Planta Dichroa
Apesar dos problemas que a Medicina Chinesa sofreu no século 20, foram conduzidas investigações não só na medicina Ocidental, como também nas plantas da Medicina Chinesa e foram feitos muitos avanços tecnológicos. Em 1920, a investigação farmacêutica na China ficou mais sistemática. Isto foi devido à influência dos licenciados das Universidade da Europa, América e Japão. Durante os anos de 1930 e 1940 o Instituto de investigação de Beijing e o Laboratório Central de Higiene investigaram a qualidade terapêutica de algumas plantas, como Rizoma de levístico, semente da banana-da-terra, tubérculo de pinellia, raiz de rehmannia, raiz de tangshen e em particular a planta anti-febril dichroa, que foi usada tradicionalmente no combate da malária. As investigações químicas, clínicas, farmacológicas e parasitológicas, validaram o uso desta planta como agente anti-malárico. Naturalmente estas investigações, conduziram a publicações, das quais a mais importante foi Zhongguo Yaoxue Dacidian (Chinese Pharmaceutical Encyclopedia)
Nota: Após ter sido fundada People’s Republic of China, a preservação das plantas tradicionais Chinesas tornou-se uma prioridade. Estima-se que estão a crescer na China 4000-5000 plantas medicinais, das quais 1000 são geralmente usadas. Foram tomadas medidas para investigar as condições óptimas de crescimento e para estimular a produção. Algumas plantas crescem sistematicamente em plantações, como oposto da colheita, com muitas empresas s seguir as boas práticas agrícolas (GAP). A medicina chinesa não está só disponível nas decoções tradicionais, mas também em comprimidos, cápsulas, granulados, cremes, loções, suspensões, etc...
A Medicina Chinesa de Hoje
Nos nossos dias, a Medicina na China focasse muito na integração, procurando uma fusão entre o Ocidente e o Oriente. O desafio é extrair o melhor de ambos os sistemas e maximizar os benefícios para os doentes. As estatísticas mostraram que a prática de ambas as medicinas cresceu rapidamente. Também surgiu um sistema three-tiered – uma mistura de MTC, Medicina Ocidental e integrada – que oferece aos pacientes melhores escolhas para o tratamento do que cada sistema isoladamente.
Um dos resultados mais notáveis da combinação da medicina ocidental com a Oriental incluem a resolução de fracturas com ramos móveis do salgueiro após a determinação da natureza da fractura através de um raio-x; o uso de acupunctura anestésica durante a cirurgia; a realização de Taijiquan (mais conhecido como Tai-chi) para aumentar a imunidade corporal e ajudar a prevenir algumas doenças crónicas.
Original em http://www.medicinachinesapt.com/historia.html