A afirmação é do
médico, escritor, congressista e membro da Associação Médica Espírita
Brasileira (AME-Brasil), Carlos Durgante, que fala sobre a influência da
espiritualidade na condição física das pessoas. Autor de sete livros sobre
espiritualidade, ciência e saúde, ele afirma que nossas células assumem as
emoções que transmitimos a elas, condicionando o estado de saúde ou de doença
aos órgão a que estão vinculadas.
Por Angela Piana
Revista
Servioeste: A
ciência já consegue explicar que o desequilíbrio dos nossos padrões
emocionais é o principal causador das doenças que conhecemos?
Dr. Carlos
Durgante: Sim
e há muito tempo. Em 1939, a American Psychosomatic Society inaugurou a era
da Medicina Psicossomática que é uma ciência que integra diversas
especialidades da medicina e psicologia para estudar os efeitos de fatores
sociais e psicológicos sobre o corpo. Aos poucos, a psique humana (a
contraparte da dimensão física) começou a ocupar um espaço decisivo no
entendimento do binômio saúde-doença, passando a ver o ser humano de uma
forma mais integral. Pesquisas da psicofarmacologista norte-americana,
Candace Pert, no final da década de 1990 e do médico norte-americano, Bruce
Lipton, reforçam a tese de que os pensamentos gerados pelos sentimentos são
forças que podem adoecer o corpo e agravar doenças, e que existe uma biologia
dos sentimentos que se processa pela ação de moléculas que circulam pelo
corpo humano, as chamadas moléculas da emoção.
Podemos afirmar que a
doença é causada não apenas por germes, substâncias químicas e traumas
físicos, mas também por disfunções crônicas dos padrões de energia emocional
e pelos maus hábitos de relacionamento da pessoa consigo mesma e com os
outros. Sabemos que as nossas células estão constantemente sendo bombardeadas
por sentimentos e emoções que nutrimos, assim, conforme a suscetibilidade de
cada pessoa, elas geram os estados de saúde ou de doença. Os estados
emocionais felizes ou infelizes da nossa alma são transferidos à estrutura
mental das células no interior dos órgãos vinculados.
RS: Como acontece biologicamente a
transmissão das informações da mente para o nosso corpo?
CD: No entendimento da medicina
vibracional, a mente e o corpo estão interconectados por um eixo chamado de
HHA (Hipotálamo-Hipófise-Adrenal). Em 1981, o cientista norte-americano,
Robert Ader, criou o termo Psiconeuroimunologia para definir a área da ciência
que estuda as associações entre os processos comportamental neural, endócrino
e o sistema imune. O eixo destes processos exerce ações diversas sobre as
células e os sistemas do corpo humano por comando mental. Essa interação
desempenha um papel em muitas doenças como as infecções, doenças
neurológicas, reumatológicas, autoimunes, cardíacas e desordens
psiquiátricas, além de vários tipos de câncer.
RS: Essa transmissão de
informações entre a mente e as nossas células possibilita modificar as
pré-disposições do DNA que herdamos?
CD: Sim. Em 1990 foi dado início a um
dos maiores projetos de pesquisa da história, denominado de Projeto Genoma
Humano, que tinha por objetivo desvendar o código genético humano. Pelo menos
em tese, os cientistas acreditavam que definiriam e teriam em mãos todo o
conhecimento das doenças contidas nesse código. Ledo engano, pois os
resultados evidenciaram que o ser humano detém aproximadamente 24 mil genes.
Além do mais, somente 2% decodificam proteínas e 5 a 10 % são ativos. A frustração
no meio acadêmico foi muito grande, pois os genes por si só não influenciam
tanto assim a gênese das enfermidades humanas.
Novas pesquisas seguiram
um outro rumo e chegou-se ao estudo da Epigenética que significa que há uma
dinâmica que determina a expressão dos genes, ou seja, os fatores envolvidos
na ativação dos genes, vão além deles próprios, incluindo o poder da mente
(sentimentos e emoções).
