A humanidade se tornou uma usuária tão sedenta das águas
subterrâneas do planeta que essa exploração pode ser responsável por
um quarto do aumento anual do nível dos oceanos. O dado vem de um
artigo aceito para publicação na revista científica "Geophysical
Research Letters".
Volume de água em países árabes deve cair até 30% nos próximos 40 anos
ONU critica acesso desigual à água que prejudica pobres e refugiados
Nele, uma equipe liderada por Marc Bierkens, da Universidade de
Utrecht (Holanda), traça um mapa não muito animador do estado das
reservas subterrâneas mundo afora.
Usando estatísticas e simulações de computador sobre a entrada e
saída de água dos lençóis freáticos, Bierkens e companhia estimam
que a exploração de água doce subterrânea mais do que dobrou dos
anos 1960 para cá, passando de 126 km3 para 283 km3 por ano, em
média.
A questão, lembram os pesquisadores, é que ainda não dá para saber o
preço exato da brincadeira, porque ninguém tem dados precisos sobre
a quantidade de água subterrânea no mundo. Mas, a esse ritmo, se
tais reservas fossem equivalentes aos célebres Grandes Lagos dos EUA
e Canadá, essa fonte de água seria esgotada em 80 anos.
De qualquer maneira, a preocupação se justifica porque, de acordo
com estimativas, 30% da água doce da Terra está no subsolo.
Com exceção das calotas polares (as quais ninguém em sã consciência
gostaria de derreter, já que os efeitos sobre os mares e o clima
seriam imensos), trata-se da principal fonte de água potável do
mundo. Rios e lagos na superfície são só 1% do total.
BEBERRÕES
Algumas regiões são especialmente beberronas, mostra a pesquisa. Não
por acaso, são centros de grande produção agrícola em áreas
naturalmente já não muito chuvosas: noroeste da Índia, nordeste da
China e do Paquistão, Califórnia e meio-oeste americano.
A
exploração desenfreada afeta principalmente, como seria de esperar,
os agricultores mais pobres.
Segundo Bierkens, a água que sobrar "vai acabar ficando num nível
tão baixo que um fazendeiro comum, com sua tecnologia normal, não
vai mais conseguir alcançá-la".
Ao trazer para a superfície quantidades portentosas do líquido, a
exploração sem muito controle aumenta a evaporação e,
consequentemente, a precipitação em forma de chuva, o que acaba
favorecendo o aumento do nível dos mares ligado ao uso dos aquíferos
do subsolo.
Embora a pesquisa não aborde diretamente a situação brasileira, o
país tem razões de sobra para se preocupar com a situação dos
aquíferos subterrâneos.
O interior brasileiro abriga, por exemplo, a maior fração do
aquífero Guarani, gigantesca reserva com 1,2 milhão de km2.
Hoje, 75% dos municípios do interior paulista precisam usar as águas
do aquífero para seu abastecimento. No caso de Ribeirão Preto, uma
das principais cidades do Estado, essa dependência é total.
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/ambiente
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