Os estados mentais dos
indivíduos, além do clima, da cultura, da alimentação, dos costumes, da
espiritualidade, influenciam enormemente a expressão dos genes de nosso DNA,
ativando ou desativando suas funções, em um mecanismo de liga-desliga.
Indiscutivelmente, trazemos predisposições em nosso código genético para essa
ou aquela doença. Elas se manifestarão, ou não, no corpo físico muito mais
devido ao padrão dos sentimentos e emoções que qualquer outro fator.
RS: As universidades têm papel
importante na quebra dos tabus sobre as discussões sobre espiritualidade e
ciência?
CD: Têm uma imensa responsabilidade.
Cada vez mais vemos as universidades incluindo disciplinas que tratam sobre a
espiritualidade na saúde. Há um grande número de estudos que vêm sendo
publicados em revistas médicas ao longo das quatro últimas décadas, o que só
reforça essa tendência. O cientista que coordenou o Genoma Humano, Francis
Collins, muitos anos depois dos resultados do projeto, afirmou que uma das
necessidades mais fortes da humanidade é encontrar respostas para as questões
mais profundas e temos de apanhar todo o poder de ambas as perspectivas, a
científica e a religiosa para buscar a compreensão tanto do que vemos, como
do que não vemos.
RS: Há outras práticas além das
religiosas que são fundamentais para o equilíbrio humano?
CD: Sim! As relações positivas com
os outros, em uma escala de bem-estar psicológico, que significa manter
relacionamentos acolhedores, seguros, íntimos e satisfatórios. O mais robusto
estudo já realizado sobre a saúde do adulto, o Harvard Study of Adult
Development, revelou em 2017, que o fator que mais influencia no nível de
saúde das pessoas não é a riqueza, genética, rotina, nem a alimentação, e sim
os amigos. Além da socialização, outras práticas integrativas como
homeopatia, fitoterapia, reiki, terapia floral, acupuntura e yoga, contribuem
fundamentalmente para a equilíbrio humano.
RS: Quais as doenças mais
comuns da alma?
CD: São muitas as enfermidades da alma,
tanto físicas quanto mentais, pois elas se originam dos sentimentos negativos
que nutrimos como o egoísmo, o orgulho, o materialismo, a intolerância, o
tédio, a falta de perdão e de empatia, o negativismo, o pessimismo, a
hostilidade, o rancor, entre outros. Esses sentimentos frequentemente dão
origem aos transtornos de ansiedade, ao transtorno depressivo maior, às
psicopatias, bem como às dependências químicas e, mais recentemente, às
digitais.
Apesar dos
extraordinários avanços médico-científicos, a medicina contemporânea vem se
deparando cada vez mais com situações em que os pacientes tratados com os
mais diversos medicamentos permanecem refratários a eles, continuando assim
sem aliviar os sintomas. Frequentemente, a causa primordial da enfermidade
corporal, que é o sofrimento psíquico, que é o reflexo da alma doente, segue
sendo relegada a uma importância secundária.
RS: É possível recuperar os danos
causados pelas doenças da alma? Por exemplo, a depressão?
CD: Sem dúvida. Devemos buscar em nosso
mundo íntimo onde se encontram esses mananciais de auto-cura, de alívio e de
conforto espiritual. Precisamos melhorar nossos padrões vibratórios
emocionais através de práticas integrativas e complementares. Essas práticas
ativam regiões ou áreas no cérebro que estão relacionadas ao prazer e à
satisfação, liberando cargas maiores de dopamina, inicialmente no próprio
cérebro e, na sequência, no corpo todo, resultando em uma contagiante
sensação de bem-estar, de paz e de serenidade. Estudos têm evidenciado que
pessoas mais altruístas e voluntárias têm mais satisfação na vida, menos
distúrbios mentais e menor mortalidade em geral.
O médico e pesquisador
norte-americano, Harold Koenig, evidenciou que emoções positivas podem
reduzir o estresse psicológico, servirem como um tampão para a depressão e
acelerarem a recuperação de distúrbios emocionais.
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário